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Capital

Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas

Nos três primeiros meses de 2017 foram registrados 276 casos de irregularidades

Yarima Mecchi e Marcus Moura | 12/04/2017 18:20
Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Calçada na Rua Emanoel Taveira, no bairro Serradinho. (Foto: Marcus Moura)

O número de notificações de calçadas irregulares triplicou de 2016 para 2017, segundo os dados oficiais. Mas, ainda sim o pedestre sofre com a falta de manutenção e muitas vezes conscientização de comerciantes e moradores de Campo Grande.

De acordo com Semadur (Secretário Muninipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), foram 493 notificações em 2016. Somente nos três primeiros meses de 2017, houve 276 casos registrados.

Se dividir pelo número de dias, no ano passado houve 1,3 notificações por dia. Nos primeiros 90 dias deste ano, foram 3,06.

Pelo caminho, os obstáculos são variados, desde desnível entre uma casa e outra, árvores e lixeiras que tomam parte da passarela, buracos, falta de manutenção e de acessibilidade. Dos bairros ao centro de Campo Grande, faltam piso tátil e acesso para cadeirantes.

No bairro Serradinho, região oeste de Campo Grande, sobram exemplos de mato alto tomando conta da passagem dos pedestre, restos de árvores, entulhos. Além de postes que ficam no meio da calçada.

Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Calçada na Avenida Noroeste, Vila Planalto. (Foto: Marcus Moura)
Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Calçada com lixo e desnível na Rua Doutor Ciro Bueno, Vila Planalto. (Foto: Marcus Moura)

Quem mora na Vila Planalto, já na região central da Capital, também sofre com o descaso de alguns moradores. A maior dificuldade é com as árvores: muitas tomam conta das calçadas e dificultam o trajeto de quem está a pé.

A dona de casa Agatha do Nascimento, 37 anos, reclama que como o bairro tem a maioria das ruas inclinadas tem muitos desnível entre uma calçada e outra. "Conforme foram construindo cada morador se preocupou em fazer só a sua e tem muitas em níveis diferentes", destacou.

Com dificuldade de locomoção por conta da idade, o aposentado José Antônio Gonçalves, de 64 anos, ressaltou que não há planejamento na cidade. "O problema de Campo Grande é que não tem planejamento, não tem modelo para construir, falta informação sobre a regra de como fazer a calçada", acredita.

Ele destaca também idosos sofrem quando tem fraturas. "Essa questão é muito ruim principalmente para quem é velho, por conta da idade é mais complicado para entrar em sair. Se a gente cai é mais difícil para colar", ressaltou.

Comércio - Nas principais ruas de comércio do Centro de Campo Grande quem passa pelas ruas 13 de maio e 14 de julho e pela avenidas Afonso Pena e Calógeras além de desviar de obstáculos fixos, tem que dividir espaço com mercadorias e vendedores que ficam nas portas das lojas.

Os consumidores são compreensíveis, mas afirmam que a situação atrapalha. Esenir Amorim, de 54 anos, estava distribuindo currículo e ressaltou que foi abordada diversas vezes por vendedores.

"Essa situação é complicada porque ao mesmo tempo que querem vender, as pessoas tem pressa quando passam pelo centro. Fui abordada umas duas vezes por gente entregando panfleto e por gente que oferece produtos, como chip de celular", informou.

Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Mato e poste em calçada do bairro Serradinho. (Foto: Marcus Moura)

A estudante de 21 anos, Letícia Oliveira, já conhece os caminhos da área central e destaca que o cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho é o pior para travessia.

"Na hora do almoço é o pior horário para fazer qualquer coisa no centro. O cruzamento da 14 com a Afonso Pena, tem gente vendendo coisa, ambulante, banca de fruta, poste de semáforo e muita gente. Quando posso evitar passar pelo local, eu evito", destaca.

Algumas calçadas não tem piso tátil e falta acessibilidade para cadeirantes e pais que usam carrinho de bebê. Com 15 anos, Janaína Matos dos Santos, foi com o filho de um ano no colo e deixou o carrinho de bebê em casa.

"Andar no centro é sempre ruim por causa do movimento, eu nunca trago o carrinho de bebê porque da muito trabalho para passar na frente das lojas e subir e descer do ônibus", destacando a dificuldade.

Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Piso tátil não continua em calçada do Centro. (Foto: André Bittar)
Número de notificações triplica, mas não falta mau exemplo em calçadas
Calçada obstruída com mercadoria na Avenida Noroeste. (Foto: André Bittar)

Arquiteta - Professora do curso de arquitetura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Natália Gameiro, explica que ao fazer um projeto de calçada o profissional tem que levar em consideração quem vai passar pelo local.

"Tem sempre que focar que tem que atender o desenho universal. Desenho Universal, quando qualquer pessoa pode andar. Obedecer as leis, inclusive do Guia de Calçadas da Prefeitura de Campo Grande", destacou.

Natália explica que ao fazer o projeto é necessário pensar nas regras, mas também no material que será usado. Ela explica que é melhor evitar pisos escorregadios e com grandes ondulações, por causa da trepidações.

"Tento evitar piso escorregadio e com muita trepidação. A pedra portuguesa, por exemplo, fica ótima, mas depois de um tempo começa a trepidar. A legislação fala sobre o assentamento do piso e não qual, é uma decisão do arquiteto e do cliente", ressalta.

Com relação as árvores que são plantadas nas calçadas, a arquiteta chama a atenção não só para a largura do tronco, mas também para altura da copa. Em muitas calçadas a reportagem notou que o tronco ocupa grande parte da passagem e dificulta a locomoção.

"A gente precisa ter uma faixa livre para passagem, essa faixa tem que ser excluída de obstáculo. A copa da árvore tem que estar a cima de dois metros. No caso do deficiente visual a bengala identifica o tronco, mas não a copa", explicou.

Os pisos táteis usados para ajudar deficiente visuais em seus trajetos, Natália destaca que não é somente colocar o objeto.

"Todos os piso teriam que ser contínuos da mesma direção. Muita gente não sabe, mas tem que ser de cor contrastante com o da calçada. Se a calçada é vermelha, tem que usar o piso de outra cor. Ele serve para deficientes visuais completos e pessoas de baixa visão, por isso o contraste", explicou.

Multas - Notificações relacionadas à ausência da calçada e rampa e adequação geram multas que variam de R$ 21, 87 por metro de testada. No caso de impedir o livre trânsito de pedestre a multa é de R$ 437,40.

As denúncias de irregularidades podem ser feitas pelo telefone Disque Denúncia 156.

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