Morte de tatu-canastra na BR-262 acende alerta sobre atropelamentos em MS
Maior do mundo, a espécie é rara e tem reprodução lenta; pesquisadores pedem medidas em trecho crítico
Um tatu-canastra (Priodontes maximus) foi encontrado morto às margens da BR-262, entre Três Lagoas e Água Clara, em Mato Grosso do Sul. O registro foi feito por pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) nesta terça-feira (14) e reacendeu o alerta sobre os atropelamentos de fauna silvestre no Estado, além do risco de extinção da espécie, considerada “Vulnerável” pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
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A morte de um tatu-canastra por atropelamento na BR-262, entre Três Lagoas e Água Clara (MS), reacende preocupações sobre a conservação da espécie, considerada vulnerável à extinção. O animal, maior tatu do mundo, possui ciclo reprodutivo lento, com fêmeas levando até nove anos para atingir maturidade. A rodovia é um dos trechos mais críticos do país para atropelamentos de fauna silvestre. O ICAS monitora a via desde 2013 e registra aumento nas colisões, agravadas pelo intenso tráfego da rota da celulose. O trecho leste, entre Campo Grande e Três Lagoas, carece de medidas protetivas efetivas.
O tatu-canastra é o maior tatu do mundo e uma das espécies mais difíceis de serem observadas na natureza. De hábitos noturnos e baixa densidade populacional, tem ciclo reprodutivo extremamente lento; uma fêmea, por exemplo, leva de sete a nove anos para atingir a maturidade e gera apenas um filhote a cada três ou quatro anos.
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Por isso, segundo o presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, a perda de um único animal representa um impacto grave na biodiversidade do Cerrado.
“Cada atropelamento pode significar um dano irreversível em áreas onde o tatu já é raro”, explica.
A BR-262 é um dos trechos mais críticos do país em relação a atropelamentos de fauna. Desde 2013, o ICAS monitora a rodovia e registra aumento nas colisões, agravadas pelo tráfego intenso ligado à rota da celulose.
Atropelamentos – “Em uma única viagem, registramos 11 antas mortas. O aumento do tráfego pesado intensificou muito o número de colisões com animais, o que também representa um risco grave para motoristas, já que choques com grandes mamíferos podem ser fatais”, relata Desbiez.
Embora exista um plano de mitigação em andamento, as ações se concentram no trecho Campo Grande–Corumbá. O segmento leste, que liga a Capital a Três Lagoas, segue sem medidas efetivas de proteção, como cercas direcionadoras e passagens de fauna.
Ciência - Durante o registro, a equipe do ICAS coletou amostras biológicas do tatu para análise genética. A pesquisadora Carla Gestich, especialista em genética da conservação, explica que esses materiais ajudam a compreender a variabilidade genética da espécie.
“Mesmo em situações tristes, cada amostra representa um avanço para a ciência. A maioria dos dados que temos sobre o tatu-canastra vem de indivíduos encontrados mortos nas rodovias”, comenta.
Rodovias - O ICAS integra o Observatório Rodovias Seguras para Todos, que reúne seis instituições (ICAS, INCAB/IPÊ, Instituto Homem Pantaneiro, Instituto Libio, Onçafari e SOS Pantanal) em busca de soluções técnicas e políticas para reduzir os atropelamentos de animais e melhorar a segurança nas rodovias brasileiras.
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