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Apreensão de carga de solvente com logo da Taurus obriga DOF a se retratar

Notícia do DOF que relatava a apreensão foi retirada do site e nesta terça-feira (2), uma nota de esclarecimento foi divulgada no site da Sejusp

Izabela Sanchez | 02/04/2019 10:11
Imagem divulgada junto com a notícia do DOF mostra caminhão com o logo da Taurus (Foto: Divulgação/DOF)
Imagem divulgada junto com a notícia do DOF mostra caminhão com o logo da Taurus (Foto: Divulgação/DOF)

Na segunda-feira (1) o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) divulgou, no site e no canal de comunicação com a imprensa no aplicativo Whatsappp, a notícia de uma apreensão realizada no domingo (31). Policiais que fiscalizavam a rodovia MS-295, na região de Iguatemi, a 466 km de Campo Grande, apreenderam um caminhão bitrem, com o logotipo da empresa Taurus, gigante do setor de combustíveis no estado, carregado de solvente.

Na nota divulgada, o DOF afirmou que o solvente seria utilizado “possivelmente” para adulteração de combustível no Brasil. O condutor, Fabio Agueiro Novaes, 38, relatou aos policiais que o solvente havia sido carregado em Sete Quedas, a 471 km da Capital, e seria levado até a cidade de Colombo (PR).

A carga foi enviada à Receita Federal de Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande, que acionou o “proprietário da suposta empresa”, conforme afirmou o DOF e este, por sua vez, relatou que o transporte “era uma devolução”. A Receita declarou, diz a nota, que o veículo entrou 11 vezes em Mato grosso do Sul, todas as entradas registradas como produtos de devolução, conforme consta no sistema de controle “da referida empresa”.

A reportagem consultou a Receita e pediu a identificação da empresa, mas a Receita não quis comentar o assunto. O DOF, por sua vez, afirmou que o condutor do caminhão “disse que o veículo não é da Taurus e que foi adquirido pelo patrão dele e não removeram as logos”. Questionado sobre a empresa em questão, o Departamento afirmou que a informação “não consta” e que o caso “não tem nada a ver com a Taurus”.

Aos policiais do DOF, o motorista havia informado, segundo a notícia, que a origem do carregamento é uma empresa fictícia e em frente ao local indicado, do outro lado da divisa com o Paraguai, os policiais encontraram um galpão “grande e com tanques”.

Caminhão bitrem sendo fiscalizado pelos policiais do DOF (Foto: Divulgação/DOF)
Caminhão bitrem sendo fiscalizado pelos policiais do DOF (Foto: Divulgação/DOF)

Retratação - Na manhã desta terça-feira (2), no entanto, a nota da apreensão foi retirada do site da DOF, a pedido do diretor do Departamento, segundo a comunicação, e uma nota de esclarecimento foi publicada no site da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

A nova nota afirma que o motorista apreendido “não possui qualquer vínculo com a empresa distribuidora de combustíveis TAURUS, cujo logotipo encontra-se estampado em sua carroceria”.
“O condutor do veículo possui várias passagens pela Polícia tendo, inclusive, sido abordado pelo próprio DOF no ano de 2016, pela prática de fato ilícito e, assim como outros criminosos, se utilizou do logotipo de empresa idônea justamente com o intuito de burlar a fiscalização”, declarou.

O gestor administrativo da Taurus, Luiz Carlos Ferreira de Paula, declarou ao Campo Grande News que o transporte de combustíveis é realizado pela própria empresa, com motoristas da Taurus e outros “agregados”. Todos os veículos, disse, apresentam a logo, um procedimento “para que a gente saiba onde estão os produtos, uma forma de personalizar”.

Ele negou a vinculação do bitrem apreendido, um modelo Iveco/Fiat, com a Taurus. Segundo o gestor, esse veículo não seria aprovado para rodar carregando combustível, pois os caminhões da empresa tem entre “1 e 2 anos”.

“São criminosos, até viatura da Polícia Federal pode ser clonada, a ideia que ele tem é que ele queria ter o trânsito no estado, não presta trabalho para empresa. Não procede [sobre o caminhão ter sido vendido pela Taurus]. Não temos domicílio fiscal [em Colombo, PR], não temos operações no Paraguai”, comentou.

A reportagem também perguntou se a Taurus nunca identificou que o veículo estava utilizando a logo da empresa, já que a Receita identificou 11 entradas no estado. “Se ela [Receita Federal] divulgou que tinha entrado 11 vezes, a gente não tinha condição de saber onde ele estava, a fronteira seca é muito grande, as outras 10 vezes rodou livremente, não temos como mensurar”, disse o gestor.

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