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Cidades

“Será o ponto final”, diz esposa de major assassinado, na véspera de julgamento

“Mesmo assim, ele pegando 30 ou 40 anos, não vai trazer meu marido de volta”, complementa

Liniker Ribeiro e Mirian Machado | 10/12/2020 16:01
Elaine Setterval mostra no celular foto ao lado do esposo, o major da reserva Paulo Setterval, morto a facada (Foto: Sials Lima)
Elaine Setterval mostra no celular foto ao lado do esposo, o major da reserva Paulo Setterval, morto a facada (Foto: Sials Lima)

Um ano e oito meses após matar a facada o major da reserva do Exército Paulo Setterval, Bruno Rocha, assassino confesso, vai a júri na manhã desta sexta-feira (11), em Bonito, cidade onde o crime aconteceu, a 257 quilômetros da Capital. Para quem convive com a dor de ter perdido o marido, o julgamento marcará o início de um novo ciclo.

“Amanhã será um ponto final para eu começar a escrever um novo paragrafo na outra linha”, resume Elaine Setterval, esposa do major.

Mesmo sendo difícil, a professora e advogada se prepara, na tarde desta quarta-feira (10), para retornar à cidade onde o crime aconteceu. Ela e o filho, de 15 anos, aguardam ansiosos pela sentença. “Será a primeira vez após o crime e a última”, afirma Elaine sobre voltar ao município turístico.

No dia do crime, 14 de abril de 2019, Elaine e Paulo estavam a passeio na cidade. A viagem, que deveria resultar em boas recordações, se tornou motivo de muito tristeza para a família Setterval.

Elaine, emocionada (Foto: Silas Lima)
Elaine, emocionada (Foto: Silas Lima)

“Estou indo para um lugar lindo, mas que agora não tem outra pintura a não ser o pior momento da minha vida”, diz.

Paulo foi morto com uma facada na região do tórax, em frente ao hotel onde estava hospedado com a família, após se negar a dar cigarro a Bruno. O golpe foi fatal. Antes de deixar o quarto de hotel, o major da reserva se despediu da amada como sempre fazia. “Ele avisou que estava indo fumar, pedi para ficar, ele falou que já voltava. Como sempre fez, se despediu de mim dizendo “beijo, te amo”, lembra Elaine.

Júri - O julgamento já deveria ter acontecido, em fevereiro deste ano, mas a defesa conseguiu suspensão do júri, quatro dias antes.

A mudança da data trouxe ainda mais ansiedade para a família, que aguarda justiça. “Eu nunca vi a pessoa e não sei nem como será a minha reação amanhã. Mas, em momento algum eu quis vingança, quero apenas justiça. Mesmo assim, ele pegando 30 ou 40 anos, não vai trazer meu marido de volta”, destaca emocionada.

Bruno Rocha confessou assinato de major da reserva do Exército (Foto: Redes Sociais)
Bruno Rocha confessou assinato de major da reserva do Exército (Foto: Redes Sociais)

Mesmo meses depois, Elaine ainda revela ser difícil entender como tudo aconteceu. “O que mais dói é que não houve motivo. Ele [o assassino confesso] disse que meu marido o ofendeu, mas se você olhar o vídeo, não dá tempo deles trocarem duas palavras, fora que isso não é da índole dele, era mais fácil eu brigar do que ele” fala ao citar imagens de câmera de segurança que gravou o momento em que Setterval é abordado por Bruno.

“Ele realmente saiu para matar, naquela noite. Se não fosse o homicídio, seria feminicídio”, complementa Elaine.

A perda do marido também fez a rotina da família mudar. Atualmente, mãe e filho contam com apoio de psicólogos e, uma vez ao mês, visitam o túmulo de Paulo, no cemitério. “Todos os dias eu acordo pensando ter sido um pesadelo, sou a verdadeira sobrevivente de um. Domingo meu filho completou 15 anos e nós completaríamos 18 anos de casamento”, lembra.

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