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Política

Não foi critério técnico o motivo de nossa demissão, afirma ex-diretora

Antonio Marques | 29/02/2016 13:36
A ex-diretoria Dinalva Moraes, da Escola Municipal "Poeta das Moreninhas" fala aos vereadores durante reunião para esclarecer as demissões de 47 diretores da Reme (Foto: Antonio Marques)
A ex-diretoria Dinalva Moraes, da Escola Municipal "Poeta das Moreninhas" fala aos vereadores durante reunião para esclarecer as demissões de 47 diretores da Reme (Foto: Antonio Marques)

Mesmo sem a presença da titular da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Leila Machado, na reunião convocada pela Câmara Municipal para esclarecer as exonerações de 47 diretores da Reme (Rede Municipal de Ensino), os vereadores ouviram os ex-diretores e professores presentes. Uma ex-diretora desafiou alguém comprovar que sua exoneração foi critério técnico, como foi divulgado na imprensa.

Cerca de dez ex-diretores e professores de escolas municipais e Ceinfs (Centro de Educação Infantil) foram ao evento para saber da secretária os reais motivos de suas demissões, ocorridas na semana passada. Todos estavam revoltados com o fato de a secretária Leila Machado e o prefeito Alcides Bernal (PP) terem divulgado na imprensa que as exonerações ocorreram por critério puramente técnico.

Três professoras da Escola Municipal Professora Oliva Enciso, no Bairro Tiradentes, onde estudam cerca de 1.200 alunos, da educação infantil ao 9º ano, foram à reunião para defender o trabalho da diretora Maria Eliza Rodrigues da Silva, demitida no último dia 17, depois de 15 anos na direção do estabelecimento de ensino. “Estamos de luto pela saída da nossa diretora”, declarou uma das professoras, acrescentando que pelo menos 80% dos profissionais da escola estão revoltados.

A professora da Oliva Enciso chegou a denunciar que a razão da demissão da diretora não era “de fato motivo técnico. Se fosse assim, por quê iriam colocar professor readaptado para assumir direção de escola, como aconteceu”, questionou ela, esclarecendo que a legislação não permite que o profissional readaptado assuma cargo de direção. Como foi descoberta essa irregularidade, segundo ela, a prefeitura já teria demitido a nova diretora.

Ditadura – Há seis anos na direção da Escola Municipal José Mauro Messias da Silva – “Poeta das Moreninhas”, que atende cerca de 1.500 alunos, da educação infantil ao 9º ano, a ex-diretora Dinalva Domingos de Moraes, fez duras críticas a secretária municipal de Educação, Leila Machado e questionou sua exoneração ter ocorrido por critério técnico. Para ela, só pode ter sido perseguição política.

Dinalva de Moraes contou aos vereadores que depois que assumiu a direção, a escola passou da tipologia A para a categoria E, de especial, e não recebeu a promoção salarial que deveria ter ocorrido de acordo com a legislação. “Nós representamos o poder público e somos bem formados para não expor o Executivo. Por isso, procuramos resolver os problemas internos sem dar conhecimento à imprensa.”

Conforme Dinalva Moraes, a perseguição não foi somente com ela. Contou que sua filha, que é professora com 20 horas concursada e que teria mais 20 horas como contratada na Reme e teria preferência em assumir na mesma escola que trabalha pelo concurso, havia ligado a ela enquanto estava na reunião para avisar que a secretaria havia retiradas as aulas. “Não podemos continuar convivendo com essa ditadura e abuso de poder”, desabafou a ex-diretora.

Outra denúncia grave feita por Dinalva pedindo para os vereadores investigarem é o fato de diversos professores que assumiram as funções de diretoras terem sido líderes da última greve dos professores, ocorrida em 2015, a mais longa da categoria. “Ouvi muito na época que a greve poderia ser política e não sei se foi, mas muitos dos novos diretores são pessoas que comandaram aquele movimento grevista”, afirmou ela.

O atual presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Lucílio Nobre, disse que a instituição sempre foi e continuará sendo apartidária. “Continuaremos independentes e na luta em defesa da categoria. Não negociamos nenhum cargo ou função com esse ou aquele partido ou político. Seguimos em defesa do cumprimento da Lei 5.411/14 e da gestão democrática”, garantiu ele.

Os vereadores não desistiram de convocar a titular da Semed, Leila Machado, para prestar os esclarecimentos aos questionamentos dos ex-diretores e professores que estiveram na reunião. O vereador Otávio Trad (PTdoB) lembrou que solicitou a relação de todos os novos diretores e seus respectivos currículos para avaliar a formação e conferir se os mesmos têm capacidade técnica para permanecerem nas funções.

A reportagem tentou ouvir a secretária de Educação, Leila Machado, mas até o fechamento desta matéria não recebeu qualquer resposta a respeito do assunto.

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