Todo mundo esquece, mas celular pode ser vilão em pandemia
Orientação para higiene vale também para os aparelhos, que precisam ser limpos com álcool 70 ao menos 3 vezes no dia

Tem passado despercebido entre as pessoas uma superfície pequena, mas que pode ser o grande vilão do novo coronavírus: os celulares, smartphones e dispositivos similares. Constantemente nas mãos das pessoas, eles também precisam de higienização para prevenir surto da nova pandemia em Mato Grosso do Sul, mas acabam esquecidos na rotina de cuidados.
- Leia Também
- Quem esteve em boate já procura UPA, mesmo sem sintomas
- UPAS onde casos de coronavírus foram confirmados, até na portaria se usa máscara
Infectologista da Santa Casa, Priscila Alexandrino disse que, em cenário ideal, é preciso limpar o aparelho com álcool 70 todo momento em que as pessoas puderem e lembrarem. Na impossibilidade, ao menos três vezes ao dia: de manhã, de tarde e de noite.
A vigilante de 50 anos Josinete de Almeida, 50, admitiu que não tem o cuidado e que apenas “limpa o celular na roupa quando a tela está embaçada e não consegue enxergar”. Ela não sabia ser necessário limpar os aparelhos ao menos três vezes por dia.
“Pode ser o certo, mas ninguém vai fazer”, disse ela, que declarou ser a única a utilizar o aparelho. “A gente está muito vulnerável por mais que digam para fazer a limpeza nos aparelhos, lavar as mãos, aqui não funciona, a gente não tem acesso toda hora a isso”, disse, ela, que estava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino apoiada em um corrimão.

A vigilante reclamou do que chamou de especulação. “Absorver tudo é difícil”, comentou ela, preocupada com os filhos de 32 e 22 anos. “Um deles é barbeiro e tem contato com muita gente”, lamentou.
Funcionária de limpeza pública da concessionária Solurb, Nazilda Ferreira de Souza, 51, disse só limpar o aparelho no final de semana. Apesar de ter dito saber da importância da higiene, afirmou trabalhar o dia inteiro. “Como vou limpar três vezes ao dia se eu entro no serviço às 7h e só saio às 17h”.
“Tenho medo porque a gente não sabe com quem está, dá medo, uso ônibus, pego lotado, como vou saber”, disse ela.
A atendente Indianara Pâmera, 19, disse que além de não limpar o aparelho, ainda compartilha o celular com a cunhada e o marido. “Pra ser bem sincera nunca passo álcool gel. Tenho medo porque estou com dengue”, comentou enquanto aguardava atendimento na UPA Leblon.
“Ambiente da UPA é muito mais prejudicial por conta do ar, é mais propício”, emendou.
Entenda mais – Já há dois casos confirmados da doença causa pelo novo coronavírus – o Sars-Cov-2 – chamada de Covid 2019, em Campo Grande, os dois únicos casos em Mato Grosso do Sul.
Trata-se da estudante de 23 anos que esteve no Rio de Janeiro e em Aeroportos e homem de 31 anos que viajou para Londres. O caso da estudante causa preocupação em quem esteve na boate da Valley na quarta-feira (11), durante festa de formatura da turma de medicina veterinária da UCDB, já que a estudante também participou da festa.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) pede que as pessoas que estiveram na boate só procurem UBS (Unidade Básica de Saúde) se surgirem sintomas, mesmo leves. A orientação inclui higienização das mãos, distância, se possível, entre as pessoas, evitar aglomerações especialmente em locais fechados.
A orientação também é ir até UBS e não UPAS, quando os sintomas surgirem, porque as UPAS costumam ser mais lotadas, em especial de pacientes que apresentam complicações e podem ficar vulneráveis a doença causada pelo coronavírus.
Decreto deve ser publicado nesta segunda-feira (16) pela prefeitura de Campo Grande suspendendo as aulas na rede municipal por 15 dias. A medida vale a partir de quarta-feira (18) e é efeito dos dois primeiros casos confirmados de coronavírus na Capital, divulgados ontem.