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Política

Sobre EUA, Pollon acha que supertaxa é pouco e Nogueira não abre mão de anistia

Bancadas do PL e PP de MS culpam mais o Brasil e menos os EUA pelo tarifaço

Por Vasconcelo Quadros, de Brasília | 16/07/2025 14:29
Sobre EUA, Pollon acha que supertaxa é pouco e Nogueira não abre mão de anistia
Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon, do PL, sairam em defesa de Donald Trump

As bancadas do PP e do PL de Mato Grosso do Sul no Congresso adotaram um  comportamento dúbio em relação a crise das tarifas e, em vez de criticar a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizam o governo brasileiro.

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Parlamentares do PP e PL de Mato Grosso do Sul adotam postura controversa diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Em vez de criticarem a decisão do presidente Donald Trump, os deputados responsabilizam o governo brasileiro pela crise comercial. Deputados do PL, alinhados com Eduardo Bolsonaro, apoiam a chantagem de Trump e condicionam negociações à anistia dos acusados pela tentativa de golpe de 2022. Já a senadora Tereza Cristina (PP) defende negociações com os EUA, mas também critica o governo brasileiro, especialmente quanto ao protagonismo dado aos Brics.

Os mais incisivos são os dois deputados do PL, Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon, que atuam em linha com a estratégia adotada pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que é de boicotar qualquer tentativa de negociação que não passe pela família do ex-presidente Jair Bolsonaro ou deixe de incluir a anistia aos acusados pela tentativa de golpe de 2022.

Os deputados do PL apoiam a decisão de Trump. Mesmo diante dos ataques ao agro, que se tornaram mais agudos com a abertura de investigações com base na chamada seção 301 da legislação norte-americana e também diante da ameaça de sanções pelas relações comerciais do Brasil com a Russia, Pollon afirma que a taxa de 50% “ainda é pequena” diante de um suposto “dano simbólico” de ver o Brasil sendo comparado à Venezuela.

“A recente manifestação do Trump, reconhecendo a perseguição política contra Jair Bolsonaro e a necessidade de anistia aos presos do 8 de janeiro, é uma demonstração clara de que a imagem do Brasil democrático está sendo comprometida”, disse o deputado.

Para ele, o Brasil torna-se irrelevante aos olhos do mundo livre ao ser tratado como um Estado autoritário. A razão da crise, segundo ele, é o presidente Lula e não Trump: “A verdade é que Lula representa uma tragédia para o Brasil, tanto internamente quanto em sua projeção internacional”, afirma o deputado, sem qualquer crítica ao ato unilateral dos Estados Unidos.

Igualmente controversa é a posição do deputado Rodolfo Nogueira, presidente da poderosa Comissão de Agricultura da Câmara, por onde passam as demandas do agronegócio.

Ele diz que a retaliação de Trump “é consequência direta da forma irresponsável e ideologizada com que o governo brasileiro, sob o comando do presidente Lula, tem conduzido a política externa” e afirma que o sacrifício imposto ao agro é consequência de “erros cometidos longe do campo”.

Assim como Trump, que condiciona uma relação comercial de 200 anos com o Brasil à política, Nogueira mistura política com negócios e coloca a anistia acima dos interesses dos sul-mato-grossenses: "O Brasil vive hoje um dos períodos mais sombrios da sua história democrática, marcado por uma verdadeira caça às bruxas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa perseguição política sistemática, denunciada inclusive por líderes mundiais como o presidente Trump, mina a credibilidade do país e empurra o Brasil para o isolamento internacional"

O deputado fala de "diplomacia desastrosa de Lula", que na opinião dele só agravou essa situação, rompendo laços estratégicos e colocando o Brasil na mira de sanções. É urgente que essa perseguição cesse. O Brasil precisa de estabilidade, de respeito ao devido processo legal e de um ambiente em que lideranças não sejam criminalizadas por suas ideias. Só assim poderemos retomar o caminho da confiança, da liberdade e do crescimento."

Na bancada do PP, a senadora Tereza Cristina, prega a abertura de negociações com os Estados Unidos, mas também culpa a vítima ao sugerir que a ação norte-americana é uma reação de Trump ao protagonismo que Lula deu aos Brics. “Falar de uma segunda moeda, que não o dólar, é um posicionamento político totalmente equivocado”, disse a senadora. Ela defende, no entanto, uma atuação conjunta e una as forças políticas “para que possamos minimizar esse desastre que serão essas tarifas”.

Relatora da Lei da Reciprocidade, que permite ao governo brasileiro responder à altura taxações como a de Trump, a senadora afirma que a medida não foi pensada contra os Estados Unidos, mas sim para combater práticas discriminatórias da União Europeia, que condiciona o comércio do Brasil com o bloco a boas práticas de produção, com o fim de invasões de terras indígenas ou do desmatamento. “É hora de baixar a temperatura, levantar a cabeça, mas com serenidade e firmeza. Soberania nacional é importantíssima nesse momento”, afirmou.

Ela acha que a nova lei deve ser usada como último recurso. Trump, logo depois de anunciar a tarifa de 50% sobre as exportações, pediu também investigação contra as práticas comerciais brasileiras e abriu tanto o leque que, além de pix e muambas, foram incluídas possíveis retaliações também contra o desmatamento.

Levada ao pé da letra, a investigação pode afetar a comercialização de carne e celulose que, sem registro de ilegalidades no Estado, são dois dos principais produtos das exportações de Mato Grosso do Sul. “Ela (a Lei da Reciprocidade) é uma ferramenta de defesa e não de confronto. Deve ser usada com responsabilidade, como último recurso, quando todos os caminhos diplomáticos forem esgotados.”

Vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores, Tereza Cristina está articulando com o presidente do colegiado, senador Nelsinho Trad (PSD), a formação de um grupo de parlamentares para negociar uma saída para a crise no Congresso dos Estados Unidos. “É hora de baixar a temperatura, levantar a cabeça, mas com serenidade e firmeza. Soberania nacional é importantíssima neste momento”.

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