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Capital

Entre luto e “causos”, velório é marcado por certeza de crime profissional

Aline dos Santos e Luciana Brazil | 26/06/2013 09:25
Policiais acreditam em crime profissional. (Foto: Marcos Ermínio)
Policiais acreditam em crime profissional. (Foto: Marcos Ermínio)

Em meio à tristeza, boas lembranças e passagens pitorescas, uma certeza permeia o velório do delegado aposentado Paulo Magalhães, de 57 anos: ele foi vítima de um crime de pistolagem executado por profissional. Na noite de ontem, Paulo foi morto a tiros em frente a uma escola, no cruzamento das ruas Alagoas e da Paz, em Campo Grande.

“O crime foi encomendado e quem matou é profissional. Acertaram os tiros no tórax com precisão. Mas só a investigação vai poder concluir se a morte do Paulo está relacionada com a morte do Carvalhinho”, afirma o delegado aposentado Eder Redó, de 50 anos. Dono do jornal eletrônico Última Hora News e também policial aposentado, Eduardo Carvalho, de 51 anos, foi executado a tiros em novembro de 2012, em Campo Grande.

Eder conta que conheceu Paulo Magalhães quando ele comandava a delegacia especializada em investigação de homicídios, em meados de da década de 1990. “Não era só amigo, era discípulo do Paulo”, afirma. À época, o delegado determinou que os investigadores sempre trajassem gravata e camisa de manga longa.

“A sacada dele foi bacana. Éramos tratados de doutor e olha que éramos só investigadores”. Segundo o delegado, Paulo comparava a delegacia à Scotland Yard, polícia inglesa. “Têm dois tipos de pessoa na Polícia: quem gosta e quem odeia. O Paulo gostava do que fazia”, afirma.

O advogado criminalista Benedito de Figueiredo também reforça a tese de assassino profissional. “O Paulo foi pego de surpresa”, diz. O amigo conta que conheceu o lado acadêmico da vítima. O delegado aposentado também era advogado e professor universitário.

“Era idealista, carismático, amigo dos alunos, dedicado à luta pela honestidade e pelo bem. Os bons vivem pouco. Quem luta por Justiça acaba incomodando”, afirma. Outra faceta, era a paixão por motocicletas, tanto que o corpo é velado com uma jaqueta da Harley-Davidson.

Em seu site, Paulo Magalhães divulgou que respondia a 21 ações criminais e 8 cíveis sob a alegação de calúnia e difamação contra servidores públicos federais e estaduais. O velório, que acontece no Jardim das Palmeiras, também serviu para ecoar a decisão que vetou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dava à Polícia o monopólio da investigação criminal, retirando atribuição do Ministério Público.

O delegado da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários), Fernando Vila de Paula, lançou um desafio às autoridades. “Quero saber quem vai ajudar a esclarecer essa morte. Considero o Paulo o maior combatente contra a corrupção no Estado”, diz.

Paulo Magalhães foi aposentado por diagnóstico de transtorno bipolar, desta forma, segundo amigos, não poderia usar arma. Para eles, o delegado aposentado poderia ter condições de se defender caso estivesse armado.

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