Servidores suspendem greve e criticam proposta de terceirização do HR
Liminar do Tribunal de Justiça proíbe greve no Hospital Regional e impõe multa de R$ 50 mil por dia

Com liminar do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) impondo multa diária de R$ 50 mil, os funcionários do HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian suspenderam a greve, marcada para começar nesta terça-feira (dia 10).
Reunido em frente ao hospital, no bairro Aero Rancho, o grupo de 60 pessoa decidiu manter o atendimento e descreveu um cenário de pressão, precariedade e temor da terceirização da gestão da unidade hospitalar.
Presidente do Sintss-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), Ricardo Bueno, reclamou que o Estado não dialoga, preferindo recorrer ao Poder Judiciário. Os servidores vão formar comissão para participar de audiência de conciliação, ainda sem data marcada.
“Estão jogando tudo para o ano que vem. A contratação de 20 pessoas não vai solucionar o problema. O déficit na enfermagem chega a 230. É cada vez mais evidente que eles querem terceirizar”, afirma Bueno.
À Justiça, o governo informou que foi autorizada a abertura de processo seletivo para contratação emergencial de 23 técnicos de enfermagem.
Sob condição de anonimato, funcionários relataram à reportagem problemas que vão do elevador à alimentação dos pacientes, onde ovo é a mistura de todo dia. Há quatro anos trabalhando no HR, servidor conta que a pior situação é a do setor de compras.
“A direção autoriza a fazer levantamento do que precisa comprar, só que não compra. Criou um sistema de comprar para suprir a urgência da urgência. Quando está no limite, compra”, diz.
O elevador, que quebrou no fim de semana com um paciente, também motiva reclamações. Os servidores contam que o elevador de maca está parado há seis anos. No domingo (dia 8), o corpo de um paciente desceu pelas escadas, levado por equipe dos bombeiros.
“A terceirização está chegando. Acho que o HR não escapa não”, diz uma técnica de enfermagem que trabalha no hospital há 13 anos. Ontem, o hospital informou que a falha no elevador foi pontual e seria solucionada pela empresa responsável pela manutenção.
Secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende disse que foi à Justiça contra a greve porque o paciente não pode ser afetado. “Estão politizando a situação. É greve por greve, sem pauta definida, sem enumerar itens para poder discutir. Mostrando que usam instrumento da greve politicamente para prejudicar o hospital”, afirmou nesta terça-feira.
De acordo com Resende, o sindicato não tem interesse na melhora do HR. “Querem manter nessa situação precária. Enfrentamos barreira com sindicalistas, que teimam em não aceitar modificações”.
Sobre a gestão do hospital, o secretário de Saúde afirmou que R$ 55 milhões serão investidos em 2020 no HR.
No mês passado, a médica Rosana Leite de Melo assumiu a direção do hospital.
Colapso – O Hospital Regional compartilha com a Santa Casa o maior número de atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Para demonstrar o impacto de uma greve, o Poder Executivo informou ao TJ/MS que, “mesmo com todos os supostos problemas apontados pelo sindicato”, foram realizados 19.226 atendimentos no mês de janeiro de 2019.

Temendo um colapso no atendimento à população, que reconhece ser “já tão sofrida” com a deficiência no segmento da saúde, o desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte concedeu na tarde de ontem (dia 9) liminar impedindo a greve, sob pena de multa diária de R$ 50 mil e corte do salarial referente aos dias de paralisação. Também foi determinado o agendamento de audiência de conciliação.