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Cidades

Ex-PM relata surto e que ouviu voz da morta reclamando da cova e da roupa

Rosilei Potronieli morreu em 10 de fevereiro e corpo foi furtado de cemitério pelo ex-namorado. Hoje, mulher foi sepultada pela terceira vez

Aline dos Santos e Mirian Machado | 16/02/2019 11:00
José Gomes Rodrigues vai ser interrogado sobre furto de corpo na terça-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
José Gomes Rodrigues vai ser interrogado sobre furto de corpo na terça-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Um paciente em surto provocado por esquizofrenia, que agiu ao ouvir a voz da ex-namorada e que não se lembra de como furtou o corpo dela do cemitério. Esse é o perfil traçado pela defesa de José Gomes Rodrigues, 57 anos, que, num suposto pacto de ficar juntos após a morte, retirou o corpo de Rosilei Potronieli, 37 anos, da cova em Dois Irmãos do Buriti e fez um novo sepultamento, desta vez na sua chácara em Campo Grande.

Divergindo da PM (Polícia Militar), que confirmou a expulsão de José da corporação há 21 anos, a defesa informou neste sábado (dia 16) que ele é primeiro-tenente reformado desde 1998. O motivo citado foi a doença psiquiátrica.

Conforme narra o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, durante coletiva de imprensa, José Gomes soube da morte de Rosilei, por quem tinha fixação, quando deixou a prisão. Ele estava preso em Terenos por ameaça à ex-namorada, pois não aceitava o fim do relacionamento.

“Quando saiu da prisão, vindo para Campo Grande, ele escutava a voz dela dizendo que não queria ficar onde estava e nem com aquela roupa que foi sepultada”. Isso explicaria porque já deixou as vestes da mulher no cemitério e substituiu a roupa no segundo enterro, feito numa cova rasa em sua chácara. No dia do furto do cadáver, teria misturado os medicamentos para o tratamento psiquiátrico e bebida alcoólica.

“Ele só se lembra da chegada ao cemitério e quando voltou à realidade, já no sítio dele”, afirma advogado. (Foto: Henrique Kawaminami)
“Ele só se lembra da chegada ao cemitério e quando voltou à realidade, já no sítio dele”, afirma advogado. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Ele só se lembra da chegada ao cemitério e quando voltou à realidade, já no sítio dele”, afirma o advogado. Conforme a defesa, os laudos médicos serão apresentados para comprovar a doença.

Sem ordem de prisão, ele vai responder em liberdade pelo crime de subtração de cadáver, que tem pena máxima de três anos de prisão.

Ontem, José foi “apresentado” por telefone para a Polícia Civil e vai ser interrogado na terça-feira (dia 19) pela delegada Nelly Macedo, que investiga o furto. O advogado tem julgamento no Mato Grosso na segunda-feira (dia 18) e só pode acompanhar o cliente no dia 19.

Nesta versão dos fatos, o advogado pondera que se trata de um cliente doente e é difícil identificar o limite entre a verdade e o fantasiado por ele. A defesa detalha que Rosilei era garota de programa e conheceu José na antiga rodoviária de Campo Grande.

A relação durou oito anos, entre idas e vindas e muitos boletins de ocorrência. O histórico policial mostra 11 denúncias dela contra José, incluindo surras, estupro e até tortura. Conforme a defesa, em algumas denúncias ele foi absolvido e em outros casos a vítima se retratou.

Envolvimento – De acordo com o advogado, José teria alertado para a ex-namorada de que Adailton Couto era perigoso e que ela não deveria se envolver com ele. Adailton confessou ter matado Rosilei e está preso.

No dia 9 de fevereiro, Rosilei Potronieli foi esfaqueada num bar de Terenos, a 25 km de Campo Grande. Ela chegou a ser trazida para a Capital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no domingo (10). Autor do homicídio, Adailton Couto foi preso após apresentar-se à polícia.

Primeiro, a mulher foi sepultada na noite de 11 de fevereiro, no cemitério de Dois Irmãos do Buriti. No entanto, na madrugada do dia seguinte, o corpo foi furtado. O cadáver foi localizado na última quarta-feira, enterrado na chácara de José.

O episódio do furto do cadáver começou a ser desvendado graças as imagens de segurança que revelaram a entrada de um carro no cemitério. Primo de José, Edson Maciel Gomes detalhou para a Polícia Civil toda a ação para o furto do corpo. Ele responde pelo crime em liberdade. O corpo de Rosilei foi sepultado pela terceira vez neste sábado.

Rosilei tinha 37 anos,  foi morta a facadas e hoje teve terceiro sepultamento. (Foto: Gazeta Aquidauana)
Rosilei tinha 37 anos, foi morta a facadas e hoje teve terceiro sepultamento. (Foto: Gazeta Aquidauana)
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