Do primeiro beijo ao coração partido, quem ousa lembrar do 1º amor?
Tem gente que não quer ver nem pintado de ouro, mas há quem guarde com carinho o nome do primeiro namorado (a)
Quem não lembra do primeiro namorado (a), nunca teve um ou ficou alguma mágoa na história. Para cutucar essa ferida ou causar nostalgia, o Lado B foi às ruas tirar essa dúvida e contar um pouco desses amores. De antemão saiba que as respostas não foram boas. A cada 5 pessoas, três não suportam voltar a falar dos romances que ficaram na adolescência ou na infância e resolveram manter a história com elas. Apesar do trauma, há quem guarde com carinho o nome das pessoas que um dia fizeram o coração bater diferente.
Venina! Cícero Fermino da Silva, de 61 anos, não precisou buscar na memória para saber a resposta. Ele fala na lata. Vendendo travesseiros na Rua 14 de Julho, ele abriu o baú do passado para contar como tudo aconteceu. Embora ela tenha sido a primeira, a história na memória dele se passa com outra, Irani. Aos 19 anos, quando Cícero morava em um sítio em Deodápolis, próximo a Dourados, conheceu a moça e se apaixonou de primeira.
A coisa toda fica complicada porque quando a paixão bateu forte no coração de Cícero, ele ainda estava em um relacionamento com Vanina.
“Quando estava com ela na varanda chegou Irani na casa dela, vi ela chegando e me apaixonei. Eu era jovem, quando conheci essa fui conhecer o que era amor, até então era só trabalho na lavoura colhendo amendoim, feijão. Terminei com a Venina e fui ficar com a Irani”.

Cícero demorou 60 dias para conquistar a jovem e segundo ele foram dias árduos e contados. O namoro avassalador durou apenas seis meses, mas, apesar de pouco tempo, o período foi o suficiente para deixar marcas profundas no vendedor que até hoje se lembra do término.
“Deu trabalho pra ela namorar comigo. Durou pouco, mas sofri mais de 10 anos por ela, que nem um condenado. Não existia mulher igual aquela. Na minha cabeça não tinha. Ela terminou e não quis voltar mais. Depois eu fiz birra também e não quis mais, tinha sofrido bastante. Eu só sei que sofri e viajei pra longe pra tentar esquecer ela. Enchia a cara ouvido os modões, Amado Batista. Aquilo era loucura total, mas ficou no passado”.
Depois de anos Cícero conheceu a atual esposa, Izete. O casal está junto há 36 anos “Depois que saí do sítio vim para cá, casei em Dourados. A primeira vez que vi minha mulher foi na rua, vi ela passando. Deu 6 meses a gente estava se casando. Eu quando vim do sítio era muito besta, não sabia conquistar uma mulher. A primeira namorada nunca mais fiquei sabendo de nada. Ela ficou brava porque troquei ela”.
Cícero já trabalhou vendendo de tudo no Centro de Campo Grande, de relógio a meias, mas hoje se dedica na venda de travesseiros.
“Eu já trabalhei de tudo, até com guarda-chuva. Agora diminuiu a procura porque as estações do ano estão ficando diferentes. Chegaram os aplicativos e acabaram com a venda de guarda-chuva. Aí chegaram mais lojas e acabaram a venda das meias. Agora estou há 2 anos nisso”.

Espera
Nos bancos da praça Ari Coelho, Regina Lúcia de Sousa, de 64 anos, conta que o amor pra ela foi sofrido e que o primeiro namorado a abandonou com uma filha. Lembrando o que ficou para trás ela ri como quem não sabe o que fazer. Sem jeito ela prefere não dizer o nome do homem.
“Arrumei outro e me abandonou também. Não ia com a minha cara, só de noite. Tive 4 filhos. O primeiro fiquei junto por 10 anos, tive um filho e o pior foi descobrir que ele era casado e eu não sabia. Eu falei que tava na hora de casar e aí ele falou que não podia porque já estava casado. Descobri depois de grávida. Larguei mão. Meu último relacionamento tem 25 anos, mas só nos casamos em dezembro de 2024”, explica.
Regina estudou apenas até a quarta série e trabalhou muitos anos como vendedora e doméstica em uma casa em Corumbá.
“Sou de Corumbá, fiquei anos trabalhando na casa de uma pessoa, mas um dos meus patrões morreu. Também não queria ficar longe mais. Agora sou aposentada, meu marido vende doce na praça e eu venho às vezes, fico aqui”.
Hoje, apesar de estar casada, o sonho de Lúcia é usar uma aliança, coisa que ela diz nunca ter tido em nenhuma relação amorosa. Apesar da história sensível, ela agora consegue rir do passado.
Um pouco mais à frente, na Avenida Afonso Pena, Fátima Dirce Villarga, de 60 precisou de apenas alguns minutos para lembrar o nome do amado da pré adolescência. O sortudo? Igor.
“Eu era menina tinha uns 14 ou 15, foi aqui em Campo Grande mesmo, foi muito bom. Lá atrás era diferente a gente ia nas matinês, o namoro não era avançado como é hoje. Foi muito legal, ficamos uns 2 anos juntos mais ou menos. Acabou com o tempo, eu acho. Não sou de ter muitos namorados, não era namorista, como eu chamo. Depois os anos passaram e veio outro relacionamento, me casei e tive três filhos”.

Ela conta, sem entrar em detalhes, que a covid-19 levou a filha mais velha e que agora está solteira, porém nunca sozinha “tenho um namorido”. Fátima, mais conhecida pelo segundo nome, Dirce, vende coco na avenida há alguns anos. Para ela é uma profissão que não dá muito dinheiro, mas ajuda muito no sustento.
“Trabalhei muito tempo no comércio, me aposentei por tempo de serviço e agora vendo água de coco. Me sinto bem aqui, ajudo como posso as pessoas. Compartilho trabalho de artistas locais, quem toca e canta por aqui. Tenho carinha de 60 mas faço muita coisa nova. Fico das 8h até final da tarde em dias de sol. Não ganho muito aqui, mas dá pra tirar uns trocado. Meu ponto aqui é humilde mas faço com carinho, melhor que ficar em casa. Isso me faz bem”.
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