Em MS, legendas rejeitam que uso de estrutura financeira para atrair deputados
Com fim de janela e do prazo final de filiações, apenas um deputado federal trocou de agremiação; tamanho das bancadas em Brasília definirá futuro financeiro de partidos

A Câmara dos Deputados será um endereço mais visado que o normal nas eleições deste ano, graças à necessidade de os partidos formarem bancadas numerosas e, desta forma, garantirem sua sobrevivência –inclusive financeira– ante as mudanças nas regras eleitorais.
Tendo isso em vista, teve início uma verdadeira caça a políticos na janela partidária que terminou no dia 7 de abril e que permitiu a parlamentares trocarem de agremiação sem perderem os mandatos. Na mesma data, encerrou-se o prazo para filiação de potenciais candidatos.
A “arma” para atração, conforme noticiado pela imprensa nacional, foi a promessa de estrutura financeira para campanhas dos reforços –algo que direções locais das legendas garantem ter passado longe de seus novos integrantes.
Neste ano, a representatividade no parlamento não garante apenas tempo de TV e recursos do fundo partidário, mas também permite uma fatia do recém-criado fundo eleitoral –que substitui as doações de empresas a campanhas e, só neste ano, terá R$ 1,7 bilhão, dos quais 48% são rateados proporcionalmente conforme as bancadas na Câmara.
Por esse motivo, partidos correram o Congresso em busca de reforços, oferecendo, por exemplo, contribuições de até R$ 2,5 milhões para bancar as campanhas (limite máximo previsto pela Justiça Eleitoral).
“O fundo eleitoral, misturado com o fundo partidário, isto é, dinheiro público, é usado para fazer aliciamento”, afirmou à TV Globo o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), referindo-se também aos outros R$ 888 milhões do fundo partidário. “[O parlamentar] quer trocar de partido porque o fundo partidário de um é maior que o do outro”, emendou Julio Delgado (PSB-MG). “Vão fazer a troca em função daquilo que é oferecido financeiramente”.
Dados preliminares apontam que cerca de 60 dos 513 deputados federais trocaram de partido até 7 de abril. Destes, apenas um é de Mato Grosso do Sul e, conforme sua assessoria, só oficializou a mudança no momento por conta do prazo limite para filiação de pretensos candidatos.

Filiações – Elizeu Dionizio foi para o PSB egresso do PSDB –no qual se filiou em 2015, quando assumiu o mandato em substituição a Márcio Monteiro, deixando o Solidariedade. O deputado afirma que a estrutura de campanha dos candidatos foi discutida na migração, “mas não foi a prioridade”.
A troca, disse ele, teve como foco a autonomia do partido no Estado “e a possibilidade de uma candidatura nacional [à Presidência da República]. Hoje temos a pré-candidatura do Joaquim Barbosa [ex-ministro do Supremo Tribunal Federal]”, citou Dionizio, que assumiu a presidência do Diretório Regional do PSB.
O MDB –que já chegou a ter quatro dos oito deputados federais do Estado e em 2014 elegeu dois– neste momento não tem nenhum parlamentar na Câmara: Geraldo Resende foi para o PSDB depois de ser eleito, enquanto Carlos Marun se licenciou para assumir a Secretaria de Governo da Presidência (seu suplente, Fábio Trad, era do partido e se filiou ao PSD).
Presidente do Diretório Municipal do MDB e responsável por articulações visando a filiações, Ulisses Rocha negou que o partido entrou na disputa por parlamentares ou feito proposta semelhante para reforços que visam a Câmara. Segundo ele, a cúpula emedebista deu autonomia para a busca de reforços, sendo que, dela, espera-se algum suporte financeiro às candidaturas.
“O Diretório Nacional vai definir o valor que cada deputado no exercício do mandato vai poder contar e quanto cada estrante vai poder receber”, explicou Duarte, negando que haja uma “imposição” para eleição de parlamentares federais. “Não é algo que se tenha como mensurar”, disse. O MDB trabalha com a expectativa de eleger dois deputados federais no Estado.
Da mesma forma, o presidente regional do PSDB, o deputado estadual Beto Pereira, negou que houve alguma tratativa com deputados federais ou eventuais candidatos ao cargo que passasse pela estrutura financeira. “Não fizemos nenhuma persuasão dessa natureza”, disse, atribuindo a prática aos partidos que não miram a Presidência da República. “Quais partidos que mais ganharam deputados? Aqueles sem um projeto nacional”.
Beto prevê ajuda da cúpula tucana para candidaturas à Câmara, “mas agora não conseguimos mensurar isso ou fazer algum compromisso com base nisso, porque não sabemos o tamanho dessa ajuda”.
Motivos – Mais do que o suporte estrutural, os partidos sinalizam acreditar no potencial eleitoral próprio e de seus reforços para conseguirem votações expressivas e, como consequência, cadeiras em Brasília. “Quem veio foi por convicção de acreditar no nosso projeto”, disse Beto Pereira.
No MDB, a lista de pretensos candidatos a deputado federal inclui ex-prefeitos e um deputado estadual –George Takimoto, ex-PDT. “Não adianta filiar sem critério e ir trazendo nomes para o partido. São nomes em condições de disputar eleição e ter condições de ser represetntado”, explicou Ulisses.
Dionizio tem discurso semelhante. “Vamos oferecer [aos pré-candidatos] fum partido com ética, transparência, que tem bons quadros com o nome limpo e uma candidatura nacinal que representa o anseio da mudança comportamental da classe política. Buscaremos o melhor cenário no Estado para que os candidatos a estadual e federal possam ter uma chance real de eleição e que possamos eleger quadros que possam contribuir com o processo político”.