De papel-toalha a contêiner, MS gastou 19,2 milhões na pandemia
Lista de aquisições sem licitação tem também máscaras, luvas, leitos de UTI e exames

O governo do Estado gastou R$ 19,2 milhões, em pouco menos de dois meses, em compras emergenciais e sem licitação para enfrentamento à pandemia de novo coronavírus. Extensa, a lista conta com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), exames e locação de leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva), além, também, de itens como papel-toalha, sabonete e contêineres marítimos.
O investimento do governo estadual supera os R$ 11,6 milhões do ministério da Saúde, repassados no início de abril para reforçar as ações contra a covid-19 em Mato Grosso do Sul. Os números na sequência da reportagem foram levantados via Portal da Transparência.
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Publicado em 20 de março, decreto que determinou situação de emergência no Estado em função da pandemia de covid-19 permite ao governo a compra de insumos ou contratação, sem licitação, de serviços essenciais para enfrentamento à doença.
A primeira compra sem licitação data do dia anterior, quando o Estado somava apenas 9 casos confirmados. Há quase dois meses, foi encomendada a primeira leva de exames para identificar contaminação pela covid-19, com 5 mil testes pelo método de biologia molecular. Os kits custaram R$ 32,9 mil.
Ao todo, o governo estadual já garantiu 70 mil exames, dos quais 40 mil do tipo rápido. Os testes custaram R$ 3 milhões.
Os primeiros respiradores - indispensáveis para tratar casos mais graves de covid-19 - foram comprados em processo datado em 24 de março. Foram 25 ventiladores pulmonares portáteis, ao custo de R$ 54,7 mil cada.
Outros 11 respiradores convencionais foram garantidos dois dias depois, já no valor de R$ 135 mil cada um. Os equipamentos dispensaram R$ 2,8 milhões dos cofres públicos.
Na linha assistencial às famílias de baixa renda atingidas pela crise provocada pela pandemia, 60 mil cestas básicas foram compradas e demandaram o maior investimento feito pelo governo do Estado em compras emergenciais até agora - R$ 5,8 milhões. Cada cesta, do tipo “Farturão”, custou R$ 97,00.
Leitos - Só em abril, 18 conjuntos de equipamentos para equipar leitos de UTI foram locados, pelo tempo de um mês. Os conjuntos variaram de preço entre R$ 109,8 mil e R$ 120 mil cada. No total, as locações já somam R$ 2 milhões.
Entre EPIs e materiais para laboratório, o investimento feito chega a R$ 3,1 milhões. Entre os itens adquiridos estão 468 mil máscaras, das quais 120 mil do tipo N95, mais segura. Parte das máscaras - exatas 136,8 mil - foram destinadas a servidores da Educação.
A relação tem ainda 68,4 mil pares de luvas cirúrgicas e 900 aventais descartáveis.
Só os itens para laboratório custaram R$ 1,4 milhão, com destaque para os 200 mil swabs, espécie de cotonete para coletar material genético, usados nos drive-thrus instalados em Campo Grande, Três Lagoas, Dourados e Corumbá.
Um termociclador, equipamento de R$ 220 mil, também foi adquirido para processar exames no Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul).
O laboratório ainda foi reforçado com cinco ultrafreezers para armazenamento de amostras. O governo estadual também dispensou R$ 26,6 mil para locar, durante um mês, três contêineres marítimos refrigerados, para uso em serviços médico-hospitalares.
Aos leitos de UTI criados no Estado para atender pacientes graves com novo coronavírus, foram negociados 40 monitores multiparâmetros, de R$ 13,9 mil cada. Outros sete monitores acabaram comprados depois, mais baratos, por R$ 9,8 mil cada um.
Higiene - O sistema prisional do Estado, com 12,6 mil detentos em regime fechado, segundo dados da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), também foi contemplado com compras sem licitação.
A fim de reforçar a higiene nas casas de detenção, 3,2 mil frascos de 1 litro de álcool em gel e 230 galões de 5 litros de sabonete foram comprados, além de 340 caixas com 1 mil unidades cada de papel-toalha.
As últimas aquisições emergenciais do governo estadual são da última quarta-feira (13). Além de quatro dos cinco ultrafreezers citados, o enfrentamento ao covid-19 no Estado ganhou no dia mais 5 mil gorros e óculos de proteção, além da contratação de serviço para instalação de pontos de oxigênio.
O governo estadual ainda tem compras diretas em aberto, como mais kits de exames de biologia molecular, e soluções e saneantes para o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul).
Fundo - A maior parte dos gastos usaram recursos do Fesa (Fundo Especial de Saúde de Mato Grosso do Sul), que, este ano, acusa receita de R$ 100,6 milhões - quase o dobro dos recursos arrecadados até o meio de maio do ano passado, de R$ 58 milhões.
Mato Grosso do Sul tem R$ 80 milhões a receber para investimento exclusivo em Saúde Pública, previstos na proposta de socorro financeiro aprovada no Congresso e que aguarda, há dez dias, pela sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).