Drive-thru “dos vencidos” recolhe medicamentos e eletrônicos velhos
No cruzamento da Rodolfo José Pinho com a José Antônio, quem quiser pode levar qualquer medicamento e eletrônicos vencidos
O CRF (Conselho Regional de Farmácia) em parceria com a Prefeitura de Campo Grande montou drive-thru, serviço em que não é preciso sair do carro, para receber medicamentos e produtos eletrônicos vencidos nesta quinta e sexta-feira (14 e 15 de maio). O ponto de coleta está disponível no cruzamento entre as Ruas Rodolfo José Pinho e José Antônio, no bairro Monte Líbano em Campo Grande.
O serviço fica por ali entre hoje e amanhã sempre no mesmo horário, das 7 às 12h. O objetivo é evitar a automedicação já constante na cidade, especialmente em época de pandemia de covid-19 e pelo mesmo motivo, evitar que as pessoas se desloquem sem segurança para o descarte.
Pesquisa do Datafolha de 2019 apontou que 77% da população se automedica no país, segundo dados do CFF (Conselho Federal de Farmácia).

Outra questão apontada pelos conselheiros que estão no serviço de drive-thru é que com o estoque de remédios em casa sempre elevado, o país tem índices altos de intoxicação por medicamentos vencidos.
Nesta quinta e também amanhã, dois pontos estão disponíveis, um em cada uma das ruas. Além de receber os produtos que depois vão ganhar destinação correta, os conselheiros fazem orientações e tiram dúvidas da população. O trânsito é auxiliado por agentes da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).
Conselheira do CRF, Mel Kuideroli, afirma que a população costuma descartar os medicamentos velhos em qualquer lugar, tanto lixo comum, como até no vaso sanitário ou na rua. Ela cita o dano ao meio ambiente e ao lençol freático. “É uma grande preocupação”, comentou.
“Existe um grande prejuízo à vida porque o Brasil é um dos maiores países com caso de intoxicação por uso de medicamento incorreto”, disse ela e exemplificou com pessoas que podem ter deficiências na visão e lerem um rótulo errado. “Por isso sempre orientamos o descarte correto”, diz.
O CRF entrega os medicamentos para a mesma empresa que tem parceria para esse tipo de descarte com a Prefeitura. A oxinal incinera os medicamentos e chega a realizar esse tipo de incineração com até uma tonelada por mês, produtos que chegam de unidades de saúde da Capital, mas também do interior onde a empresa firmou contrato com algumas prefeituras.
Os eletrônicos, por outro lado, são entregues na recic.le, especializada nesse tipo de resíduo. O CRF também tem pontos de coleta durante todo o ano, onde qualquer pessoa pode deixar medicamentos.

A conselheira cita a dificuldade que o Brasil tem em disponibilizar dados corretos sobre intoxicação, já que a tabulação não é constante e padronizada, explica. Além disso, ela cita que geralmente, nos diagnósticos de intoxicação, constam os sintomas, mas não a origem da patologia.
Quem aproveitou a oportunidade foi o trabalhador da construção civil Agnaldo da Silva Barros, 54. Informado com antecedência, ele foi logo cedo, antes das 8h, com uma sacola na mão. Levava remédios que estavam há 4 meses deixados na empresa onde trabalha, como pomadas, xarope para gripe e antibióticos.
“Acho que é importante fazer o descarte correto, tem a poluição ao meio ambiente. O frasco pode cortar uma pessoa, trabalhava perto do ponto de descarte, lá deve ter também, pretendo manter essa atitude”, conta.