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Capital

Entre os resgatados do frio, histórias de quem vislumbra futuro longe das ruas

Adriano Fernandes e Amanda Bogo | 18/07/2017 17:45
Moradores de rua resgatados pelas equipes do Centro Pop. (Foto: Marcos Ermínio)
Moradores de rua resgatados pelas equipes do Centro Pop. (Foto: Marcos Ermínio)

Superlotado por conta do frio recorde, desde esta segunda-feira (17) o Centro Pop (Centro de Referência Especializado Para População em Situação de Rua), reúne histórias de quem, mesmo em situação vulnerável, já enxerga uma chance de um futuro longe das ruas.

“Trocar um papelão por um colchão, no frio, é maravilhoso”, resumiu o rapaz, de 38 anos, ao agradecer pelo atendimento que recebe, há um mês, no centro de acolhimento.

Do tempo nas ruas ele recorda, sem saudades, do jeitinho improvisado em que ele se virava para conseguir um refúgio do frio. “A gente se cobria com papelão ou tentava se proteger onde podia para passar a noite”, completa.

“Sofri muita recriminação por parte da sociedade e me vi passando por outras situações insuportáveis”, conta a mulher, 36 anos, enquanto descreve o sofrimento da vida ao relento.

Morador com cobertor doados pelos colaboradores do centro de acolhimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Morador com cobertor doados pelos colaboradores do centro de acolhimento. (Foto: Marcos Ermínio)

Dos cinco meses perambulando pelas ruas da Capital, ela conta que passou fome, frio, necessidades do básico. Teve até um companheiro. “Mas brigamos então eu vim parar aqui”, completa.

Graças ao atendimento que recebe entre o Centro Pop e Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante), ela conta que já consegue vislumbrar uma vida digna.

“Depois que cheguei aqui a vida melhorou muito. Hoje eu estou quase empregada e tenho fé que vou conseguir reconstruir minha vida”, conclui.

Superlotado – Durante noite de ontem (17) e madrugada desta terça-feira (18), os educadores sociais, psicólogos e assistentes sociais do Centro Pop resgataram 26 moradores de rua.

Os acolhimentos elevaram a 79 o número de pessoas atendimentos no Centro Pop que tem capacidade total de até 80 pessoas. “É um trabalho diário, mas que intensificamos no período de inverno já que o frio pode até matar esses moradores”, comentou Artêmio Miguel Fersoza, coordenador do Centro Pop.

As equipes se deslocam em dois veículos, distribuindo cobertores e convidando os moradores de ruas a irem para o centro. Durante o dia as pessoas em situação de rua podem ficar no Centro POP e passam a noite no Cetremi.

“Os que não aceitam geralmente são alcoólatras ou vicíados em drogas”, pontua. Mas o trabalho também tem outro retorno positivo. “Cerca de 80% das pessoas que vem para cá no frio, permanecem. Dessa forma conseguimos fazer a reconstrução social, trabalhar a auto-estima e cidadania dessas pessoas resgatadas para que elas consigam ter um novo projeto de vida”, conclui.

A equipe da SAS percorre as ruas da cidade até às 23h e após esse horário atende as denúncias que podem ser realizadas através do telefone funcional (67) 98405-9528.

Frio recorde - Pela manhã (18), fez 3ºC em Campo Grande, mas os ventos derrubam a sensação térmica para -5ºC, às 5h, conforme a Redemet (Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica).

Para quem vivia nas ruas tendo papelão como único refúgio, cobertor é novidade. (Foto: Marcos Ermínio)
Para quem vivia nas ruas tendo papelão como único refúgio, cobertor é novidade. (Foto: Marcos Ermínio)
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