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Capital

“Está esclarecido”, diz secretário alvo de operação ao deixar Gaeco

Flávio Britto, investigado pelo Gaeco e Gecoc, preferiu não comentar teor de depoimento

Por Anahi Zurutuza, Alison Silva e Caroline Maldonado | 30/11/2023 15:39
Flávio Britto ao deixar sede do Gaeco após ser interrogado (Foto: Juliano Almeida)
Flávio Britto ao deixar sede do Gaeco após ser interrogado (Foto: Juliano Almeida)

Ao deixar a sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), na tarde desta quinta-feira (30), o secretário-adjunto da Casa Civil, Flávio Britto, disse que o que tinha para esclarecer “está esclarecido”. Investigado na Operação Turn Off, deflagrada ontem com apoio do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrução), o “vice” de Eduardo Rocha foi demitido hoje.

Flávio Britto, conforme apurado pela reportagem, foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira (29). Ele também foi intimado a depor e hoje esteve no Gaeco para ser interrogado. O agora ex-secretário preferiu não dar detalhes sobre o teor do depoimento nesta tarde.

Mais cedo, a esposa de Britto, vereadora Luiza Ribeiro (PT), afirmou que era dever funcional do marido prestar esclarecimentos. “Na verdade, não tem informação sobre esse processo, porque corre em segredo de justiça. Mas, ao que foi informado, inclusive pela imprensa, se referem a contrato do período que ele era o chefe de gabinete, o secretário”, explicou a parlamentar ao ser perguntada sobre a investigação durante a sessão.

No governo passado, Britto chefiou a Secretaria Estadual de Saúde após a saída de Geraldo Resende (PSDB) para a disputa a cargo na Câmara Federal, no ano passado. Antes disso, era braço direto do então secretário. Nesta manhã, o parlamentar afirmou que nada tem a ver com os contratos investigados na Turn Off e, por isso, não comentaria o assunto.

A operação – A Turn Off investiga contratos para o fornecimento de material e serviços para as secretarias estaduais de Saúde e Educação que somam R$ 68 milhões e teriam sido conquistados por empresas por meio de fraude em licitações.

O esquema para desviar recursos dos cofres estaduais é liderado pelos irmãos e empresários Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, segundo as apurações iniciais do Gaeco e Gecoc, que ontem saíram às ruas para prender oito pessoas supostamente envolvidas e cumprir 35 mandados de busca e apreensão em busca de provas contra organização criminosa.

Resumidamente, o esquema consistia em burlar licitações abertas para a compra de equipamentos e materiais de consumo para as secretarias com a ajuda de servidores e vender ao Estado produtos superfaturados. Os irmãos negociavam propina para obterem ajuda dos funcionários do governo e vantagens sobre os outros concorrentes.

Pelo menos três empresas estão sob suspeita, a Maiorca Soluções em Saúde, de propriedade de Sérgio Coutinho Júnior, e a Comercial Isototal Ltda, que tem como dono Lucas Coutinho, conforme dados abertos divulgados no site da Receita Federal, e a Isomed Diagnósticos.

As apurações começaram durante a Operação Parasita, deflagrada no dia 7 de dezembro de 2022. “Dados extraídos dos aparelhos celulares dos investigados Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, apreendidos por ocasião” direcionaram a atenção do Gaeco e Gecoc para as contratações das empresas da dupla pela administração estadual, conforme anotou o juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, na decisão que autoriza prisões e buscas.

Para o magistrado, está evidente “a prática reiterada e contemporânea dos crimes contra a administração pública, de forma que os empresários (Lucas e Sérgio), valendo-se da interferência de servidores públicos (Edio Antônio Resende de Castro e Andréa Cristina Souza Lima, Simone Ramires de Oliveira Castro e Thiago Haruo Mishima,) e coordenador da Apae (Paulo Henrique Muleta Andrade), bem como com o auxílio do operador do esquema criminoso (Victor Leite de Andrade), pagaram ‘propina’ em troca do favorecimento de suas empresas”.

Os oito citados nesse trecho da decisão que o Campo Grande News teve acesso estão presos. O processo segue tramitando em sigilo.

“Turn Off” faz referência ao “primeiro grande esquema descoberto nas investigações, relativo à aquisição de aparelhos de ar-condicionado e decorre da ideia de ‘desligar’ (fazer cessar) as atividades ilícitas da organização criminosa investigada”, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

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