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Chegou a hora de abrir a caixa preta das igrejas no Brasil

Por Marco Asa | 02/02/2014 09:23

Num país onde todos os políticos estendem tapetes vermelhos para a bancada evangélica e seus pseudomilhões de votos, é tabu falar da isenção de impostos para instituições religiosas. Mas, vamos e venhamos, já passou da hora de abrir a caixa preta desta vergonha nacional. Vamos aos fatos:

- Hoje, no Brasil, há redes pentecostais que funcionam como verdadeiras franquias. O “novo” pastor (ou bispo) faz um curso na sede nacional da congregação religiosa, “compra” o direito de abrir uma igreja em sua cidade e, a partir daí, tem metas a cumprir. E não se trata de meta de atrair fieis, mas metas financeiras, pois terá que pagar, mensalmente, a “taxa de franquia”, além de colaborar com a manutenção de canais locais de rádio e televisão e ainda ter “lucro”;

- As concessões locais de televisão estão todas quase nas mãos das igrejas. Em Campo Grande (MS), por exemplo, quem não tem TV à cabo e não é evangélico sofre. Depois da meia noite, os canais entram em rede, muitas vezes com os “pregadores” da mesma igreja. E toma cura falsa, milagres fajutos e muita, muita enganação. Séries legais saem do ar para a entrada da “palavra de Deus”;

- Aliás, quando se dá uma concessão de rádio e TV e o concessionário original “rifa” seu canal, não teria que haver uma revisão de concessão? Por que o conteúdo dos canais religiosos não passa pelo crivo do Ministério das Comunicações? Porque ninguém tem coragem de mexer com os religiosos e seus votos; Nisso a igreja Católica é mais inteligente e mantém canais exclusivos. Assiste quem quer (e a programação é boa);

- Pra não dizer que falo apenas de evangélicos, vamos lembrar que as escolas e universidades mais caras (e excelentes, diga-se de passagem) são administradas pela igreja Católica, também isenta de impostos;

- Hoje há uma rede nacional de televisão que pertence a uma instituição religiosa, que “compra” um espaço na mesma rede por centenas de milhões de reais e somente a televisão dá lucro. Lucro este que volta para o dono da televisão, que também é dono da igreja, que é isenta...Tá vendo a bagunça?

- O dinheiro das igrejas, isento, financia campanhas de políticos que compõem “bancadas” religiosas, que defendem direitos dos religiosos. Se o dinheiro que serviria para manter as obras religiosas foge do fim inicial não deveria ser taxado, como qualquer ganho de qualquer brasileiro trabalhador?

Então, resumindo. Eu, você, o padeiro, o açougueiro, o mecânico, o médico e qualquer outro trabalhador “normal”, temos que pagar pesados impostos para abrir empresas, para pagar funcionários e os pesados tributos que incidem sobre essa contratação, sobre notas de produtos e serviços, para fechar a empresa etc etc etc. Por que uma instituição religiosa que, como vimos acima, aufere muito lucro, não paga? Quem vai ter coragem de acabar com essa palhaçada? Quem vai criar uma lei que isente apenas obras de caridade e a manutenção (real) dos templos?

Chegou a hora de até mesmo os religiosos pararem para pensar e se rebelarem contra este status quo. E, para os neopentecostais que estão clamando pela ira de Deus contra a minha pessoa, saiba que eu acredito que o meu Deus não é o mesmo que o seu, já que meu Deus não pede que eu explore gente humilde para ficar rico...
Amém, axé, shalom e tenho dito!

(*) Marco Antônio dos Santos Araújo, o Marco Asa, é jornalista, publicitário e escritor. Contato pelo e-mail marcoasa2003@hotmail.com

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