MC Anarandà canta a ausência da mãe assassinada em clipe comovente
A canção nasceu da ferida aberta pela morte brutal da mãe da artista

Aldeia Guapoy, em Amambai, foi cenário do novo videoclipe de MC Anarandà, cantora indígena do povo Guarani Kaiowá. O vídeo da música “Mãe” estreou nesta segunda-feira (15) no YouTube e carrega um registro de memória, afeto e sobrevivência.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A canção nasceu da ferida aberta pela morte brutal da mãe da artista, assassinada e queimada, crime que até hoje não foi esclarecido. A ausência virou música, e a música virou grito. “Tive que convocar meus ancestrais mais poderosos para gravar este clipe. Até mesmo no palco, quando canto Mãe, me emociono. Quero que todos recebam essa música com amor, pois é só isso que sinto pela minha mãe, que ancestralizou”, diz Anarandà.
No vídeo, o sagrado e o cotidiano se misturam. Gravado dentro de uma casa de reza Guarani Kaiowá, o clipe traz crianças da aldeia, cantos de rezadeiras, sons de instrumentos tradicionais e a participação de quase toda a família da cantora. A avó materna, Kunã Yvoty Alexandra Ajala, de 112 anos, aparece como guardiã da memória e apoio afetivo na trajetória da neta.
Para ampliar ainda mais a força da canção, Anarandà contou com arranjos da Orquestra Indígena, regida por Eduardo Martinelli, e com instrumentistas da etnia Terena, Emili, Kethlen, Karine e Agatha Francisco, além de Maria Eduarda Albuquerque Matias.
“Mãe” faz parte do álbum de estreia “Pehendu Ore NÊ'Ê – Escuta nossas vozes”, previsto para ser lançado na primavera. O projeto foi viabilizado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC), da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
“Como documentarista, quis registrar esse lugar real, de origem e afeto. O clipe foi um processo coletivo e sensível, inclusive para a equipe, que foi recebida com um batismo tradicional”, explica a diretora do trabalho, Marineti Pinheiro.
O videoclipe pode ser assistido no YouTube