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Cidades

Cirurgia para menor implante do mundo é feita em Mato Grosso do Sul

Procedimento indicado para tratamento de glaucoma foi realizado em seis pacientes do estado.

Anahi Gurgel | 19/07/2017 07:51
Menor implante do mundo é registrado em cima de moeda de cinco cenrtavos, para comparação de tamanho. Procedimento já foi realizado em seis pacientes de Mato Grosso do Sul. (Foto: Divulgação)
Menor implante do mundo é registrado em cima de moeda de cinco cenrtavos, para comparação de tamanho. Procedimento já foi realizado em seis pacientes de Mato Grosso do Sul. (Foto: Divulgação)

Mato Grosso do Sul é o primeiro estado do Centro-Oeste a realizar cirurgia para inserção do menor implante do mundo. Até um grão de arroz é bem maior que o novo dispositivo, desenvolvido para controlar a pressão intraocular em pacientes com glaucoma. No estado, o procedimento já foi realizado em seis pacientes.

A primeira cirurgia foi realizada em Campo Grande, no dia 11 de julho e, até o momento, cinco pessoas da Capital e uma do município de Bonito já passaram pelo procedimento.

“Até hoje, muitas pessoas entendem que o diagnóstico de glaucoma é uma condenação, já que a doença não tem cura. Mas é possível fazer tratamento com colírios ou cirurgia para controlar o problema. Os procedimentos estão cada vez menos invasivos e mais seguros”, explica o oftalmologista Arthur Fernandes Resende.

O “iStent”, como foi denominado, é indicado para pacientes com diagnóstico de glaucoma leve a moderado, e que tenham dificuldades em realizar os tratamentos tradicionais.

“Muitas pessoas sofrem com efeitos colaterais, ou possuem intolerância aos medicamentos. Sem contar que os pacientes encontram grande dificuldade em manter o uso correto dos colírios diariamente, podendo não comprar ou esquecer de usá-los. E nesses casos, o tratamento acaba se tornando ineficaz”, esclarece.

O procedimento para o implante no olho dura de 6 a 10 minutos e pode ser conjugado com outras cirurgias, como a de catarata, por exemplo, sem trazer riscos adicionais. O dispositivo, feito de aço, é colocado no seio camerular, entre a córnea e a íris.

O implante é tão pequeno, que nem o oftalmologista consegue detectar somente com os equipamentos do consultório. "Tem que fazer um exame específico para localizar e acompanhar o pós operatório”, explica Resende.

Até então, a cirurgia convencional- chamada de trabeculectomia - era a realizada pelos especialistas, geralmente em caso de doença avançada. Mas, conforme o médico, com esse novo implante, o controle do glaucoma é realizado de forma mais “inteligente”, utilizando técnicas menos agressivas, quando a doença ainda é mais facilmente controlada, atingindo redução na pressão intraocular de até 25%.

Dispositivo possui uma espécie de  "snorkel", para drenagem de líquido nos olhos. (Foto: DIvulgação)
Dispositivo possui uma espécie de "snorkel", para drenagem de líquido nos olhos. (Foto: DIvulgação)

“O procedimento causa menos inflamações e pode diminuir em até 50% o uso medicamentos para glaucoma no pós-operatório”, pontua.

Aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2017, o implante ainda não consta no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde), não estando disponível para SUS (Sistema Único de Saúde) e maior parte de convênios.

O Brasil é um dos primeiros países do mundo a realizar essa cirurgia. Nos EUA, ele foi aprovado em 2012.

Perigo silencioso – O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, afetando cerca de 4 milhões de brasileiros.

A doença caracteriza-se por uma alteração anatômica no olho, que impede que o líquido produzido seja drenado efetivamente, aumentando a pressão intraocular.

Há vários tipos de glaucoma, mas o mais comum é forma crônica simples, que representa 80% dos casos, especialmente nas pessoas acima de 40 anos.

“Estima-se que 50% das pessoas com glaucoma não sabem que têm a doença, o que aumenta muito o risco de ficarem cegas. É uma doença assintomática, silenciosa. Quando o paciente começa a sentir os efeitos na visão, significa que o estágio já está bem avançado, restanto apenas “lutar” para preservar a visão. A que já foi perdida, não pode ser revertida. O importante é sempre consultar um especialista e fazer exames regularmente”, alerta.

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