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Arquitetura

Pé direito alto e tratamento de água dão luz, leveza e sustentabilidade

Paula Maciulevicius | 04/11/2014 08:35
Com uma altura de 8m, é o pé direito quem traz à casa a luz que vem de fora. (Foto: Celso Costa Filho)
Com uma altura de 8m, é o pé direito quem traz à casa a luz que vem de fora. (Foto: Celso Costa Filho)

A iluminação natural, o frescor e o ambiente arejado trouxeram leveza à casa. O "culpado" é o pé-direito. Com uma altura de 8m, é ele quem brinda os cômodos e também o rosto de quem mora ali com a luz que vem de fora. O solo foi feito para deixar a água da chuva seguir seu caminho. Os materiais que fazem parte da parede têm passado, vieram de outros imóveis. De estrutura metálica, onde se reaproveita a água e só despeja o esgoto depois de tratado, a casa ecológica faz seu papel.

Projeto do arquiteto Celso Costa Filho, o imóvel na região do Parque dos Poderes, em Campo Grande, tem uma concepção diferente desde o primeiro rascunho do projeto. "Quando fui contratado, fiquei dentro deste terreno durante 10 dias, analisando todas as hipóteses possíveis para a construção. Como eu poderia fazer a casa sem tirar as árvores que já tinham", explica. Tudo para praticar a arquitetura que se preocupa com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. O terreno em questão media 15x30 e das árvores, Celso Costa manteve a matriz, o pé de jatobá.

Não houve necessidade de aterro, e nem se precisasse, o profissional é enfático em dizer que em obra sua não entra trator, e segue um cunho social. 'Vender' a ideia aos clientes envolveu diálogo e argumentos de economia. "Junta estilo com qualidade. A casa ficou bem desenvolvida, bonita. Eles gostaram bastante", fala. O projeto foi executado em sete meses, no decorrer da obra é que entrou a ideia do tratamento de esgoto e do reservatório de água.

Onde se reaproveita a água e só despeja o esgoto depois de tratado, a casa ecológica faz seu papel. (Foto: Celso Costa Filho)
Onde se reaproveita a água e só despeja o esgoto depois de tratado, a casa ecológica faz seu papel. (Foto: Celso Costa Filho)

O solo que permite a total passagem da água é 98% permeável, por ser elevado do chão, Celso Costa Filho explica que a água da chuva vai mantendo sua caminhada sem interferência. "Quanto mais permeável deixar o solo, mais qualidade de vida ele tem em termos de temperatura ambiente, absorção da água", explica.

Em dia de chuva forte, destas que estampam os jornais com fotos de enchentes, o arquiteto visitou a casa que fez. "E o terreno dele estava intacto, sem aquela força da água. Usei o caimento do terreno para receber a água da chuva", descreve. A estrutura metálica da casa fica suspensa a 20cm do terreno na frente e 1,5m atrás, mantendo a formação original do terreno.

O sistema de tratamento de esgoto usado no projeto é da marca "Acqualimp", que segundo o arquiteto é mais acessível e tem uma linha residencial. "O esgoto sai com água quase 100% filtrada, você pode jogar na rede ou armazenar e usar na jardinagem e na limpeza da casa. Essa água é reutilizada pelo cliente ou ele joga fora. Nesta casa eles estão jogando, mas futuramente não vão precisar pagar a taxa de esgoto", aponta Celso.

A casa em si tem cerca de 200m², com dois quartos, cozinha americana, uma sala como cinema, sala de jantar, varanda, piscina e a garagem para os carros. O tijolo de demolição que é parte das paredes veio de Aquidauana, já as pranchas de madeira também foram reutilizadas. Obra rápida, a estrutura metálica dispensou a laje tradicional por painéis wall.

O tijolo de demolição que é parte das paredes veio de Aquidauana, já as pranchas de madeira também foram reutilizadas. (Foto: Celso Costa Filho)
O tijolo de demolição que é parte das paredes veio de Aquidauana, já as pranchas de madeira também foram reutilizadas. (Foto: Celso Costa Filho)

"A convencional precisa de pelo menos 100 escoras de madeiras para apoiar a lajota e fazer o concreto em cima. Depois são 28 dias até secar. O painel wall não precisa disso", informa o arquiteto. Dimensionado de acordo com o projeto no fabricante, o painel já vem cortado e depois as peças são montadas como pilares e as vigas. Após montado, a próxima etapa já é dos revestimentos e do fechamento do acabamento.

Em questão de valores, o que vai alterar é a forma de fazer. Os custos que encarecem a obra vem dos requintes. Se fosse aterrar, Celso Costa Filho explica que seriam gastos uma média de R$ 70 mil na proporção do terreno. O custo do metro quadrado fica entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil, levando em consideração os gastos nos detalhes.

O resultado da obra vem fazendo a família moradora feliz há três anos. "Ficou agradável, um ambiente bem legal. É um casal novo, moderno e bem ligado à tecnologia. Conseguimos mesclar o retrô, o campo e a tecnologia na casa", narra Celso.

Por enquanto os clientes não pedem, parte do profissional vender essa linguagem da arquitetura, presente cada vez mais lá fora e que vem crescendo, ainda que timidamente por aqui.

"Se todas as casas tivessem tratamento de esgoto, seria diferente a cidade. A arquitetura trabalha a habilidade da construção e a rotina de quem vai utilizar aquela construção e com certeza a sustentabilidade. O efeito da obra é como se fosse uma folha seca no terreno. Não se pode chegar derrubando, você que tem que se adequar ao terreno que você comprou e fazer o cliente morar naquele local do jeito que ele é", resume Celso Costa Filho.

O resultado da obra vem fazendo a família moradora feliz há três anos. (Foto: Celso Costa Filho)
O resultado da obra vem fazendo a família moradora feliz há três anos. (Foto: Celso Costa Filho)
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