Tecnologia de Aquidauana aposta em reflorestamento mais barato
Projetos da UEMS mostram que silvicultura e pecuária podem caminhar com preservação ambiental

Mato Grosso do Sul investe em tecnologia e ciência para se consolidar como referência nacional na agenda verde. Alinhado ao programa Carbono Neutro 2030, o Estado aposta em projetos que unem produção sustentável, recuperação de áreas degradadas e redução das emissões de gases de efeito estufa.
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Na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Aquidauana, pesquisas aproximam inovação e preservação. Uma das iniciativas é o PackSeed, tecnologia desenvolvida em parceria com a startup EcoSeed, que busca baratear a dispersão de sementes em áreas degradadas. O projeto é conduzido pelos engenheiros florestais Allan Motta Couto, professor da UEMS, e Adriana Soares Luzardo Couto, docente do CEPA (Centro Educacional Profissional de Aquidauana).
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Segundo Allan Couto, o protótipo já foi validado em laboratório e deve passar por testes em campo até o fim do ano. “O objetivo não é apenas o sequestro de carbono, mas ele acontece como consequência natural do processo de recuperação do solo”, explica. Adriana Luzardo reforça que a ideia é tornar a tecnologia acessível para produtores que queiram reflorestar ou restaurar áreas degradadas.
Outro estudo da universidade, em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal, avalia o uso do louro-preto (Cordia glabrata) na arborização de pastagens. A meta é melhorar o bem-estar animal e o desempenho pecuário em sistemas que conciliam árvores e pasto.
A integração também guia o projeto de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), que mede o potencial produtivo e a captura de carbono em áreas com eucalipto associado à pecuária. De acordo com Couto, um hectare de ILPF pode imobilizar até 18 toneladas de CO₂ ao ano, o que equivale às emissões de nove carros.
Pesquisas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), financiadas pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia), reforçam esse caminho. O estudo coordenado pela engenheira agrônoma Larissa Pereira Ribeiro Teodoro mostrou que florestas de eucalipto emitem menos dióxido de carbono pelo solo que pastagens, além de armazenarem mais carbono.
“Os resultados indicam que a silvicultura pode reduzir emissões e, integrada à pecuária, aumenta a diversidade produtiva e contribui para o bem-estar animal”, aponta Larissa.
Dados da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) mostram que cinco municípios de Mato Grosso do Sul concentram mais de 1 milhão de hectares de florestas plantadas: Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas, Água Clara, Brasilândia e Selvíria. O volume coloca o Estado como o segundo maior do país em área de silvicultura.
Com o avanço desses projetos, pesquisadores e gestores defendem que o Estado pode atingir a meta de neutralidade de carbono até 2030, combinando crescimento econômico com preservação ambiental.