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Capital

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana

O blecaute deixou bairros sem energia, paralisou comércios, escolas e serviços públicos

Por Bruna Marques e Clara Farias | 05/11/2025 17:31
Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Atendimento no caixa de pet shop foi feito à moda antiga (Foto: Paulo Francis)

Pela segunda vez nesta semana, Campo Grande ficou às escuras. A sequência de apagões,  o mais recente registrado nesta quarta-feira (5), deixou bairros sem energia, paralisou comércios, escolas e serviços públicos.

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O Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Energia Elétrica de Mato Grosso do Sul atribui os recentes apagões em Campo Grande à falta de pessoal na Energisa. Segundo a entidade, a concessionária possui apenas 1.400 funcionários próprios e 2 mil terceirizados para atender 74 municípios. O presidente do sindicato, Francisco Ferreira da Silva, destaca que a empresa tem tecnologia avançada para monitorar temporais, mas carece de profissionais para atendimento. A situação é agravada pelos baixos salários, com piso de R$ 1.900, e pela terceirização, que compromete a qualidade do serviço prestado à população.

Quem depende da energia elétrica para trabalhar viveu um dia de improviso. O apagão fez comerciantes retomarem práticas “à moda antiga” para não parar completamente as vendas. Sem internet, sem sistema e com a bateria dos aparelhos ameaçando acabar, o dia virou um teste de paciência.

Na loja de rações gerenciada por Dandara Ayslin, o jeito foi improvisar. “O atendimento pelo WhatsApp ainda está funcionando, só a parte de telefonia não. A gente está conseguindo fazer as entregas, mas registrando de forma manual. Isso vai gerar um retrabalho, porque depois teremos que lançar tudo no sistema”, contou.

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Gerente da loja de tintas, Marcelo Chiapinoto (Foto: Paulo Francis)

Ela explica que tanto a loja quanto o galpão da empresa, localizado na Rua José Domingues, foram afetados. “O bairro inteiro ficou sem energia. As maquininhas estão carregadas, mas pode ser que a qualquer momento acabe a bateria. E se isso acontecer, não sei como vamos fazer”, disse.

Situação parecida viveu Marcelo Chiapinoto, de 45 anos, gerente de uma loja de itens para casa. “As vendas aqui são feitas geralmente por maquininha, tudo online. Agora tivemos que voltar à moda antiga, anotando os códigos pra dar baixa dos produtos e lançar depois, quando voltar”, contou.

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Funcionária de loja anota pedidos manualmente após falha no sistema causada por apagão (Foto: Paulo Francis)

Sem energia para carregar os equipamentos, Marcelo teme prejuízos. “Temos que torcer pra maquininha aguentar bateria. O prejuízo é grande, porque tem cliente que exige nota fiscal e aí precisa voltar outra hora. É complicado, a loja fica praticamente travada”, afirmou.

Em nota A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande reconheceu as interrupções no fornecimento de energia têm causado transtornos significativos ao comércio e aos serviços, comprometendo o atendimento ao público e resultando na interrupção das vendas.

A associação também alertou para os prejuízos indiretos provocados pela falta de energia, como a dificuldade de manter equipamentos e sistemas em funcionamento. Segundo a entidade, o problema é ainda mais grave em setores que dependem de refrigeração, como alimentação e conveniência, onde cada hora de paralisação pode resultar na deterioração de produtos e aumento das perdas financeiras.

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Funcionários de loja de tintas seguem trabalhando com luminosidade natural enquanto aguardam retorno da energia (Foto: Paulo Francis)

Cenário - De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o temporal desta quarta-feirra teve ventos de até 78 km/h e provocou chuva de 27,5 milímetros em apenas 25 minutos. Mais de 25 bairros ficaram sem energia.

O Corpo de Bombeiros registrou ao menos 86 chamados para queda de árvores e 11 de risco de queda. Além de um desabamento de telhado, quando chapas de zinco se desprenderam e atingiram uma residência no Bairro Portal Caiobá.

As rajadas de vento derrubaram árvores em várias regiões da cidade, como Carandá Bosque, Parque dos Poderes e Santa Emília. Nesse último bairro, uma árvore de grande porte caiu na Rua Camoquim, destruiu muros, destelhou casas e arrancou o padrão de energia de uma das residências. “Só escutei o barulho, ela caiu de repente”, contou o morador Denis Cleiton, de 29 anos.

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Árvore caída na Rua George Chaia, na manhã desta quarta-feira (5). (Foto: Osmar Veiga)

No Bairro Parque do Lageado, barracos da Comunidade Esperança foram destruídos. “Derrubou tudo aqui, destelhou os barracos”, relatou Willian do Nascimento Soares Júnior, que vive no local há poucos meses.

Na região central, bairros como Santa Fé, Vilas Boas, Vivendas do Parque e Monte Castelo ficaram sem energia elétrica. O apagão também atingiu regiões norte e leste, como Vila Nasser, Estrela do Sul, Santa Luzia, Jardim Seminário, Maria Aparecida Pedrossian, Panamá, Oliveira III e Parque dos Poderes.

A interrupção afetou semáforos em cruzamentos importantes. Na Avenida Mato Grosso com a Rua Paulo Machado, o sistema ficou desligado, obrigando motoristas a se revezarem informalmente. O cenário se repetiu em pontos como Ceará e Mato Grosso, onde o trânsito ficou lento. Técnicos da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) tentavam reativar os equipamentos com nobreaks, cuja autonomia é de cerca de quatro horas.

Comerciantes improvisam com papel e caneta após segundo apagão da semana
Árvore cai entre as ruas Yokohama e Ministro José Linhares e comércios ficam fechados por falta de luz. (Foto: Direto das Ruas)

A Energisa informa que segue atuando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia aos clientes impactados pela tempestade severa desta quarta-feira, que registrou ventos acima de 100 km/h em diferentes municípios do Estado, segundo dados do Cemtec/MS e do NetClima.

De acordo com a empresa, a tempestade atingiu áreas urbanas e rurais, derrubando árvores inteiras sobre a rede elétrica e projetando galhos, placas, telhas e outros objetos, o que provocou a queda de postes e o rompimento de cabos, fatores que tornam o trabalho das equipes mais complexo.

A concessionária reforça a orientação de segurança à comunidade: caso alguém encontre cabos partidos sobre ruas ou calçadas, não deve se aproximar em hipótese alguma. O atendimento pode ser acionado pelos seguintes canais:

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