ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 27º

Cidades

Procura por escolas em tempo integral cai 7,8% em MS

Dados são do Anuário Brasileiro de Educação Básica e mostram que as matrículas em tempo integral eram 46,4% em 2018

Izabela Sanchez | 25/06/2019 12:39
Escola do Jardim Tarumã em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Escola do Jardim Tarumã em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)

Em Mato Grosso do Sul, a procura por ensino integral diminuiu 7,8% entre 2017 e 2018. Os dados são do Anuário Brasileiro de Educação Básica 2019,elaborado pelo movimento “Todos pela Educação”. Os dados levam em conta o PNE (Plano Nacional de Educação) 2014-2024, documento com 20 metas que abrangem todas as modalidades de ensino do Brasil.

Em 2017, conforme o Anuário, a porcentagem de escolas com matrículas em tempo integral era de 54,2%, mas caiu, em 2018, para 46,4%, com apenas 611 matriculados no Estado. O presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira, acredita que uma das razões é que o projeto de ensino integral acaba por não ser atrativo para as famílias.

“É uma questão cultural envolvida e uma questão de gestão. Em Mato Grosso do Sul, a educação em tempo integral é implementada por projetos e não na rede toda, e tem todo um choque de cultura, como você tem um município com as duas opções, regular e integral, muitos pais colocam o filho naquela que não é integral. Há uma divergência com o que define o PNE, que pede que traga projetos, culturais e esportivos, não dá para ficar o dia inteiro sem estrutura”, comenta.

Outro índice que demonstrou queda, no Estado, é a alfabetização até 8 anos por leitura. Mato Grosso do Sul tinha índice de 45% em 2014, que caiu para 43,9% em 2016. A alfabetização medida pelo aprendizado em matemática se manteve em 42,3%. Já a alfabetização da faixa etária “15 anos ou mais” alcançou taxa de 95 em 2018, em um índice que vai de zero a 100.

Presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação), Lucílio Nobre declarou ver o índice “com preocupação”.

“Todas as ações precisam desenvolver projetos que possam contribuir para o aprendizado. Os projetos implementados de alfabetização, tem que ver se estão surtindo efeito ou não. O que contribui muito são os projetos na área da cultura. A arte, de modo geral. Tem que melhorar onde está a falha e se não oferece esses projetos, tem que oferecer”, disse.

Escola de educação infantil em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Escola de educação infantil em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Índices em crescimento – O panorama geral da educação no Estado, ainda assim, demonstra índices em crescimento, ainda que alguns estejam abaixo da média brasileira. É o caso da presença de crianças de 0 a 3 anos nas creches, por exemplo. Em Mato Grosso do sul, o índice que era de 25,4% em 2012 passou para 32,8% em 2017. A meta do PNE, ainda assim, é que 50% das crianças dessa faixa etária estejam nas creches. A realidade brasileira é de 34,1%.

“Tem legislação que tem que ser atendida. Em Campo Grande a gente tem conversado com a gestão para que as Emeis que estão paralisadas sejam inauguradas para que deem condições para que as famílias coloquem as crianças. Em agosto inaugura mais dois Emeis, eram 99 e agora são 103”, disse o presidente da ACP.

Já a presença das crianças de 4 a 5 anos nas escolas, em Mato Grosso do Sul, era de 91,4% em 2017, próximo dos 93% em todo o Brasil.

O ensino fundamental apresentou realidade promissora em nível estadual. Mato Grosso do Sul teve, em 2018, taxa de matrícula de 98,3% no ensino fundamental, de 6 a 14 anos.“No ensino fundamental a frequência maior ocorre pelo acompanhamento dos pais, até o 9º ano. A partir dos 14 anos as famílias acabam entendendo que por estar no ensino médio o acompanhamento não é tão efetivo. Falta de escola não é, é evasão”, comentou Lucílio.

Esse índice, ainda assim, cai no ensino médio, quando o número de matrículas atingiu, em 2018, 66,8%. O PNE pede que até 2024, essa porcentagem alcance 85. “Está dentro da realidade. Quando elaborou o PNE nós tínhamos índice menor que esse. A gente tem que trabalhar para que seja cumprida até 2024. Quando o aluno chega no ensino médio, primeiro ele está entrando no mercado de trabalho, as famílias mais pobres colocam o filho no sub emprego, então sai do ensino regular e vai pro ensino técnico”, comenta Jaime Teixeira.

Em Mato Grosso do Sul, 62,6% dos jovens de até 19 anos concluíram o ensino médio. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para o ensino médio alcançou a média brasileira de 3,8 em 2017.

Novamente, o ensino fundamental sai melhor nos números. Em 2017, o Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental foi de 5,7 e dos anos finais, 4,7. “Além do trabalho do professor, esses projetos ligados à cultura, todos eles influenciam significativamente. Todo o processo de negociação do piso, de formação continuada, carreira do professor, a gente tem se esforçado de poder contribuir”, opinou o presidente da ACP.

Em 2017, 88,6% dos municípios do estado atingiram a meta do Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental e 41,8% nos anos finais. O estado está distante, ainda assim, da porcentagem pedida pelo PNE de matrículas do EJA (Educação de Jovens e Adultos) que contemplem a educação profissional. Enquanto o PNE pede 25% das matrículas, Mato Grosso do Sul tem 0%.

Nos siga no Google Notícias