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Capital

Escola cívico-militar aposta na disciplina para recuperar tempo “perdido”

Estudantes tiveram somente duas semanas de aulas presenciais em 2020, antes da chegada da pandemia à Capital

Caroline Maldonado | 02/08/2021 12:48
 Acolhida na Escola Estadual Elpídio Ferreira Dias (Prof. Tito), no primeiro dia de aula presencial (Foto: Marcos Maluf)
 Acolhida na Escola Estadual Elpídio Ferreira Dias (Prof. Tito), no primeiro dia de aula presencial (Foto: Marcos Maluf)

Tudo ainda é novidade para os alunos da primeira escola cívico-militar de tempo integral do Brasil, que fica no Bairro Jardim Anache. Eles tiveram apenas duas semanas de aula no novo modelo, antes da escola fechar com a chegada da pandemia. Foi tão rápido que os estudantes nem se lembram muito bem do que há de diferente no dia a dia, além do hasteamento da bandeira e entoação dos hinos, mas a direção garante que foi tempo suficiente para perceber mudança de comportamento.

Esse detalhe pode fazer com que a escola ganhe tempo e saia na frente, nesse momento de retomada da aprendizagem presencial, na avaliação do diretor pedagógico da Escola Estadual Elpídio Ferreira Dias, Coronel Francisco Carlos da Silva Rojas.

As famílias relataram aos professores que os estudantes já mostraram mais interesse no horário de chegada, cuidado com uniforme e material escolar e já estavam orientando os pais a agirem dentro dessas novas orientações da escola, segundo o diretor.

Diretor pedagógico da Escola Prof Tito, Coronel Francisco Carlos da Silva Rojas, durante acolhida na manhã de hoje (Foto: Marcos Maluf)
Diretor pedagógico da Escola Prof Tito, Coronel Francisco Carlos da Silva Rojas, durante acolhida na manhã de hoje (Foto: Marcos Maluf)

“Na sala de aula, temos um nível de comportamento e disciplina melhor e o professor ganha tempo, ele pode explicar melhor, dar exercícios e o aluno aprende mais porque aproveita melhor o tempo”, explica o coordenador pedagógico, Coronel Rojas.

O Coronel acredita que tudo isso tem a ver com motivação para uma nova visão de mundo. “Quando é motivado, o aluno leva isso para sua comunidade e consegue também melhorar a visão de mundo da sua família”, comenta.

De fato, não falta motivação entre os estudantes. Em uma rodinha logo após a inauguração do novo prédio, que contou com a presença do governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), entusiasmados, alguns deles tentam se lembrar do que mudou naquelas duas semanas de aulas presenciais.

Estudante do 2º ano do ensino médio, Stephani de Souza Machado, de 16 anos (Foto: Marcos Maluf)
Estudante do 2º ano do ensino médio, Stephani de Souza Machado, de 16 anos (Foto: Marcos Maluf)

“É mais rígido, porém não é agressivo. Toda vez que o professor entra temos que fazer uma posição de sentido. Acolhida já tínhamos, mas agora são vários hinos entoados durante a semana: Nacional, da Bandeira, do Brasil, de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande”, conta a estudante Stephani de Souza Machado, de 16 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio.

Na escola, são 407 alunos, do 7º ao 2º ano do ensino médio, em 12 salas de aula. Entre eles, o aluno do 2º ano, Wesley Gabriel Cipriano, de 17 anos, elogia o novo ensino. “É bem produtivo, não dá para lembrar muito, porque foi muito rápido o tempo de aula presencial, mas estava sendo legal. Agora, temos chefe de turma, que auxilia o professor”.

Aluno do 2º ano do ensino médio, Wesley Gabriel Cipriano, de 17 anos, elogia o ensino cívido-militar (Foto: Marcos Maluf)
Aluno do 2º ano do ensino médio, Wesley Gabriel Cipriano, de 17 anos, elogia o ensino cívido-militar (Foto: Marcos Maluf)

Rotina - Os estudantes chegam às 6h40 para receber orientações do Corpo de Bombeiros, que são monitores, depois de cantar o hino nacional e hastear a bandeira. Eles orientam sobre tudo o que vai acontecer.

Às 7h, eles vão para as salas de aula, no meio da manhã, lancham e às 11h20 almoçam. Depois de mais quatro tempos e lanche, à tarde, os estudantes são liberados às 16h40.

A rotina é a mesma na Escola Estadual Marçal de Souza Tupã, no Bairro Los Angeles, onde o convênio é com a Polícia Militar.

Durante o período de ensino remoto, as dificuldades foram as mesmas de outras escolas em bairros com o mesmo perfil. “Os alunos ficaram em casa, entretanto, temos muitos alunos da aldeia Água Bonita, em situação de vulnerabilidade, que não tinham conectividade. Então, nós atendemos pequenos grupos de alunos agendados, com todos os cuidados de biossegurança, na sala de informática para que pudessem fazer as tarefas”, lembrou o Coronel.

 Alunos fazem posição de sentido, durante acolhida na Escola Estadual Elpídio Ferreira Dias (Foto: Marcos Maluf)
 Alunos fazem posição de sentido, durante acolhida na Escola Estadual Elpídio Ferreira Dias (Foto: Marcos Maluf)

Depois de ver muitas famílias passando necessidades antes de receber o apoio da escola com kit merenda e assistência, o Coronel faz questão de deixar uma mensagem de esperança.

“O importante é as famílias acreditarem na possibilidade de um outro olhar de mundo. Se elas acreditarem e sonharem alto, vai acontecer aqui o que já tenho visto em 44 anos de experiência com o ensino militar, alunos de comunidades carentes entrando em cursos de medicina, de direito, de engenharia, coisas que antes eram quase que impensáveis. Esse tipo de escola quer dar a mesma chance aos alunos em situação de vulnerabilidade social”, assegura Coronel Rojas.

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