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Em Pauta

Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 31/10/2025 07:02
Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

Na época de Dilma Rousseff, período de maior crispação promovida pela esquerda, surgiu um incipiente movimento guarani de dominar não só as fazendas da fronteira, mas também as cidades por lá existentes. Chegaram a desenhar um mapa do domínio guarani. Uma mistura de alucinação com utopia. Desde a época da guerra promovida pelo demente Solano Lopes, os guaranis não tem força para exercer tal poder. Mas, e se eles chegassem à administração das cidades? Como elas seriam? Como seus habitantes viveriam? Fomos buscar na Bolívia o modelo de administração municipal exercido por um povo guarani.


Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

Uma cidade pantaneira.

Charagua Iyambae, fica no “Gran Chaco”, o pantanal boliviano. Na atualidade, contam com seis áreas protegidas, sem desmatamento, 75% de seus 71.000 quilômetros quadrados. É uma região autônoma indígena, com pouco menos de 40.000 habitantes.


Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

Como exercem o poder?

A administração é plebiscitária. Todas as grandes decisões são tomadas em uma reunião onde todos tem direito a voz e voto. O prefeito e os vereadores servem para colocar em prática as decisões da assembleia. Admitem o óbvio: “os mecanismos [administrativos] são um pouquinho mais longos na questão de lograr a execução de mandatos”. Tudo é mais moroso, mais lento.


Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

A dura vida em Charagua.

A apicultura é o motor econômico de Charagua. Um apicultor médio dispõe tão somente 18 colmeias. O plano governamental de chegar às 25 até o final do ano. Aprenderam a transformar o mel em sabão, cremes e outros produtos cosméticos. Uma das ONG que por esteve é denominada “Natura”, não sei se é a gigante brasileira que costuma apoiar esse tipo de ação. O empreendimento foi possível por respeitar as matas. Recebem do governo federal tão somente 1,5% de suas necessidades. É muito pobre.


Cidade administrada por indígenas: entre o ambientalismo e a fome

Constante litígio com fazendeiros.

Também vivem em constante litígio com fazendeiros do entorno de Charagua. E protegem o “guanaco”, um tipo de camelo andino, em perigo de extinção. Estão fazendo um censo das árvores de “algarrobo”, alimento de animais e humanos. Esse censo permitirá a comunidade construir uma pequena fábrica de farinha de algarrobo, uma vagem que, além de suas propriedades medicinais, é alternativa ao cacau.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.