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Comportamento

Em lar sob viaduto, casal recebe ajuda para cuidar de cães e gato

Local não é o ideal, mas foi escolha de Maria e João para viverem com os pets; ONGs e ativistas prestam apoio para dar bem-estar à família

Humberto Marques e Mirian Machado | 31/12/2018 18:50
Paixão da vida de Maria, cães recebem atenção sob viaduto e, agora, têm o apoio de ativistas. (Foto: Paulo Francis)
Paixão da vida de Maria, cães recebem atenção sob viaduto e, agora, têm o apoio de ativistas. (Foto: Paulo Francis)

O pouco que Maria Aparecida dos Santos, 50, e o marido, João Carlos Alves Martins, 40, têm é dividido com os cinco cães e um gato, com os quais vivem sob o viaduto sobre o rio Anhanduí, no cruzamento das Avenidas Ernesto Geisel e Manoel da Costa Lima, no sul de Campo Grande. O lar, conta ela, é uma opção, mas a situação ali chamou a atenção de pessoas que se sensibilizaram e tentam ajudar uma família mais que unida.

Maria e João são conhecidos de quem passa naquele local, encontro da Vila Piratininga e Jacy. Ela, há 11 anos morando sob a ponte, afirma faturar até R$ 42 por dia na venda de balas. Ele, na parte baixa do viaduto há mais de duas décadas, complementa a renda com copos e taças feitos com garrafas. A permanência ali, mesmo ante impedimentos legais (por ser um espaço público e sem condições para ter tal uso) e em um local de trânsito pesado que não foi projetado para abrigar uma família, é, antes de mais nada, uma escolha, como frisa Maria.

“Estou feliz aqui. Estou com a pessoa que amo e todo o dia falo com minha mãe e filhos”, antecipa-se Maria, ao contar que se viu sem destino há pouco mais de uma década, quando perdeu o emprego de doméstica e viu o ex-marido vender a casa que tinha.

“Fiquei sem nada, falei com um amigo que morava aqui e ele disse para eu ficar. Ia ser por uns dois dias, mas conheci meu marido, que já estava aqui, casamos e ficamos”, prosseguiu ela, mãe de cinco filhos e avó de oito netos. “Eles vêm me ver, às vezes me buscam. Passei o Natal com eles e no Ano Novo vou ficar aqui com meu marido, mas depois eles vêm”, contou ela, que é uma das várias outras pessoas que têm o local como abrigo.

O que o casal ganha, vai para alimentos e o tratamento de Maria contra tuberculose, cuidada “com remédio e leite”, e, claro, os animais. “É a nossa família, amo muito”, afirmou Maria, emocionada com a possibilidade de ver um dos pequenos ser levado.

Maria mostra o trabalho do marido e garante que permanência no local é escolha de ambos. (Foto: Paulo Francis)
Maria mostra o trabalho do marido e garante que permanência no local é escolha de ambos. (Foto: Paulo Francis)
Cães receberam casinhas para lhes dar mais segurança; meta é cercar espaço para que não invadam a via. (Foto: Paulo Francis)
Cães receberam casinhas para lhes dar mais segurança; meta é cercar espaço para que não invadam a via. (Foto: Paulo Francis)

Segurança – Em meio ao cenário por ela desenhado, há a preocupação com os animais que, nesta segunda-feira (31), mereceram a atenção de ativistas independentes. Tanto a saúde como a alimentação dos cães e da gata vêm sendo monitoradas, junto com pedidos de cuidado para que eles não invadam a avenida.

Dos cinco cães, um foi doado a um morador da região. Laila, uma cadela com problemas de saúde, foi levada a um lar temporário e, na quarta-feira (2), passará por um veterinário. Ficaram Pequena, Menina e Nani, três das paixões de Maria, que ganharam duas casinhas da ONG Fiel Amigo (além de vitaminas, remédios anti-pulgas e vermífugos) e devem receber um cercado a fim de aumentar a segurança.

Além dos cães, a gata Sula acompanha a moradora, depois de ter chegado ao local com uma proposta que indignou Maria. “Estava vendendo balas e um homem em uma caminhonete parou, ofereceu R$ 20 para jogar dois gatos no rio. Peguei o dinheiro e fiquei com eles”, contou ela. Um dos gatos, com um tumor, morreu. Sula a acompanha até hoje.

A forma com a qual os animais ali chegaram foi parecida: doações ou resgates ao longo dos anos. Uma delas foi salva ao ser abandonada com queimaduras.

Doações – A presença dos animais chamou a atenção dos ativistas que, percebendo ser impossível fazer o casal os doar, buscam meios para melhorar o conforto. Doações de medicamentos veterinários e ração estão entre os itens angariados pelas ativistas independentes Lúcia Rocha e Daniela Ocampos.

“Queremos fazer um cercado para tornar o local mais habitável para os cães. Quem quiser ajudar pode entrar em contato conosco, que vamos encaminhar as doações”, contou Lúcia, que nesta tarde esteve no local. As doações podem ser combinadas por meio dos telefones (67) 9-8448-0184 e (67) 9-9150-1991.

Casal ignora problemas e pretende seguir no local, recebendo agora ajuda para cuidar de animais. (Foto: Paulo Francis)
Casal ignora problemas e pretende seguir no local, recebendo agora ajuda para cuidar de animais. (Foto: Paulo Francis)
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