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Capital

Debate para eleger reitoria termina com bate-boca e polêmica na UFMS

Escola sem partido, distribuição de recursos e até Aquário do Pantanal entraram na discussão

Chloé Pinheiro | 02/08/2016 12:30
Mesa com os candidatos das duas chapas foi mediada pelo jornalista Osmar Bastos. (Foto: Chloé Pinheiro)
Mesa com os candidatos das duas chapas foi mediada pelo jornalista Osmar Bastos. (Foto: Chloé Pinheiro)

O quarto e último debate antes das eleições para a reitoria da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) terminou acalorado. Durante as três horas do evento, que ocorreu no Teatro Glauce Rocha, as chapas opositoras expuseram sua visão, elaboraram planos e trocaram, como era de se esperar, algumas farpas. Em jogo, está a quarta maior receita do Mato Grosso do Sul – um orçamento anual de R$593 milhões – e uma estrutura de mais de 120 cursos de graduação e cerca de 20 mil alunos distribuídos em onze campus. 

Na plateia lotada, os ânimos estavam exaltados, com mais da metade do público apoiando a chapa “Por uma UFMS Diferente”, formada pelo candidato a reitor Marco Aurélio Stefanes e sua vice Alexandra Ayach Anache. A torcida incluiu muitas vaias e protestos à chapa considerada aliada a atual reitoria, “Juntos Somos UFMS”, encabeçada por Marcelo Turine, com Camila Ítavo como vice. Turine e Camila também contavam com um número significativo de apoiadores. 

Apesar da associação à gestão atual, de Célia Maria Silva Correa Oliveira, Turine nega que sua chapa represente continuismo. “Nunca tive um cargo nessa administração”, afirmou ele, que atualmente ocupa o cargo de diretor-presidente da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), vinculada à Sectei (Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação), do Governo do Estado.

Marcelo Turine e Camila Ítavo, candidatos a reitor e vice, respectivamente, da chapa "Juntos Somos UFMS". (Foto: Divulgação)
Marcelo Turine e Camila Ítavo, candidatos a reitor e vice, respectivamente, da chapa "Juntos Somos UFMS". (Foto: Divulgação)

Aquário - A discussão esquentou especialmente no 3º bloco, destinado à perguntas orais dos eleitores. Depois de alguns presentes tocarem em questões mais internas, como a participação dos sindicatos e conselhos na gestão da UFMS, um professor questionou Turine sobre o bloqueio de seus bens, solicitado em abril pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul) por conta da mortandade dos milhares de peixes destinados ao futuro Aquário do Pantanal.

Turine se esquivou com um parecer do mesmo TJ, o eximindo de responsabilidade no caso. A resposta não satisfez a plateia e uma professora o indagou novamente. Turibe se limitou a repetir a resposta anterior – e ouviu mais vaias. “Isso é um grande mal estar causado por grupos aqui da UFMS. Houve um erro na condução da pesquisa e cancelamos esse projeto”, justificou-se o candidato.

Marco Aurélio Stefanes e Alexandra Ayach Anache, que concorrem como reitor e vice-reitora da chapa "Por uma UFMS diferente". (Foto: Divulgação)
Marco Aurélio Stefanes e Alexandra Ayach Anache, que concorrem como reitor e vice-reitora da chapa "Por uma UFMS diferente". (Foto: Divulgação)

Universidade sem partido – Turine e Camila fizeram questão de ressaltar logo no início do debate que, caso eleita, priorizará uma gestão compartilhada e acessível, “sem usar ideologias e dogmas, como faz o Governo Federal”, segundo Turine. A fala foi aplaudida por seus eleitores, que carregavam faixas e cartazes de apoio.

O tema ideologia voltou à tona no bloco das perguntas diretas do público, quando um professor do curso de Ciências Sociais questionou o que a nova reitoria faria para proteger as minorias como o público LGBTT e os negros. Com o microfone, o docente disse que o lema de Turine lembrava o “Escola sem Partido”, mas a pergunta era direcionada à chapa de Marco Aurélio, que rechaçou o projeto, atualmente em discussão por todo o país. Segundo Alexandra, vice da chapa de marco, “as políticas afirmativas não podem ficar só no discurso e o tema deve ser incluído no currículo”.

Docentes, alunos e funcionários lotaram o Teatro Glauce Rocha, na Cidade Universitária. (Foto: Chloé Pinheiro)
Docentes, alunos e funcionários lotaram o Teatro Glauce Rocha, na Cidade Universitária. (Foto: Chloé Pinheiro)

Balanço – Apesar de em alguns momentos trocarem acusações, ambos os candidatos julgaram positivo o debate. “Conseguimos expor o programa de forma transparente e clara, a comunidade entendeu e estamos felizes com o apoio que recebemos de diversos setores”, afirmou Marco Aurélio. “Hoje foi muito importante para discutirmos sonhos e projetos para a Universidade, e fomos vencedores”, afirmou Turine.

A escolha da nova reitoria será decidida por um processo que ainda demorará para acabar. Na quinta, dia 4, os mais de 21 mil eleitores escolherão uma das chapas, mas esse não é o fim. “Essa é uma consulta à comunidade”, diferencia Paulo Zart, diretor da faculdade de Odontologia e membro da Comissão Eleitoral, que coordena o certame. Como a disputa deve ser tríplice, haverá um consenso entre as chapas para escolher um terceiro nome para compor o pleito. Depois, os nomes e o resultado da consulta são enviados ao Governo Federal, que é quem toma a decisão final.

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