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Capital

Empresa falta à audiência e vítimas seguem sem previsão de reembolso por "golpe"

Clientes relatam perdas de veículos e dinheiro após contratar serviços da companhia durante a pandemia

Por Clara Farias | 13/08/2025 17:37
Empresa falta à audiência e vítimas seguem sem previsão de reembolso por "golpe"
Fachada do Fórum de Campo Grande no Jardim dos Estados (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Ludibriadas com a promessa de pagar menos juros em parcelas de carro ou cartão de crédito, vítimas da empresa O Facilitador não tiveram sequer a chance de encontrar os representantes da companhia na audiência de instrução realizada nesta terça-feira (13). Ao juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, os advogados justificaram a ausência alegando que tinham outro compromisso judicial no mesmo horário.

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Empresa acusada de golpe em negociações de dívidas tem audiência sem réus. A OFX Assessoria Contratual Eireli, conhecida como O Facilitador, não compareceu à audiência de instrução nesta terça-feira (13). Os advogados alegaram conflito de agenda. A empresa acumula cerca de 200 processos no TJMS e teve suas atividades suspensas pelo Procon-MS em maio, após diversas reclamações. Testemunhas relatam prejuízos após contratar serviços da empresa. Vítimas afirmam ter sido enganadas com promessas de redução de juros em parcelas de veículos e cartões. Uma delas, Fernanda Soares, perdeu o carro após pagar R$ 3 mil à empresa. José dos Santos teve o veículo apreendido, mesmo sem atrasar as parcelas, e precisou pagar R$ 27 mil para recuperá-lo. Ambas as vítimas conheceram a empresa por meio de anúncios em emissoras de televisão.

A empresa OFX Assessoria Contratual Eireli acumula ao menos 200 processos no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Em maio deste ano, o Procon-MS (Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) suspendeu temporariamente as atividades após uma nova onda de reclamações.

No Fórum de Campo Grande, três testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público Estadual foram ouvidas. Uma delas, Fernanda Soares da Silva, contou que conheceu a empresa em 2020, quando trabalhava em uma emissora de televisão onde O Facilitador anunciava.

"Eu caí em um golpe. Estava com uma parcela do carro atrasada e uma para vencer. Entrei em contato com eles para negociar as prestações. Achei que ia ser uma boa. Paguei três mil para eles e perdi o carro porque inclusive ele foi para leilão", contou ela.

Empresa falta à audiência e vítimas seguem sem previsão de reembolso por "golpe"
Protesto feito por clientes em frente à empresa em maio de 2022 (Foto: Henrique Kawaminami | Arquivo)

Na época, o veículo de Fernanda Soares estava avaliado em R$ 24.500. "Muitas pessoas caíram na conversa deles. Próximo a mim, conheço pelo menos dez pessoas. Mas fizemos um abaixo-assinado com quase 300 assinaturas de vítimas", lembrou.

Outra vítima, José dos Santos, conheceu a empresa em 2021, no auge da pandemia de covid-19, por meio da esposa. Ela também havia visto o anúncio em um programa de televisão.

"Ela viu no horário do almoço, em um programa, o apresentador falando sobre a empresa. Me contou e eu fui contra. À noite, estávamos assistindo a outra emissora e outro apresentador falou sobre isso. Ela confiou", detalhou ele.

O casal, que trabalha no ramo de festas e eventos, temia pela instabilidade financeira causada pelo lockdown. "Eu nunca atrasei uma parcela do meu carro, e como estávamos com medo, sem saber o rumo das coisas, contratamos a empresa para reduzir o valor dos juros que pagávamos da parcela. Mesmo assim, nunca atrasei o pagamento", afirmou.

Segundo José, os representantes disseram que, a partir da contratação, eles não precisariam mais pagar as parcelas. Meses depois, um oficial de justiça e policiais militares foram à casa do casal para cumprir uma ordem de busca e apreensão do veículo. Para recuperar o carro, o casal teve de pagar R$ 27 mil.

"Ficamos um ano e meio pagando essas parcelas. O mais difícil para nós foi quando fomos consultar no banco para ver se tinha alguma negociação feita com a empresa e o banco disse que nunca recebeu uma ligação. Foi aí que percebemos que caímos em um golpe", finalizou.

O Campo Grande News tentou contato com os advogados que constam como representantes da empresa no processo, mas um deles afirmou que não atua para O Facilitador há um ano. Outro disse que não representa a empresa neste caso, e o terceiro não respondeu. O espaço segue aberto para manifestações futuras.

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