INSS paga R$ 6,8 bilhões em benefícios previdenciários a trabalhadores afastados
Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 45.191 afastamentos previdenciários concedidos por mais de 15 dias
Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 45.191 afastamentos previdenciários concedidos por períodos superiores a 15 dias, com média geral de 48 dias por licença. Desse total, apenas 3.655 casos estiveram relacionados a acidentes de trabalho. A maioria absoluta, 41.536 afastamentos, teve origem em fatores externos à atividade profissional ou doenças comuns, inclusive transtornos mentais.
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Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 45.191 afastamentos previdenciários superiores a 15 dias, gerando despesas de R$ 6,8 bilhões ao INSS. Do total de casos, apenas 3.655 foram relacionados a acidentes de trabalho, enquanto 41.536 ocorreram por fatores externos ou doenças comuns. Os setores de saúde, educação, frigoríficos e construção civil concentram o maior número de afastamentos. Especialistas apontam que fatores psicossociais, falta de perspectiva profissional e ambiente de trabalho inadequado são as principais causas dos afastamentos, especialmente relacionados à saúde mental.
O volume total de licenças representou R$ 6,8 bilhões em despesas para o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) no ano passado. Deste montante, R$ 696,8 milhões corresponderam a acidentes de trabalho, enquanto R$ 6,1 bilhões resultaram de doenças não relacionadas ao ambiente laboral.
Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), que reúne informações de órgãos ligados ao trabalho, emprego e previdência no País. Os números do ano passado são os mais recentes da plataforma.
Setores como saúde, educação, frigoríficos e construção civil concentram o maior número de afastamentos. Além dos acidentes típicos, como fraturas e lesões em ombros e joelhos, doenças extralaborais — dores nas costas, cânceres, depressão e outros transtornos mentais — ampliam o total de ocorrências.
Para especialistas ouvidas pelo Campo Grande News, o cenário exige que empresas e trabalhadores reconheçam seus papéis. As corporações que ignorarem as doenças modernas, especialmente as mentais, ficarão mais expostas a afastamentos. Já o trabalhador precisa identificar seus limites para evitar o adoecimento.
Segundo a consultora em gestão de pessoas Elenara Baés, a raiz do problema está nos fatores psicossociais. “O colaborador percebe que o ambiente em que está não oferece perspectiva e não enxerga crescimento, e isso o adoece”, afirma.
Com 30 anos de experiência em psicologia organizacional, ela destaca a falta de propósito como um fator central. “O trabalhador carece de significado e clareza sobre seu papel. Isso gera fadiga profunda, estresse e adoecimento, agravados por relações autoritárias e comunicação deficiente.”
Elenara alerta que o custo do afastamento vai além da folha de pagamento. “A empresa gasta com novos funcionários, treinamentos e o ciclo se repete se o ambiente for tóxico. É o preço de não olhar para o trabalhador como ser humano.”
A administradora e consultora organizacional Lúcia Coletto reforça que a saúde mental deve estar no centro da gestão moderna. “Quando o colaborador busca o posto de saúde, é porque não se sente acolhido dentro da empresa. Se ele não encontra esse suporte, vai direto buscar fora”, observa.
Ela reconhece, contudo, que há casos de afastamentos motivados por “ganhos secundários”. “Existe quem queira se beneficiar, folgar ou receber sem trabalhar, mas é uma minoria”, pondera.
Para Lúcia, o equilíbrio depende de responsabilidade mútua. “O trabalhador precisa reconhecer seus limites. Se eu aguento dez horas e faço doze, estou ultrapassando o que meu corpo suporta. É preciso perceber isso.”
Do lado das empresas, é necessário rever a cultura organizacional. “A companhia deve permitir o descanso, oferecer espaços de pausa, programas de saúde e benefícios reais. Trabalhar não pode ser apenas sacrifício; tem que haver prazer”, afirma.
A consultora conclui que companhias sem plano de cargos e carreiras claros são mais suscetíveis a afastamentos. “Quando não há perspectiva de crescimento, o funcionário deixa de ver recompensa em permanecer ali”, finaliza.
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