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Capital

Preso assassinado é 2ª morte em celas que uniram “faccionados” rivais

Edson dos Santos, 41, foi enforcado em cenário que simulou suicídio no Presídio de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho

Izabela Sanchez e Liniker Ribeiro | 29/12/2019 19:13
Viatura do sistema prisional de Mato Grosso do Sul em frente à Depac centro neste domingo (Foto: Marcos Maluf)
Viatura do sistema prisional de Mato Grosso do Sul em frente à Depac centro neste domingo (Foto: Marcos Maluf)

Morto enforcado por colegas de cela neste domingo (29), com cenário simulado para parecer suicídio, Edson dos Santos, 41, representa a segunda morte, em quatro dias, de internos do sistema prisional de Mato Grosso do Sul a morrerem com suspeita de disputas entre facções criminosas. Ele foi encontrado enforcado em cela do Presídio de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho.

Delegado de plantão na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da região central, José Roberto de Oliveira Junior, conduz o início da investigação e afirma que há possibilidade de que a morte de Edson tenha relação com o assassinato ocorrido no dia 26 de dezembro no Instituto Penal de Campo Grande.

Segundo o delegado, dos oito presos que ocupavam a cela onde Edson foi assassinado neste domingo, seis foram transferidos do Instituto após a morte de Julian Kenedi Vilhalva da Silva, 31 anos, no dia 25 de dezembro, em setor de isolamento no Instituto, e marcado com sinal de “CV” no peito.

No assassinato de Edson, a polícia apura envolvimento de Junior Fábio de Jesus Barbosa, 29, que confessou o crime, e Pedro Henrique Gonçalves Benites, 27, implicado na morte pelo comparsa, que o acusa de ter ajudado a pendurar o corpo de Edson para simular suicídio.

A polícia não comenta a relação entre as facções rivais, mas conforme apurou o Campo Grande News, Junior Fábio confessou ser membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e ter matado o colega que seria integrante da facção criminosa rival, o CV (Comando Vermelho).

Os três, acusados e vítima, foram transferidos do Instituto para o Presídio de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho. Junior e Pedro respondem, respectivamente, por tráfico de drogas e furto, em processos que tramitam na Justiça de Mato Grosso do Sul. O caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Delegado plantonista José Roberto de Oliveira Junior (Foto: Marcos Maluf)
Delegado plantonista José Roberto de Oliveira Junior (Foto: Marcos Maluf)

No Instituto Penal - Conforme apurou o Campo Grande News, o corpo de Julian, morto no Instituto Penal no dia 25, foi marcado com os dizeres “CV era CV”. Otavio Gomes da Cruz Pereira, de 29 anos, admitiu ter matado o detento. Julian e o desafeto pediram para sair do “raio” em que estavam, (uma ala com celas e solário do presídio) e queriam ser transferidos para isolamento. O motivo da solicitação não foi informado.

À tarde, por volta das 13h, Julian foi encontrado morto na cela, enforcado e com o tórax marcado com os dizeres “CV era CV”, uma alusão ao Comando Vermelho, facção carioca rival ao PCC e da qual Julian fazia parte, segundo o boletim de ocorrência sobre o caso. Na parede da cela também foi escrito "1533 NÃO PASSA NADA".

O Instituto goza da fama de presídio livre de facções, mas informações obtidas pela reportagem indicam que, para este presídio, são levados os estupradores ou traidores das facções que não podem ter convívio amplo com a massa carcerária do Presídio de Segurança Máxima, por exemplo.

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