ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 32º

Capital

Família protesta contra absolvição de homem que matou vítima a tiros

Nesta manhã, parentes e amigos de Breno da Motta se reuniram em uma manifestação contra a absolvição do assassino do rapaz

Geisy Garnes | 13/05/2018 18:58
Breno foi assassinado pelas costas em frente ao condomínio que morava no Bairro Nova Lima. (Foto: Facebook/Divulgação)
Breno foi assassinado pelas costas em frente ao condomínio que morava no Bairro Nova Lima. (Foto: Facebook/Divulgação)

A manhã do Dias das Mães deste ano começou diferente para a família de Breno da Motta Marinho - assassinado em fevereiro do ano passado no Bairro Nova Lima. Reunidos em frente ao Santuário Estadual Nossa Senhora Perpétuo Socorro, o grupo clamou por justiça em um protesto contra a absolvição de Anderson Antônio de Brito Júnior - autor dos disparos que mataram a vítima.

Aos 21 anos, Breno foi assassinado no dia 28 de fevereiro, em frente ao condomínio onde vivia com a família no Nova Lima, ele foi ferido por três disparos feitos, dois deles nas costa, e não resistiu.

Ainda aprendendo a lidar com a ausência de Breno, Rosemairy Oliveira da Motta, de 46 anos, viu novamente o mundo desabar quando o assassino do filho foi inocentado. Anderson, de 19 anos, foi julgado na quinta-feira (dia 10) e absolvido após alegar aos jurados que “tinha medo” da vítima, que era ameaçado e agiu em legítima defesa.

Foi a revolta que levou a família e os amigos de Breno à Avenida Afonso Pena neste domingo (13). Vestidos de preto e com cartazes nas mãos, eles pediram por justiça. “Não convém o que esse garoto falou. Não teve legítima defesa, meu filho nunca andou armado”, defendeu Rosemary.

“O Breno se foi, mas ele tem mãe, tem irmãos, tem padrasto, amigos, e vamos lutar por ele. Eu acredito que alguém vai ver que isso está errado, porque está errado. Ele (o autor) mentiu, já tinha premeditado”, reforçou a mãe de Breno. Diante do júri, Anderson confessou o crime, falou que só atirou quando a vítima estava de costa e que havia comprado o revólver por R$ 200 “para se defender”. Ainda assim, só foi condenado a 2 anos pelo porte de arma.

Sem conseguir esconder a indignação e a dor da perda, Rosemairy e a família pedem que o julgamento seja anulado e um novo júri realizado. “Então não teve morte? O Breno não era humano? Ele virou as costa e andou e falam em legítima defesa? Estão tratando meu filho como “menos um”, mas ele não era assim, não é nada que esse garoto está falando”.

Com as palavras, também veio o choro, a saudade, a angústia do segundo Dia das Mães sem o filho e a certeza de que daria a vida pelo menino de 21 anos. Para Rosemairy a fé em Deus, o amor pelo outros dois filhos e a vontade de lutar por justiça, são as únicas forças que a mantém em pé.

“Eu tive meu filho 21 anos nos meus braços, na minha companhia, para um covarde tirar a vida dele, pelas costas. O Breno foi injustamente assassinado, ele sabia que a mãe estava esperando. O que eu puder fazer pelo meu filho amando, Breno, eu vou fazer. Vou fazer o que precisar. Eu quero a justiça, só isso, a justiça errou. E meu sentimento de mãe, como fica?”.

Anderson durante julgamento no dia 10 de maio (Foto: Saul Scharamm)
Anderson durante julgamento no dia 10 de maio (Foto: Saul Scharamm)

Entenda - O crime aconteceu no condomínio Nova Lima II, na Rua Zulmira Borba, no Bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande. O pai do réu, Anderson Antônio de Brito, 42 anos, chegou a ser acusado de dar cobertura ao filho na época, mas foi inocentado por falta de provas.

Em depoimento, Anderson contou que foi até a casa da avó, no Nova Lima, e levou o revólver calibre 32. Já na residência, o réu encontrou com o desafeto que teria feito sinal o ameaçando. Ele, então, foi ao encontro de Breno para conversar e durante o diálogo a vítima teria confirmado que o mataria e virado as costas na sequência.

O acusado sacou revólver da cintura e disparou pelos menos seis vezes, segundo a denúncia. A vítima tentou escapar, porém foi atingida com tiro nas costas e no antebraço. Breno foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu. “Atirei porque fiquei com medo dele. Não me lembro quantos disparos foram”, afirmou em juízo.

Na sentença, o júri reconheceu a materialidade e a autoria do crime, mas ainda assim entendeu que o réu deveria ser absolvido. Pelo porte de arma de fogo, o jovem foi condenado a dois anos de reclusão e 10 dias multa, em regime aberto. Isso pois, ainda durante o depoimento, ele confessou ter comprado a arma por R$ 200. Diante da decisão, o juiz decretou a liberdade provisória do suspeito, que cumpria prisão preventiva desde o homicídio.

Nos siga no Google Notícias