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Capital

Cadastrados pela polícia, pichadores migraram para grafite, diz delegado

Entre 2015 e 2016, chegaram a ser registradas quase 100 ocorrências e foi necessária até a criação de um cadastro de grupos atuantes na Capital

Guilherme Henri | 15/01/2019 06:31
Símbolo foi pintado no topo do Aquário do Pantanal (Foto: Gabriel Marchese)
Símbolo foi pintado no topo do Aquário do Pantanal (Foto: Gabriel Marchese)

Em queda, os números de ocorrências registradas mostram que a pichação deixou de ser um problema em Campo Grande. Entre 2015 e 2016 chegaram a ser registradas quase 100 ocorrências do crime sendo necessário até a criação de um cadastro de grupos atuantes na Capital. Em 2017 o número caiu para 33 e no ano passado apenas 13, com o caso da pichação na cúpula do Aquário do Pantanal.

O principal motivo, segundo o delegado titular da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Marco Antônio Balsanini, é a migração de pichadores para o grafite com autorização, assinatura e reconhecimento.

“A imprensa contribuiu muito para a visibilidade do grafite como arte e com isso pichadores deixaram os ‘desafios’ de pichar, em que só os do meio sabiam de quem se tratava, para assinar publicamente suas obras, ganhar reconhecimento e até dinheiro. Isso sem mencionar que o grafite autorizado não é crime”, afirma o delegado.

Delegado Marco Antônio Balsanini (Foto: Guilherme Henri)
Delegado Marco Antônio Balsanini (Foto: Guilherme Henri)

Segundo ele, o pico das pichações foi entre 2015 e 2016 onde foi necessário criar um cadastro com os grupos atuantes na Capital. “São oito grupos monitorados. E dos participantes muitos eram adolescentes vindo de São Paulo, onde a pichação chega a ser até cultural”, detalha.

Porém, com a queda nos registros, o cadastro, de certa forma desatualizado, deixou de ser uma ferramenta eficaz usada pela polícia para encontrar pichadores. “A do aquário do Pantanal mesmo não é semelhante com nenhum de nossos registros dos grupos monitorados”, revela.

Ainda segundo o delegado, quando ainda eram comuns, as pichações ganhavam fachadas e prédios pelo desafio. Hoje, os poucos casos registrados são mais comuns em tapumes de obra, que tem prazo de validade para ficar no local.

Personagem grafitado na grande parede de imóvel da Capital (Foto: Thaís Pimenta/ Arquivo)
Personagem grafitado na grande parede de imóvel da Capital (Foto: Thaís Pimenta/ Arquivo)

Investigação – Sobre o caso da pichação na cúpula do Aquário do Pantanal, o delegado adianta que nesta semana vai ouvir o segurança da obra, porém tudo indica que a pichação foi feita entre 29 e 30 de dezembro.

“Tentamos encontrar câmeras de segurança de prédios, mas até agora não conseguimos achar alguma que tenha capturado algo. Tudo leva a crer que a pichação se trate da assinatura deste pichador e o local foi escolhido pelo desafio e visibilidade”, afirma.

Se encontrado, o responsável vai responder por pichação e dano ao patrimônio público. Somadas, as penas dos dois crimes preveem pena de 6 meses a 3 anos de reclusão.

“Vale lembrar também que só é pichação quando há a poluição visual, ou seja, seja em um lugar de visibilidade pública. Se for feita dentro de um prédio, por exemplo, o caso é tratado como dano ao patrimônio”, finaliza.

Símbolos pichados em muro de avenida da capital. (Foto: Kisie Ainoã)
Símbolos pichados em muro de avenida da capital. (Foto: Kisie Ainoã)
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