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Cidades

Em MS, chance de pobres ficarem ricos é maior que no resto do País, diz estudo

Mesmo assim índice é baixo: há 2,9% de chance de jovem de baixa renda ascender ao topo da pirâmide econômica

Por Guilherme Correia | 09/06/2025 17:08
Em MS, chance de pobres ficarem ricos é maior que no resto do País, diz estudo
Favela do Mandela, em Campo Grande, em foto tirada em 2021; apesar de liderar ranking, chance é considerada baixa para pesquisadores.(Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Mato Grosso do Sul é o estado onde um jovem nascido em uma família pobre tem mais chance de alcançar o topo da pirâmide social no Brasil, segundo o novo Atlas da Mobilidade Social — lançado pelo IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social).

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Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de mobilidade social, com 2,9% de chance de um jovem de baixa renda ascender ao topo da pirâmide econômica, segundo o Atlas da Mobilidade Social do IMDS. Apesar da liderança, o índice ainda é baixo, superando a média nacional de 1,8%. Estados do Norte e Nordeste, como Alagoas, Pará e Amazonas, apresentam índices ainda menores, variando de 1% a 1,1%. A educação pública de baixa qualidade é apontada como principal obstáculo à mobilidade social, impactando diretamente na renda futura. Mesmo em MS, a ascensão econômica é limitada. A queda da extrema pobreza no estado em 2023, atribuída a programas sociais e de qualificação profissional, contribui para o cenário positivo. A geração de mais de 26 mil empregos formais no estado até novembro de 2024, principalmente nos setores de serviços, indústria e comércio, reforça esse avanço.

Segundo o levantamento, a chance de alguém nascido entre os 25% mais pobres do Estado chegar ao grupo dos 10% mais ricos é de 2,9%. O índice é o mais alto entre todas as unidades federativas.

A média nacional, por outro lado, é de que 1,8% dos brasileiros em situação semelhante conseguem esse salto econômico. Em estados das regiões Norte e Nordeste, os percentuais são ainda mais desiguais. Em Alagoas, por exemplo, a chance de ascender ao “topo” é de apenas 1%. Pará e Amazonas têm 1,1%.

No topo do ranking, Mato Grosso do Sul é seguido de perto por Distrito Federal e Goiás, ambos com 2,8%.

Mesmo com MS liderando o ranking nacional de mobilidade social, o índice de 2,9% ainda é modesto quando comparado a países com maior igualdade de oportunidades, onde as chances podem ultrapassar os 10%.

No Brasil, mesmo nos estados com melhor desempenho, a maioria das pessoas permanece presa às condições econômicas em que nasceu. Em MS, apesar dos avanços, a pobreza ainda atinge milhares de famílias, especialmente nas periferias urbanas e em áreas rurais.

Segundo dados do IBGE, cerca de 2% da população sul-mato-grossense vive em extrema pobreza, com menos de US$ 2,15 por dia (cerca de R$ 12, conforme cotação recente). Já em situação de pobreza estão cerca de 19,3%, aqueles que vivem aproximadamente com R$ 38 por dia.

Desigualdades — No Brasil, o estudo aponta que apenas 14% dos homens brancos nascidos em famílias pobres conseguem subir de classe social — e o número é ainda menor entre mulheres e negros. Menos de 11% dos filhos dos 50% mais pobres conseguiram chegar ao grupo dos 25% mais ricos.

O principal entrave é a educação pública. A má qualidade do ensino básico e médio tem impacto direto na renda dos brasileiros ao longo da vida. Segundo o IMDS, crianças pobres que frequentaram boas escolas públicas têm um desempenho muito superior na vida adulta em comparação às que passaram por instituições precárias.

Mesmo nos estados com os melhores índices — como Mato Grosso do Sul —, a chance de ascensão econômica continua baixa. “O elevador social brasileiro ainda opera com poucas vagas”, afirma Paulo Tafner, diretor do IMDS.

Queda na pobreza em MS — Dados recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ajudam a explicar o desempenho positivo do Estado. Em 2023, o governo sul-mato-grossense registrou uma redução de 25% na extrema pobreza.

Programas como o Mais Social, Energia Social, MS Supera e o Incentiva+ foram apontados como pilares desse avanço. Além do auxílio financeiro, eles incluem ações de qualificação profissional, estímulo à empregabilidade e articulação com o setor produtivo.

Somente entre janeiro e novembro de 2024, o Estado gerou 26.776 novos postos de trabalho formais — sendo mais de 13 mil no setor de serviços, seguido por indústria (8 mil) e comércio (5 mil).

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