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Capital

Santa Casa usa leitos privados para conter lotação na maternidade

Presidente do hospital, Esacheu Nascimento, fez alerta pelo twitter sobre procura excessiva pelos serviços da maternidade

Izabela Sanchez | 12/03/2019 11:52
Mulheres recebem cuidados em uma das salas da maternidade (Foto: Izabela Sanchez)
Mulheres recebem cuidados em uma das salas da maternidade (Foto: Izabela Sanchez)

Sentados um ao lado do outro, homens ocupam todos os assentos da sala de espera na maternidade Nilde de Almeida Coelho, na Santa Casa. Aguardam para ver os filhos pela primeira vez. Não é só a sala de espera que está totalmente ocupada. Lotada, a maternidade da Santa Casa precisou deslocar pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) para os leitos privados.

O alerta da superlotação surgiu no Twitter, uma publicação do presidente do hospital, Esacheu Cipriano Nascimento. A direção da Santa Casa questiona porque diversas gestantes não estão procurando acompanhamento nas demais unidades de saúde e hospitais cadastrados no atendimento obstétrico.

O centro de obstetrícia da Santa Casa recebeu 2.263 mulheres desde o dia 1 de fevereiro. A maioria, gestantes de baixo risco, acabam ocupando o espaço destinado às gestantes de alto risco, especialidade da maternidade. Além disso, foram 666 procedimentos, entre parto natural, cesariana e demais procedimentos cirúrgicos, acima da média do hospital, que é de 260 procedimentos mensais.

“De repente, no mês de janeiro e fevereiro nós tivemos uma demanda da ordem de mais de 1300 gestantes por mês, 2630 nos dois meses. O hospital é referência para as gestações de risco. Na medida que começa a vir para o hospital gestantes que estão em condições normais, que não apresenta risco de gestação, acaba quebrando o planejamento da nossa maternidade”, comentou o presidente.

Centro obstétrico da Santa Casa (Foto: Izabela Sanchez)
Centro obstétrico da Santa Casa (Foto: Izabela Sanchez)

“A questão é, por que estão vindo? Porque estão deixando de ir às UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], aos hospitais que fazem o atendimento básico, como o regional e o HU e estão vindo diretamente para a Santa Casa?”, questiona.

Esacheu afirma que o alerta veio do chefe da obstetrícia, o médico Walter Peres, comunicando sobre a “pressão” que o volume de gestantes coloca sobre a equipe. O presidente declarou que é necessária divulgação e orientação para as gestantes. “E não é o caso só do parto. O que a gente quer orientar as mães é que se ela não está tendo uma gestação normal, sem riscos, ela deve procurar uma unidade básica para fazer o acompanhamento e vir para a Santa Casa no momento do parto”.

A Santa Casa começou a implementar as diretrizes do parto natural e com isso, comentou o presidente, o número de cesarianas diminuiu de 78% dos procedimentos para 46%. “Isso está ocasionando um trabalho a mais para a equipe e nós implantamos aqui o parto humanizado, baixamos de 78% para 46%, estamos perseguindo a meta de baixar para 40% apenas”, disse.

Supervisora de enfermagem das linhas materna e infantil, Bárbara Bruno afirma que na última semana muitas pacientes da maternidade precisaram ser alocadas na admissão, por falta de vagas. “Teve um dia que 10 pacientes ficaram sem leitos”, contou. “O plano de ação foi abrir os leitos privados para tentar suprir a demanda”.

Gestante passa pela classificação antes do parto (Foto: Izabela Sanchez)
Gestante passa pela classificação antes do parto (Foto: Izabela Sanchez)

Com a lotação, a direção do hospital emitiu fax para a regulação, pedindo que outras mulheres fossem direcionadas para outros hospitais. “As vezes são pacientes que não tem nem pré-natal”.

Com a lotação dos 8 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, três bebês ficaram em outros leitos, que tiveram as salas fechadas, criando, dessa forma, um “efeito dominó” sobre a maternidade. “Aí não tem lugar para fazer [parto], faz na admissão”, comentou a supervisora.

A equipe, formada de uma enfermeira para cada horário na admissão, dois médicos plantonistas por horário e uma técnica de enfermagem, precisou chamar outra técnica para atender a demanda.

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