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Lado Rural

Colheita de soja leva a recorde os preços dos fretes para todas as regiões

Em MS, os preços observados nas diversas rotas acompanhadas mantiveram-se predominantemente em alta

José Roberto dos Santos | 23/02/2022 09:02
Colheita da soja em propriedade rural brasileira; demanda mundial pela oleaginosa cresce e puxa preços dos fretes. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Colheita da soja em propriedade rural brasileira; demanda mundial pela oleaginosa cresce e puxa preços dos fretes. (Foto: Arquivo/Embrapa)

O escoamento da soja brasileira, que normalmente toma conta dos serviços de frete nos períodos de colheita, desta vez eleva os preços do transporte a níveis recordes. As cotações para a movimentação de grãos em Mato Grosso, maior estado produtor da oleaginosa, alcançaram os valores mais altos na série histórica em janeiro, e devem atingir patamares ainda maiores neste mês de fevereiro. Em Mato Grosso do Sul, os preços mantiveram-se em elevação. As informações são do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Com o registro de 2,45 milhões de toneladas em exportações apenas em janeiro deste ano, a soja alcançou valor recorde também de receita, chegando a US$ 1,24 bilhão no último mês. “As informações do mercado indicam uma demanda mundial crescente pela oleaginosa, em virtude da retomada da produção e do consumo de proteína animal no mundo, o que indica redução da relação estoque/consumo de soja em grãos em 2022”, afirma o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “E as exportações brasileiras em janeiro de 2022 foram históricas tanto em receita quanto em embarques para este período do ano”.

De acordo com a pesquisa mensal realizada pela Conab para monitorar as rotas mais relevantes de corredores logísticos com origem nos estados produtores, o preço de frete praticado em Mato Grosso aumentou 41% nos percursos de Querência/MT para Araguari/MG e Colinas/TO em relação a janeiro do ano passado, chegando ao valor de R$ 270 por tonelada. Entre os trajetos realizados, o mais caro é de Campo Novo/MT para o porto de Santos/SP, cotado em R$ 430/t (aumento mensal de 10% e de 33% em relação a jan/21).

Em Goiás, que passou a ser o segundo maior produtor de soja nesta safra, após a quebra registrada nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, a antecipação ainda em janeiro da colheita da soja nos principais municípios fez aumentar a demanda por caminhões, marcando o reinício das atividades com forte movimentação dos grãos. A rota mais cara no período de janeiro foi a de Rio Verde/GO para Imbituba/SC, cotada em R$ 250,50, aumento de 6% em relação a dez/21. Em termos percentuais, a elevação maior foi no trecho de Bom Jesus de Goiás para São Simão/GO, que passou de R$ 67,50 para R$ 92, um incremento de 36% no total.

O Boletim Logístico da Conab aponta ainda os dados coletados sobre os valores de frete nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Distrito Federal, além dos quantitativos comercializados nos principais portos exportadores. Nesta edição, o estudo traz também informações sobre as importações brasileiras de adubos e fertilizantes, que no mês de janeiro foram bastante influenciadas pelas tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia.

Valores de fretes atualmente praticados em Mato Grosso do Sul. (Fonte: Conab)
Valores de fretes atualmente praticados em Mato Grosso do Sul. (Fonte: Conab)

Fretes em MS só sobem – Em Mato Grosso do Sul, os preços observados nas diversas rotas acompanhadas mantiveram-se predominantemente em elevação. Segundo relatos dos agentes transportadores, as movimentações de milho e farelo de soja, em rotas domésticas com destino aos portos do Rio Grande do Sul e Paraná tiveram incrementos acentuados em relação ao último trimestre de 2021, quase dobrando o volume transportado, basicamente devido às exportações de soja e milho em janeiro de 2022, comparativamente maiores em relação ao mesmo período de 2021.

Os dados do sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro mostram que, Mato Grosso do Sul, em janeiro/21, exportou 350.894 toneladas de soja e milho ao passo que em janeiro/2022 foram exportadas 443.088 toneladas desses produtos.

A valorização das commodities agrícolas durante o ano de 2021 e a demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto externo propiciaram uma margem negocial confortável a alguns vendedores mais capitalizados, que optaram por aguardar melhores condições para a negociação e entrega dos grãos da safra passada, ainda retida nos armazéns.

A partir desses dados foi possível inferir que o mercado se comportou mantendo um fluxo de escoamento de mercadorias, cadenciado e condicionado às melhores oportunidades nos últimos meses de 2021 e início de 2022.

Portanto, além de fatores como a necessidade da abertura de espaço nos armazéns, através do escoamento do milho para recepção da nova safra de soja, o aumento do custo do transporte em função do aumento dos combustíveis ao longo de 2021, e o início da colheita em Mato Grosso, o próprio comportamento do mercado negocial também contribuiu para a sustentação dos preços no mercado de fretes agrícolas, por afetar a demanda por veículos neste período, sustentando os patamares atuais de preços em praticamente todas as rotas acompanhadas.

Escoamento – “Considerando que cada caminhão tem capacidade de levar 37 toneladas, a previsão é que pelo menos 297 mil veículos circulem pelo Estado neste período de colheita e escoamento da safra”, avalia o secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

Levantamento da Semagro aponta que a maioria da safra de soja será escoada pelas rodovias: 53% deste volume deverá seguir para o porto de Paranaguá, 45% para o Porto de Santos e apenas 2% pela hidrovia. “O volume que será transportado pela hidrovia ainda deve ser baixo diante do calado reduzido. O nível do rio melhorou bem, mas ainda está, historicamente abaixo do normal”, acrescenta Verruck.

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