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Capital

Por uma renda extra ou saudade, movimento cresce nos cemitérios

Bruno Chaves | 01/11/2013 08:49
Márcio ganha até R$ 800 com limpeza de túmulos no Cemitério Cruzeiro (Foto: João Garrigó)
Márcio ganha até R$ 800 com limpeza de túmulos no Cemitério Cruzeiro (Foto: João Garrigó)

Reservado para homenagens aos que morreram, o Dia de Finados é celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de novembro e leva milhares de pessoas aos cemitérios da Capital. Muitas delas, com dias de antecedência, juntam-se em verdadeiros mutirões de limpeza, decoração e organização de túmulos, seja por dinheiro ou por saudade daqueles que se foram.

Desde o início da semana, quem passa ao redor dos cemitérios públicos de Campo Grande percebe a movimentação de vendedores de flores, velas e fósforos. Uma forma de lucrar dinheiro e ajudar aqueles que deixam para comprar os itens básicos de homenagens fúnebres na última hora.

“Este ano investi R$ 1 mil e espero ter um bom retorno. Ano passado eu comprei R$ 700 em flores, velas e fósforos e ganhei R$ 2,5 mil na semana de Finados. Quero vender tudo e ir embora sem nada”, conta a dona de casa Seile Mara Ledesma, 40 anos, que montou uma barraca com os artigos em frente ao Cemitério Santo Amaro.

Já o pedreiro Márcio Duarte Oliveira, 26, aproveita para ganhar um extra limpando os túmulos. “Na semana do feriado, eu chego a tirar R$ 800”, conta. O valor pode até parecer pouco, mas quando o pedreiro conta que cobra de R$ 3 a R$ 5 para capinar a grama com a enxada e tirar o excesso de mato, a quantidade de “clientes” parece assustadora.

“O trabalho é muito rápido. To limpando uma sepultura e já tem duas ou três pessoas chamando para a próxima limpeza. É muita gente”, revela. O pedreiro lembra que chega ao Cemitério Cruzeiro às 6h e só sai de lá depois de uma jornada de 11 horas, às 17h30. “Nesse horário que o movimento começa a cair”.

O fato de a limpeza no cemitério na semana de Finados ser encarada como trabalho não impede Márcio de se emocionar com seus “clientes”. “Tem momentos que eu estou limpando e a pessoa começa a conversar e se comover. Elas ficam com saudades e eu me emociono com isso”, diz, lembrando que é preciso ganhar a renda extra e deixar de visitar os próprios parentes falecidos.

Vendedora de flores teve bom lucro em 2012 e tenta repetir a dose em 2013 (Foto: João Garrigó)
Vendedora de flores teve bom lucro em 2012 e tenta repetir a dose em 2013 (Foto: João Garrigó)
Casal tentou inovar e fez uma espécie e banner para homenagear a filha falecida (Foto: João Garrigó)
Casal tentou inovar e fez uma espécie e banner para homenagear a filha falecida (Foto: João Garrigó)
Neta, solicita, vai a túmulo de avós para limpar e enfeitar o objeto (Foto: João Garrigó)
Neta, solicita, vai a túmulo de avós para limpar e enfeitar o objeto (Foto: João Garrigó)

Tributo aos que foram – Mais do que obrigação, ir ao cemitério e preparar a limpeza dos túmulos para o Dia de Finados é uma forma de consideração aos que não estão mais entre nós. Para inovar e sair da mesmice das flores e velas, Antônio Evangelista, 64, decidiu fazer algo diferente em 2013.

Para homenagear a filha, que morreu em 1995 em um acidente automobilístico, Antônio decidiu fazer, utilizando as próprias mãos, uma espécie de banner em um suporte de madeira com a foto da jovem.

“Em todos os anos, eu e a minha esposa sempre trazíamos flor. Esse ano decidimos fazer algo diferente para tirar a cara de cemitério. Se todo mundo cuidasse assim, não ficava um cemitério tão triste”, opina.

Para confeccionar o presente, R$ 650 foram gastos. “É gratificante”, garante. O valor investido nas homenagens inovadoras superam os R$ 400 gastos em anos anteriores. Isso porque além das plantas decorativas, o casal sempre coloca uma tenda para proteger os homenageadores do sol ou da chuva.

Em um tributo mais singelo, porém não menos importante, a funcionária pública Anderlene Luisa Souza Ferreira, 37, costuma ir ao cemitério cuidar do túmulo dos avós. “Pelo menos nessa data eu venho, já que o resto do ano não sobra tempo”, conta.

Acompanhada do marido Josiel Farias Ferreira, 31, a mulher já está há cinco anos seguidos prestando esse tipo de homenagem aos familiares mortos. “Limpo o túmulo, coloco flores e acendo velas. Tudo em consideração”, revela.

Já o marido, solicito, acompanha a esposa por respeito. “Não conheci os avós dela. Mas me sinto bem em vir aqui e ajudar na limpeza”, afirma.

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