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Capital

Casos recentes revelam medo de vítimas de denunciarem agressores

Luana Rodrigues | 10/10/2016 10:34
Imagem de briga que veio a tona na semana passada. (Foto: Reprodução)
Imagem de briga que veio a tona na semana passada. (Foto: Reprodução)
Vídeo registra um dos momentos da briga, segundo testemunha (Foto: Reprodução)
Vídeo registra um dos momentos da briga, segundo testemunha (Foto: Reprodução)

Nos dois casos recentes de agressão envolvendo jovens, noticiados pelo Campo Grande News na semana passada, as vítimas não queriam denunciar os agressores. Agredidos de forma violenta e selvagem, só revelaram a situação depois que vídeos chegaram até suas famílias. Situação que, segundo a psicologia, refletem o medo e a humilhação diante das agressões.

No primeiro, que veio a tona na semana passada, a família da vítima só ficou sabendo da surra que o jovem de 18 anos sofreu depois que um vídeo foi parar na internet. Nas imagens, o rapaz aparece sendo duramente espancado por Jhonny Celestino Holsback Belluzzo de 19 anos, e Alessandro Ronaldo Mosca Junior, de 21 anos, enquanto outros assistem. 

O mesmo aconteceu com o jovem que foi agredido pelos próprios colegas de escola. Eles estudavam no Colégio Militar, e a vítima tentou esconder a situação da família, mesmo chegando em casa ensaguentado e com dores, depois de uma festa.

Tanto num caso, quanto noutro, foram familiares e amigos que convenceram as vítimas a denunciarem as agressões à polícia, porque se fosse por decisão delas, os agressores ficariam livres de qualquer punição.

De acordo com a psicóloga Abigail Lago, a reação de reclusão é comum, principalmente entre adolescentes, graças ao medo e a humilhação por terem sido vítimas. “É uma reação esperada, porque para o adolescente tudo é mais intenso. Junta-se o medo de ser agredido de novo a sensação de humilhação entre amigos, colegas e até desconhecidos. Então, para eles, quanto menos pessoas souberem do que houve, melhor”, explica.

Conforme a psicóloga, quando o caso ganha repercussão como foi com os recentes, ai que as vítimas sofrem. “É a mesma situação de agressão doméstica. A mulher não denuncia o marido agressor porque tem vergonha da família. Para o adolescente, a vergonha é com relação a turma da qual ele faz parte”, diz.

Em muitos casos, a vítima prefere se trancar em casa, não conversar sequer com amigos, neste caso há necessidade de tratamento, considera a psicóloga. “O tratamento pode ser uma terapia, uma conversa com psicólogo, algo para que ele se sinta melhor e não fique recluso em casa. Mas quem realmente precisa de tratamento são os agressores”, diz.

Proteção - Uma forma de deixar as vítimas mais confortáveis para denunciar, apesar da vergonha, seria uma proteção mais efetiva da polícia. Conforme o delegado Gomides Ferreira dos Santos, na Polícia Civil há um programa de proteção a testemunhas, mas só quando há grave situação de ameaça. “É impossível garantirmos proteção a todos, mas na pedida da estrutura que termos, garantimos segurança a quem precisa", explicou o delegado.

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