ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Sem receber parte do 13º, enfermagem da Santa Casa entra em greve

Até que a situação seja resolvida, apenas 30% dos trabalhadores continuarão em atividade

Kerolyn Araújo e Guilherme Henri | 31/01/2019 14:09
Cerca de 1.400 servidores, entre técnicos e enfermeiros, estão sem receber 40% do 13º. (Foto: Guilherme Henri)
Cerca de 1.400 servidores, entre técnicos e enfermeiros, estão sem receber 40% do 13º. (Foto: Guilherme Henri)

Enfermeiros e técnicos em enfermagem da Santa Casa de Campo Grande cruzaram os braços no início da tarde desta quinta-feira (31). Sem receber uma parte do décimo terceiro salário, os servidores deram início a uma greve e só voltarão ao trabalho quando o pagamento for regularizado. Até que a situação seja resolvida, apenas 30% dos trabalhadores continuarão em atividade.

Conforme o presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Lázaro Santana, os servidores receberam somente 60% do décimo terceiro. Os outros 40% foi divido em três parcelas, sendo que a primeira foi paga no dia 25 de janeiro. 

''As contas não esperam. É direito do trabalhador. Contamos com esse dinheiro no final do ano", disse o sindicalista. Ainda segundo Lázaro, o hospital não consultou os servidores sobre o parcelamento dos 40%.

Maria trabalha no local há quatro anos. (Foto: Guilherme Henri)
Maria trabalha no local há quatro anos. (Foto: Guilherme Henri)

Trabalhando no hospital há quatro anos, a técnica em enfermagem Maria Neusa Santana, 38 anos, diz que á primeira vez que vê isso acontecendo. ''Não tinha acontecido nos anos anteriores e, desta vez, pegou todo mundo de surpresa. Nós entendemos a dificuldade da unidade de saúde na questão dos recursos, mas só estamos cobrando o que é nosso por direito", defendeu. Segundo a servidora, vários trabalhadores se organizam desde o começo do ano para usar o dinheiro do décimo.

Para o enfermeiro Anderson Medeiros, 33 anos, a preocupação é com as contas que acabam atrasando. ''Elas não esperam. Em janeiro tem IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor). Também tem a anuidade do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que giram em torno de R$ 400 para enfermeiro. Como é que paga essas contas se não tem dinheiro? Todo o planejamento vai por água abaixo", disse.

Acompanhando a mãe que está internada na Santa Casa, a auxiliar administrativa Juliana Alves, 31 anos, apoia a greve. ''Concordo com a ação dos enfermeiros. A população tem que buscar seus direitos. Eles também são pessoas que precisam pagar as contas", comentou.

Greve - Segundo Lázaro, será mantido 30% do efetivo proporcional de cada enfermeiro em cada setor. Para não prejudicar tanto a população, no Pronto-Socorro, no CTI (Centro de Tratamento e Terapia Intensiva) e no Centro Cirúrgico serão mantidos 50% do efetivo.

Ainda conforme o sindicalista, a greve será mantida até que a Santa Casa pague todo o valor referente ao décimo terceiro.

Servidores cruzaram os braços nesta quinta-feira. (Foto: Guilherme Henri)
Servidores cruzaram os braços nesta quinta-feira. (Foto: Guilherme Henri)

Outro lado - Ao Campo Grande News, a Santa Casa informou que entre técnicos e enfermeiros, aproximadamente 1.400 servidores estão sem receber o restante do décimo. Para quitar a dívida com esses servidores, o hospital precisaria desembolsar R$ 700 mil. Para regularizar o pagamento de todos os servidores que estão na mesma situação, seria necessário a quantia de R$ 2 milhões.

Conforme o hospital, a Santa Casa ''quebrou'' porque está mantendo a unidade do Trauma sem os repasses que deveriam ser feitos pelo governo federal e estadual. Desde o ano passado a verba não é repassada para o local.

Do governo estadual, a dívida é de R$ 6 milhões. Já do governo federal, o valor chega a R$ 24 milhões. Eles deveriam repassar mensalmente ao hospital R$ 2 milhões e R$ 6 milhões, respectivamente.

Caso a greve seja mantida, o primeiro setor prejudicado será o de cirurgias eletivas, que poderão ser canceladas. O Pronto-Socorro e o setor de emergência também serão afetados.

Além dos técnicos e enfermeiros, servidores da administração também iniciaram a greve. Técnicos em radiologia também já sinalizaram que pretendem cruzar os braços caso não recebam.

A Santa Casa afirmou que, caso consiga a verba, os pagamentos serão quitados todos de uma única vez no mês de fevereiro.

 

*Matéria editada às 17h02 para correção de informação

Nos siga no Google Notícias