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Comportamento

Enquanto fama de PM é hostil, Flávio é sargento, músico e poeta

Policial conta que consegue unir os dois campos em sua vida como um equilíbrio

Aletheya Alves | 16/08/2022 08:09
Flávio Malaquias Costa é poeta, músico e policial militar. (Foto: Arquivo pessoal)
Flávio Malaquias Costa é poeta, músico e policial militar. (Foto: Arquivo pessoal)

“Existe uma imagem preponderante do policial machão, bigodudo, mas apesar disso há colegas como eu que vivem com autenticidade pensando no que acreditam”. Vivendo entre aparentes extremos, Flávio Malaquias Costa, de 48 anos, conta que enquanto o imaginário sobre policiais militares é uma, sua realidade é outra, cheia de música e poesia.

Nesta semana, o sargento se tornou integrante da ABL (Academia de Letras do Brasil) de Costa Rica e, orgulhoso de seu lado artístico, conta que foi guiado por ele durante toda sua vida. “Meu sonho desde muito tempo é levar alegria ao coração das pessoas através de minhas músicas, poesias e escritos”, conta.

Detalhando sobre como tudo começou, Flávio narra que desde pequeno cresceu apaixonado por livros e, na adolescência, se encantou também pela música. “Eu tive muito contato com gibis e livros dos mais diversos temas, desde literatura até política e filosofia por influência da biblioteca do meu irmão, José Carlos, a quem agradeço muito”.

Enquanto o contato com os livros veio apoiado pela família, ele explica que a música recebeu apoio na escola. “Ganhei meu primeiro violão das irmãs salesianas do Colégio São José. Foi ali que recebi apoio e também comecei a exercitar meu lado artístico e literário”, diz.

Nesta semana, ele foi empossado na Academia de Letras do Brasil. (Foto: Arquivo pessoal)
Nesta semana, ele foi empossado na Academia de Letras do Brasil. (Foto: Arquivo pessoal)

Desde então, ele começou a produzir músicas e já passou pelas temáticas religiosas e regionais. Flávio relata que hoje suas referências são buscadas por aqui e cita Almir Sater e Manoel de Barros como dois personagens importantes em suas inspirações.

“Meu sonho, há muito tempo, é levar alegria ao coração das pessoas através de minhas músicas, poesias e escritos. No início deste ano consegui gravar um EP com temática regional, exaltando as riquezas do nosso Pantanal sul-mato-grossense. Foi um sonho realizado”, pontua.

Já sobre o âmbito da escrita, ele comenta que escolheu João Guimarães Rosa como seu patrono na ABL por ser um poeta urbano e escrever sobre questões existenciais.

E, sem nunca antes ter se imaginado trabalhando como policial, ele explica que se aproximou deste campo também pensando na música. “A princípio eu iria participar da banda, mas acabei nunca entrando neste grupo. Entretanto, fiquei na Polícia Militar e hoje já são 19 anos na profissão”.

Sobre o contraste das duas áreas, o sargento argumenta que precisou aprender a balancear sua vida pensando em cada objetivo. “Eu sempre tive meu trabalho pautado no respeito às pessoas, na humanidade e na Lei. O ambiente é hostil sim, não há como negar, mas consegui levar bem. Nunca deixei de lado o Flávio ser humano no serviço, até porque a humanidade que digo é enxergar no outro uma pessoa como eu”.

Trabalho como policial militar em sua vida existe há 19 anos. (Foto: Arquivo pessoal)
Trabalho como policial militar em sua vida existe há 19 anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda em relação à união do militar com o poeta, ele garante que a alteridade segue sendo uma parte essencial em ambas funções. “Penso que tenho que enxergar a outra pessoa com essa sensação de alteridade e, a partir daí, é cumprir a lei e tudo o que é estabelecido no Estado Democrático de Direito”.

Pensando em tudo isso, ele ainda conta que ter o lado artístico ativado faz com que sua vida seja ainda mais balanceada. “A arte é uma catarse para mim, minha poesia, música e contos são meus pontos de equilíbrio. Muita gente tem resistência quando conto sobre isso, não entende, mas é algo que me orgulho”.

E, reforçando a realização de seus sonhos, o sargento argumenta que nunca é tarde para seguir tentando. “Me orgulho do meu trabalho como policial militar e também das minhas criações. Sonhei muito em escrever e compartilhar minhas músicas, falo isso porque espero que as pessoas também não desistam. Nessa semana, quando fui empossado na ABL foi mais um sonho realizado”, completa.

Confira uma das músicas de Flávio:

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