ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 31º

Sabor

Espetinho nasceu em meio às dificuldades de uma história de amor à distância

Naiane Mesquita | 18/01/2016 06:12
Espetinho de carne é o carro-chefe do negócio da família. (Foto: Gerson Walber)
Espetinho de carne é o carro-chefe do negócio da família. (Foto: Gerson Walber)

O espaço é pequeno, mas acolhedor. No Espetinho da Lú, uma residência foi adaptada para receber os clientes que chegam todos os dias, sem falta. Apesar de "ser uma garagem", a casa é organizada, com churrasqueiras no fundo, uma cozinha na frente e até um lago artificial, com peixinhos nadando.

Vinagrete não pode faltar, mas no buffet tem até macarronada. (Foto: Gerson Walber)
Vinagrete não pode faltar, mas no buffet tem até macarronada. (Foto: Gerson Walber)

O cuidado com o ambiente é reflexo do esforço dos proprietários Gerailton Isaias de Araújo, 35 anos e a esposa Lucinete Pereira da Silva, 34 anos. Juntos, eles construíram o pequeno império de churrasquinhos da região, que começou na esquina da rua Gumercindo Pereira, no bairro Maria Aparecida Pedrossian, há 8 anos.

Na época, o paraibano trabalhava em uma churrascaria da cidade, mas recebia pouco para sustentar a família, formada pela mulher e a filha recém-nascida. "Eu cheguei na cidade há 14 anos, sofri muito, passei necessidade e sempre fui trabalhando. Um dia eu tinha pagado as contas e só sobrou R$ 20,00 para o leite da minha filha. Mas, aquilo não dava para nada, então eu resolvi investir esse dinheiro e aumentar a renda que nós tínhamos", relembra.

Gerailton Isaias nasceu na Paraíba, trabalhou em São Paulo, mas só encontrou a felicidade em Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)
Gerailton Isaias nasceu na Paraíba, trabalhou em São Paulo, mas só encontrou a felicidade em Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)

Como trabalhava à noite, Gerailton encarregou a esposa de dividir o montante e comprar carne e carvão. A churrasqueira de casa foi para a esquina e lá eles começaram a vender espetinho.

"Na primeira noite conseguimos R$ 35,00. Não tinha mesa, não tinha cadeira, não tinha nada, era só a churrasqueira. Disso, eu tirei R$ 5,00 para a gente e investi mais R$ 30,00. Na segunda noite, conseguimos R$ 60,00. E assim foi", conta, emocionado.

Hoje, o espetinho tem sete funcionários, uma cozinheira que faz os acompanhamentos, enquanto Isaias cuida do churrasco e Lu do caixa. "Minha filha vai completar 11 anos e estamos tentando sempre crescer. Atendemos todos os dias a noite e sábado, domingos e feriados no almoço. Não tem dia de descanso", ri.

O espetinho custa R$ 13,00 com acompanhamento de arroz, feijão, vinagrete e farofa. "No almoço nós aumentamos a variedade do acompanhamento, é um buffet mais completo", frisa. Além do churrasco, Isaias incluiu outras iguarias no cardápio, como a costelinha de pacu por R$ 35,00, a isca de tilápia, yakisoba, sobá e pastel, e carne na chapa, por R$ 26,00, servindo duas pessoas.

Para os almoços ainda tem costela na brasa, cupim recheado com bacon, cenoura, alho e calabresa, além de alcatra com alho e frango com bacon. "Além de tudo que vendemos à noite também", indica.

Segundo o proprietário, o segredo do espaço não é só o cardápio. "Não adianta você ter uma boa comida e o atendimento não ser bom. Essa é a nossa prioridade", diz. De fato, quem frequenta ali, chama os proprietários pelo nome. "Ainda oferecemos a possibilidade de marmita, a pessoa pode levar a carne", indica.

O nome do espetinho é em homenagem a mulher de Isaias, Lu, que batalhou para construir o lugar. (Foto: Gerson Walber)
O nome do espetinho é em homenagem a mulher de Isaias, Lu, que batalhou para construir o lugar. (Foto: Gerson Walber)

História de amor: Por trás de toda a força de vontade para montar o Espetinho da Lu, o casal tem uma história de amor novelistíca. Em uma época em que WhatsApp não existia, os dois mantiveram um namoro a distância por cinco anos. Nesse período, a comunicação era feita por orelhão, com hora marcada para não errar, e cartas, longas correspondências trocadas todos os meses.

Isaias é de Campina Grande, na Paraíba, mas morou aos 20 anos de idade, em São Paulo, capital, tentando a vida na cidade grande. Um dia, resolveu enviar uma foto para a mãe, que ainda morava no Nordeste. Foi ali que Lucinete viu o futuro marido pela primeira vez.

"Ela viu uma foto, gostou e começou a falar comigo. Mas, como naquela época era muito difícil, só dava por orelhão. Tinha que marcar o horário, cada um no seu orelhão. Não podia ser outro", brinca.

Amiga da família, ela começou a trocar correspondências com Isaias, à distância e sem nunca mandar uma foto para o pretendente. Com dois anos de namorico, os dois resolveram se conhecer. "Ela veio morar com a minha tia e chegou a hora de conhecer a fera. Só deu certo depois de uns oito dias", ri.

Depois, Isaias voltou para São Paulo e o namoro seguiu por cinco anos, sempre à distância. "Nesses anos só nos vimos três vezes, apenas 15 dias cada. Então as coisas começaram a se complicar em São Paulo e ela perguntando se eu não queria vir para Campo Grande e eu sempre dizia que não. Mas, resolvi vim passar um final de semana aqui, coloquei só uma muda de roupa, porque voltava na segunda-feira para trabalhar. Faz 14 anos isso, nunca mais voltei", confessa.

O Espetinho da Lú fica na rua Gumercindo Pereira, 180, no bairro Maria Aparecida Pedrossian. Informações pelo telefone (67) 3201-9108 e (67) 9287-9596.

Curta o Lado B no Facebook.

O espaço foi construído na garagem em frente da casa. (Foto: Gerson Walber)
O espaço foi construído na garagem em frente da casa. (Foto: Gerson Walber)
Nos siga no Google Notícias