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Capital

Ligação de Richard para namorada vira peça chave em ação por morte no trânsito

Mariana Lopes | 13/08/2012 16:04
Gabriela deixou a sala de audiência acompanhada por um funcionário do Fórum (Foto: Minamar Júnior)
Gabriela deixou a sala de audiência acompanhada por um funcionário do Fórum (Foto: Minamar Júnior)

Na segunda audiência do processo por homicídio doloso e omissão de socorro contra Richard Gomide Lima, de 22 anos, o estudante de Direito que atropelou e matou o segurança Davi Del Valle Antunes, 31 anos, foram ouvidas as testemunhas de defesa e o depoimento do próprio réu.

Enquanto a acusação sustenta que Richard estava embriagado, a defesa do rapaz alega que ele discutia com a namorada pelo telefone no momento que acertou a moto do segurança, na madrugada do dia 31 de maio, na avenida Afonso Pena. A tese da defesa é de que, durante a discussão, Richard, não prestou atenção no trânsito, o que teria provocado o acidente que tirou a vida da vítima.

A versão contada hoje é outra em relação ao dia do acidente, quando Richard disse que ligou para a namorada, mas para acionar o socorro, e não contou sobre briga. No dia seguinte, em entrevista ao Campo Grande News, o estudante admitiu que havia bebido e disse que não viu a moto porque tinha se abaixado no carro para pegar algum objeto. Ele não citou a discussão com a namorada relatada agora e afirmou ter ligado por causa do acidente.

No depoimento na audiência de hoje, Gabriela de Barros Paes, 22 anos, disse que a briga na noite anterior do acidente teve a ver com o churrasco realizado na casa do namorado com os amigos dele. Segundo ela, Richard disse que só iriam homens à casa dele e ela poderia ficar deslocada.

Por volta das 22h, de acordo com o depoimento de Gabriela, a namorada de um dos amigos de Richard perguntou a ela, por mensagem no Facebook, porque a jovem não estava no churrasco. No mesmo momento, ela disse que ligou para o rapaz, brava, questionando a situação.

Conforme Gabriela contou no depoimento, os dois discutiram novamente pelo telefone e ela terminou o namoro de quase três anos. O próximo contato da jovem com Richard, segundo ela, foi perto das 4h, madrugada do dia 31 de maio, quando ele ligou para conversar, os dois acabaram discutindo novamente e ele contou a ela que tinha ido ao motel com uma garota de programa.

A ex-namorada afirmou durante o depoimento que falava com Richard pelo telefone no momento do acidente. Ela disse que em certo momento da conversa, ouviu um barulho e em seguida ficou em silêncio.

Na sequencia, Richard pediu a ela para chamar uma ambulância porque ele tinha atropelado alguém em frente ao shopping. Ela desligou o telefone, chamou o socorro e retornou a ligação para o rapaz.

Richard também prestou depoimento e disse que o motivo do acidento foi a ligação e não o álcool. (Foto: Minamar Júnior)
Richard também prestou depoimento e disse que o motivo do acidento foi a ligação e não o álcool. (Foto: Minamar Júnior)

Trajeto-Richard disse que depois que saiu do motel foi deixar o amigo que estava com ele em casa e seguia para a casa dele. Questionado enfaticamente pelo promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri sobre o trajeto que fez nos minutos que antecederam o acidente, o réu disse que veio pela avenida Eduardo Elias Zahran até a Ceará e subiu o pontilhão que dá acesso à avenida Afonso Pena.

Segundo o depoimento de Richard, ele ligou para a namorada assim que entrou na Zahran, e calcula que tenha ficado até 5 minutos com ele no telefone. O acusado disse que este é o caminho que ele sempre costumava fazer, mas geralmente entra no primeiro retorno da avenida, o que fica em frente ao ponto de ônibus do shopping Campo Grande.

Porém, o acusado alegou que por causa da discussão com a namorada, perdeu a noção do trajeto e teve que virar no próximo retorno, próximo ao Parque das Nações Indígenas. Richard disse que não viu nem o sinal fechado, nem o motociclista.

Considerações finais-Para o promotor de Justiça, Richard assumiu o risco do acidente. “Ficou comprovado que ele estava embriagado”, pontuou. Em depoimento, o réu afirmou que bebeu champanhe no motel, mas alegou que o cheiro de álcool que testemunhas disseram ter sentido nele era do espumante que acabou derrubando na roupa na hora de estourar a rolha da garrafa.

O advogado de Richard, José Roberto Rodrigues da Rosa, ressaltou o depoimento das testemunhas de defesa que afirmaram que o réu não ingeria bebida alcoólica com frequência, e quando bebia, era apenas destilados.

“Ele foi imprudente, não homicida”, disse o advogado, referindo-se à atitude do réu ao dirigir nervoso e falando ao celular. Como Richard se negou a fazer o teste do bafômetro no dia do acidente, não há prova técnica da embriaguez.

Segundo o advogado, tanto a defesa quanto a acusação aguardam que a operadora de telefonia móvel libere a gravação da ligação de Richard com a ex-namorada na madrugada do dia 31 de maio para as considerações finais.

De acordo com o juiz Aluízio Pereira dos Santos, após serem ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, além do depoimento do próprio Richard, o promotor de Justiça e o advogado têm até o próximo dia 22 de agosto para devolver o processo e, a contar desta data, o judiciário tem o prazo de 10 dias para decidir se o réu vai a júri popular ou se já dará a sentença do acusado.

Caso o juiz decide em permanecer a acusação contra Richard por homicídio doloso eventual, o réu então vai a júri popular, e pode pegar de 12 a 30 anos de pena. Do contrário, se o juiz desclassificar o dolo, Richard pode ser condenado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e pode pegar de 1 a 3 anos de prisão.

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