Morte de pastor não foi a única tragédia em família que pede justiça há 15 anos

"Estou vivendo pela minha neta". Com o coração apertado e sentimento de revolta, a mãe do pastor Júnior Lopes pede por justiça, após enterrar o filho caçula na última sexta-feira (27). A morte é um mistério que Venina dos Santos, de 61 anos, está revivendo após 15 anos. Não foi a única tragédia na família. Em 2006, o outro filho, Orlando Wesllen dos Santos Lopes, foi assassinado a tiros, aos 21 anos. "Meu filho morreu em 2006 e a polícia não fez nada", relembra a mãe.

A busca por respostas sondam o coração da mãe, que ainda não superou a falta de justiça para a morte de Orlando e teme que o mesmo se repita com Júnior.

Chorando, ela diz que a família está com medo. "Não sabemos com quem, nem com o que estamos mexendo, a carteira de motorista dele e o celular ainda não foram encontrados. Eu não quero que fique esquecido, se eu não tiver a imprensa junto comigo, não vou conseguir desvendar a morte do meu filho", diz.

Venina lembra que Júnior saiu de casa por volta das 19h15 da última segunda-feira (23), para ir na igreja, que fica a 1,8 quilômetro da residência, e não imaginava que não veria mais o filho. "1h da madrugada minha nora me chamou para falar que ele não tinha chegado, foi quando começamos a procurar".

A mãe afirma que às 22 horas, o celular de Júnior já estava desligado e não consegue entender o que ocorreu. "Ele não era uma pessoa de ter inimizades. Deixou uma filha de cinco anos e a esposa, que está muito abalada. É muita dor, só quero justiça", suplica a mãe, ao lembrar que está revivendo o mesmo sentimento de 15 anos atrás, quando perdeu o filho de 21 anos.

Em 2006 - O filho Orlando foi assassinado com um tiro no tórax, no dia 3 de dezembro de 2006, no Jardim Canguru, na Capital. Na época, um adolescente acabou identificado como autor do crime, que teria motivação passional. No entanto, ninguém - segundo a mãe -, respondeu pelo crime.

"Ele morreu em 2006 por causa de uma menina, a polícia não fez nada, ninguém deu a mínima importância. Nada do que eu falar vai descrever o que estou sentindo agora", lamenta.

O caso - O pastor era procurado desde a noite de segunda-feira (23). Por volta das 19 horas, saiu de casa para ir até a igreja, onde iria se encontrar com outros fiéis em um grupo de orações, mas nem chegou ao local.

A última notícia que a família teve, foi de que o pastor havia sido visto justamente nos arredores do Bairro Aero Rancho, onde foi localizado morto.

O corpo estava boiando no Rio Anhanduí, no cruzamento da Avenida Ernesto Geisel com a Rachel de Queiroz, no Aero Rancho, por pessoas que passavam pela região. A família foi avisada logo em seguida, chegou antes da polícia e reconheceu Júnior.

No corpo, foi possível ver lesões nas costas e no pescoço, mas ainda não há informações se os ferimentos causaram a morte ou aconteceram depois disso. No momento em que desapareceu, Valdenei estava usando uma camiseta do São Paulo, calça preta de tecido e chinelo de dedo azul, mas ele foi encontrado apenas de cueca.