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Capital

Criança recebeu tarde demais soro contra veneno e pai reclama do Samu

Marta Ferreira e Francisco Junior | 28/10/2011 11:23

Menina de 3 anos só começou a receber antídoto duas horas e meia após ser picada

Pai e avô da menina morta após ser picada por escorpião: Samu não fez transporte até unidade de saúde, mesmo acionado. (Foto: Pedro Peralta)
Pai e avô da menina morta após ser picada por escorpião: Samu não fez transporte até unidade de saúde, mesmo acionado. (Foto: Pedro Peralta)

Do momento em que a família percebeu que a menina Maria Eduarda, de 3 anos, havia sido picada por um escorpião amarelo até ela começar a receber o soro antiveneno, foram mais de duas horas e meia, segundo relato feito hoje pela família, no velório da criança, que morreu ontem à tarde. Uma das dificuldades foi que a família chamou o Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência), mas não conseguiu o transporte e teve que usar veículo próprio, o que levou mais de meia hora até ela chegar à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino.

Depois, foram mais duas horas até a transferência da criança para o HR, referência nesse tipo de atendimento. Esse tempo foi crucial, pois o protocolo, neste caso, indica que o ideal é receber o soro na primeira hora da picada.

A menina morreu 18h após ser atingida por um tipo venenoso de escorpião, o amarelo gigante. A demora já começou na ida dela para uma unidade de saúde.

O pai, Valmir Rissi José, 32 anos, contou hoje que, assim que avó, que cuidava da criança, percebeu o que havia ocorrido, ligou para uma tia de Maria Eduarda, que, por sua vez, acionou o Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência).

Segundo o pai, a informação dada é que as cinco ambulâncias disponíveis estavam ocupadas e não podiam prestar o socorro. Ele estava em um bairro distante, na Vila Pioneira, e, então, acionou o avô da criança, que estava no bairro Monte Castelo, onde trabalha.

Valmir ligou novamente para o Samu, segundo contou. “ A médica me disse que não tinha ambulância e que era pra usar transporte próprio”.

A família conseguiu levar Maria Eduarda para a UPA do Coronel Antonino meia hora depois. Ela já estava vomitando, segundo o relato dos parentes. O pai falou com indignação do que viu quando chegou à unidade. “Havia três viaturas do Samu paradas. Se uma delas tivesse socorrido a minha filha, nada disso teria acontecido”, disse.

Ele ainda reclamou de que se soubesse que o atendimento para pessoas envenenadas por picadas de animais tem como referência o HR (Hospital Regional), para onde a criança foi levada, teria ido direto para lá.

O coordenador do Civitox, Sandro Benites, disse que o tempo de espera pelo recebimento do soro é importantíssimo para a sobrevivência do paciente. “O quanto mais cedo melhor e o ideal é na primeira hora”.

O médico comentou que, poucos dias atrás, uma outra criança, de um ano e meio, também foi picada pelo mesmo aracnídeo, e sobreviveu. Neste caso, contou, a médica que fez o atendimento colocou a criança no próprio carro me levou para o HR.

O Samu ainda não se manifestou sobre o que aconteceu em relação a esse atendimento. O coordenador do serviço, Mauro Luiz de Brito, informou que está dando aula neste momento, e pediu para que o contato seja feito no fim da manhã.

Segundo as informações do CCZ, essa é a rotina de atendimento, procurar primeiro a unidade de saúde 24 horas mais próximas, que encaminha a pessoa ao HR, única unidade que tem o soro antiveneno.

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