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Capital

Sonho da casa própria começa a virar realidade para famílias da aldeia urbana

Adriano Fernandes | 03/04/2019 23:59
Pai e filha moraram por quatro anos num espaço de pouco mais de 20 metros quadrados na aldeia. (Foto: Saul Schramn)
Pai e filha moraram por quatro anos num espaço de pouco mais de 20 metros quadrados na aldeia. (Foto: Saul Schramn)

Aos poucos o horizonte, antes tomado por barracos e outras construções improvisadas nas ruas de chão batido da Aldeia Urbana Água Bonita, ganha a forma que mais se assemelha a de qualquer bairro da Capital Morena. Por lá, 79 famílias das cinco etnias Guató, Kadiwéu, Terena, Guarani e Kinikinau serão beneficiadas com a construção de casas de alvenaria com 45 metros quadrados e cinco cômodos.

“Saber que no próximo inverno eu não vou precisa trazer meus filhos para fora de casa para dar banho, vai ser um alívio. E saber também que quando chover tudo será diferente, é muito maravilhoso”, comentou a dona de casa Luana Alfredo Cândido, de 24 anos.

As moradias, todas construídas com acessibilidade, devem ser entregues em março de 2020. A obra também contempla um sistema de saneamento com fossas sépticas e filtro anaeróbio. O complexo separa o líquido do sólido e devolve a água limpa sem risco de contaminação do lençol freático.

Construídas com recurso do Governo do Estado e Governo Federal, no valor total de mais de R$ 2,6 milhões, as casas estão sendo erguidas por 50 moradores da aldeia por meio do Proinc (Programa de Inclusão Profissional), da Prefeitura de Campo Grande. Gente como o senhor Sander Barbosa, de 47 anos, que estava desempregado há mais de seis meses, mas conseguiu voltar ao mercado por meio do programa.

Moradias tem cinco cômodos e 45 metros quadrados. (Foto: Saul Schramn)
Moradias tem cinco cômodos e 45 metros quadrados. (Foto: Saul Schramn)

“Eu estou construindo a casa do meu vizinho, mas na rua de trás está a minha casa, onde vamos chegar logo”, comemora. O projeto iniciou em setembro do ano passado com a formação técnica de 50 índios com cursos de eletricista, encanador, pedreiro, pintor, servente e carpinteiro que foram ministrados por sete instrutores, durante dois meses.

À época o Governo do Estado ainda firmou um convênio com o município no valor de R$ 771 mil para oferecer equipamentos de segurança e profissionais que ministraram os cursos profissionalizantes.

A qualificação que recebeu do Proinc, também surge como uma nova possibilidade de carreira daqui para a frente, adianta Sander. “Eu tenho o certificado e o principal, que é a experiência, eu já consegui. Quando essas construções acabarem eu posso chegar no mercado de trabalho preparado. Posso enfrentar o mercado de igual para igual”, comemora.

O pedreiro Silvio Francisco também está literalmente construindo o sonho da família. Ele, esposa, filha e genro residem no local há quatro anos, depois que saiu de Miranda em busca de oportunidade na Capital. “Estamos felizes e ansiosos com a casa. Será muito bom para nós”, disse a filha do pedreiro, Gleice Francisco, contemplada no projeto.

Os critérios estabelecidos para a participação dos indígenas teve a devolução da cidadania como base. Somente pessoas que estavam há seis meses ou mais sem carteira assinada, puderam ser escolhidas. Os trabalhadores recebem um salário mínimo mais cesta básica e ainda saem com dois certificados de formação profissional na área da construção civil.

 

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