Secretário de Segurança afirma que base da Força Nacional não sairá de Ponta Porã
Em Brasília, Jacini diz que conversações sinalizam para manutenção da base no assentamento Itamaraty

O secretário de Justiça e Segurança de Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini,
afirmou hoje que a base da Força Nacional não vai sair de Ponta Porã.
Durante o encontro promovido pelo Ministério da Justiça em Brasília para
tratar do Plano Estratégico de Fronteiras, ele disse acreditar na manutenção
da base operacional instalada no assentamento Itamarati.
“As conversações aqui foram de que a Força Nacional vai continuar. Eu não
sei qual foi o motivo (dos rumores sobre a desativação), eu só sei que ela
não vai sair. O que ainda restar de pendência vai ser resolvido. Com o
investimento que houve, porque agora vai sair?”, disse ao Campo Grande News, durante intervalo das reuniões para a apresentação de parte da frota de 48 viaturas que vai servir ao policiamento nas fronteiras.
O Ministério da Justiça havia anunciado na semana passada que as tropas
seriam remanejadas da base em Ponta Porã ainda hoje. Parlamentares do Mato
Grosso do Sul consideram a retirada da base uma decisão contraditória ao
Plano Estratégico de Fronteiras lançado pela União.
“Como pode um Plano anunciar reforço da segurança nas fronteiras, em uma
ação coordenada entre as Forças Armadas, Polícia Federal, Força Nacional e
Polícia Rodoviária Federal, quando há uma decisão de desmobilização de um
dos braços do centro de operações conjuntas? Para enfrentar a violência e o
crime organizado o correto seria ampliar os efetivos, não só em Ponta Porã,
mas também em Corumbá, uma das portas de entrada de drogas e armas no País”,
questionou o deputado Geraldo Resende.
Em Mato Grosso do Sul, a Força atua desde fevereiro do ano passado, com
sucessivas prorrogações de permanência. A base é uma das oito existentes em
todo o país.
DEMANDAS - Coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, o
encontro de hoje teve a participação dos secretários de Segurança Pública
dos onze Estados fronteiriços. Além das 48 viaturas, 526 capacetes e 110
tasers (arma não letal) foram apresentados. Os secretários assinaram a
adesão ao Plano Estratégico de Fronteiras, lançado no dia 8 de junho pela
presidente Dilma Rousseff, e discutiram as diretrizes de atuação.
Jacini informou que todos os assuntos específicos da fronteira, envolvendo
material, planejamento e política, seriam discutidos na reunião, que avançou
pela tarde. Sobre as demandas específicas para Mato Grosso do Sul, o
secretário citou a necessidade de recursos materiais, de melhorias no
sistema penitenciário para a fronteira e também de capacitação.
Outro ponto destacado pelo secretário foi a necessidade de integração entre
os estados. “Nossa demanda inclui os recursos de inteligência e de
alimentação dos bancos nacionais, para que nós tenhamos uma informação em
nível nacional, porque a criminalidade é interestadual e também
transnacional”, justificou.
“É preciso que as políticas estejam integradas através de seus bancos de
dados e não só operacionalmente, para que possa ter amplas informações. Uma
vez que um criminoso comete crimes no Amazonas e depois vem cometer crimes
no Sul ou no Centro-Oeste, é preciso que os registros dele lá no Amazonas
sejam conhecidos aqui ou no Sul. A integração dos bancos de dados vai
permitir esse conhecimento, além da utilização da inteligência artificial”,
argumentou.
Uma das particularidades de Mato Grosso do Sul, como destacou o secretário,
é a extensão de fronteira seca com países produtores de drogas e crimes
conexos. “Temos uma fronteira pontilhada com 13 cidades. Na faixa de
fronteira, que contém 150 quilômetros, temos 44 cidades e uma população
superior a 1 milhão de pessoas, que interage com populações de outros
países, como Paraguai, Bolívia, onde também acontecem crimes”, ressalta.
Para enfrentar o problema, é necessária a articulação com os países
fronteiriços, o que já vem sendo feito pelo Brasil por meio do Itamaraty. No
estado, o trabalho vem sendo reforçado pela criação do GGI Fronteira
(Gabinete de Gestão Integrada), abrangendo forças policiais de Corumbá com
cidades bolivianas. “Agora vamos trabalhar na construção do GGI de Fronteira
com o Paraguai, em Ponta Porã”, anuncia.