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Capital

"Sempre fui um cara bom, mas perdi a cabeça", diz réu de feminicídio

Raphael da Silva Fonseca é julgado por matar mulher com golpes de barra de ferro na cabeça, em Campo Grande

Por Dayene Paz e Bruna Marques | 22/02/2024 11:09
Raphael sentado no banco dos réus, ensta quinta-feira. (Foto: Bruna Marques)
Raphael sentado no banco dos réus, ensta quinta-feira. (Foto: Bruna Marques)

"Sempre fui um cara bom, mas no momento eu perdi a cabeça". Assim justificou o assassino de Silvana Domingos, 31 anos, atingida por golpes de barra de ferro, em uma residência do Jardim Los Angeles, em Campo Grande. Raphael da Silva Fonseca Dolores, 30, alega que a motivação foi por desentendimento sobre o valor de um programa sexual. O crime ocorreu no dia 17 de agosto de 2021 e o réu é julgado hoje.

No Tribunal do Júri de Campo Grande, Raphael foi questionado pelo juiz Carlos Alberto Garcete sobre o dia dos fatos e motivação para o crime. O magistrado proibiu que a imagem do réu fosse feita pelos órgãos de imprensa.

Dia do crime - Em sua versão, Raphael conta que durante o período da manhã procurou encontro sexual em site de relacionamento e encontrou o número de Silvana. Se interessou pela mulher porque o endereço informado era mais próximo à casa dele. Então, diz que enviou mensagem e os dois marcaram de se encontrar no imóvel onde a vítima estava, no Jardim Los Angeles, por volta das 16 horas.

Raphael chegou de motorista de aplicativo. "Vi que tinha duas pessoas e uma ou duas crianças na casa. Mandei mensagem dizendo que estava do lado de fora e ela falou para esperar um pouco. Esperei uns 10 minutos, falei que estava demorando, porque eu tinha compromisso e mandei mensagem dizendo que iria embora", alega.

Raphael conta que foi embora, mas no trajeto recebeu mensagem de Silvana, pedindo que ele retornasse ao imóvel e as pessoas que ali estavam já haviam saído. "Disse que tinha criança e que não foi o combinado. Ela insistiu, voltei e no caminho fui conversando com ela. Quando cheguei, ela estava no portão me esperando".

Silvana, na versão do réu, trancou o portão assim que entraram na casa. "Pedi água, entreguei o pagamento de R$ 150 combinado para uma hora e sentei na sala". Foi quando Silvana tomou banho e os dois foram para o quarto, descreve Raphael. "Nós começamos e ela falou que já estava correndo o horário no meio da relação. Mal tinha começado e  falou que já tinha acabado. Levantou do nada".

Raphael alega que como não havia terminado o programa, pediu metade do dinheiro que, supostamente, havia pago quando entrou na casa. "Discutimos e ela disse 'se você não gozou problema é seu'. Sentado na beira da cama, falei que ela tinha que me devolver 75 reais porque ainda faltava meia hora".

Silvana Domingos foi morta no dia 17 de agosto de 2021. (Foto: Reprodução/redes sociais)
Silvana Domingos foi morta no dia 17 de agosto de 2021. (Foto: Reprodução/redes sociais)

Contudo, na versão dele, Silvana diz que não devolveria e ainda, caso quisesse mais, teria que pagar R$ 100. "Falei que não ia pagar mais nada. Ela puxou meu celular da mão e disse que se não pagasse, eu ia ficar sem telefone. Pegou e jogou no chão", diz.

Enquanto vestia a roupa, ele conta que pegou o celular do chão e foi em direção a porta de saída. "Estava trancada a porta da sala e ela veio para cima de mim falando para eu dar o dinheiro. Me arranhou. Consegui pegar a chave, abrir a porta e ela em cima de mim. Vi na parte de fora a barra de ferro", descreve.

Ao juiz, Raphael afirmou se lembrar que a mulher pegou uma faca - fato desconhecido até o momento. "Dei um golpe. Fiquei nervoso, de cabeça quente, ela tinha me agredido. Foi pelo simples fato que nós fizemos um combinado e ela não cumpriu, faltava meia hora". O assassino, então, pegou o celular da vítima e fugiu, também em carro de motorista de aplicativo.

Ele foi questionado sobre a faca pelo Ministério Público - que atua na acusação. "Para a polícia não fala da faca, hoje o senhor trás essa faca", questiona o promotor. Raphael responde: "não lembrava dessa parte da faca". Além disso, sobre levar o celular de Silvana, o réu disse que foi por medo. "Vendi ele".

O MP também mostrou prints de conversa entre Silvana e uma amiga - esta que ficou na casa, escondida em um dos quartos, enquanto os dois mantinham relação sexual no outro cômodo. "Nessa conversa ela [Silvana] diz para a amiga que você estava nervoso porque era casado", pontua.

Sobre as lesões, Raphael diz ter dado dois golpes, mas foi contestado pelo Ministério Público diante de um relatório da perícia, que aponta cinco lesões na cabeça. Também haviam três lesões de defesa no corpo. "Mesmo com a faca, ela tentou se defender?", questionou o promotor. Raphael apenas respondeu: "não".

Todo esse cenário descrito por Raphael ocorreu na porta da casa, fato também que se contradiz ao que foi levantado pela investigação: "tudo aconteceu no quarto. Nada no corredor, nada na porta", pontua o promotor. "A amiga que estava no quarto do lado ouviu as pancadas, pensou que fosse tiro", completa. Ainda, ao finalizar, a promotoria questionou: "qual a necessidade de dar mais golpes?" e Raphael respondeu: "perdi a cabeça".

Já para a defesa, o réu alegou arrependimento. "Tenho mãe, irmã, prima, se eu parasse para pensar, tinha evitado tudo isso". Raphael foi denunciado por homicídio, qualificado por motivo fútil e feminicídio.

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