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Comportamento

Esposas, filhas e mães, mulheres são maioria em saudade nos cemitérios

Paula Maciulevicius | 02/11/2015 11:05
As quatro gerações da família Araújo, mulheres que vivem a saudade. (Foto: Marcos Ermínio)
As quatro gerações da família Araújo, mulheres que vivem a saudade. (Foto: Marcos Ermínio)

Mães e filhas, esposas, tias, sobrinhas, avós. Mulheres que entram de braços dados porta adentro dos cemitérios carregando flores e velas nas mãos. A manhã do Dia de Finados é sempre a mesma cena: viúvas da saudade.

Dona Nadir Dias da Silva tem 83 anos, acompanhada da filha Adnair, ela visita o jazigo da família onde já passaram 15 pessoas entre as gavetas. Os pais dela, irmãos, sobrinhos, netinhos que morreram crianças e o marido, último a ser enterrado ali.

"Se são mais mulheres?" e antes de responder a senhorinha olha para os lados - "Não sei, mas é sim... Somos mais mesmo", afirma depois de averiguar. O porquê ela justifica dizendo que elas têm mais devoção e consideração. "Por isso fazemos mais visitas a eles", completa. Tem três anos que dona Nadir passou também a ser viúva, depois de filha, foi a vez de comparecer como esposa ao cemitério.

Mães e filhas, esposas, tias, sobrinhas, avós, maioria nos cemitérios. (Foto: Marcos Ermínio)
Mães e filhas, esposas, tias, sobrinhas, avós, maioria nos cemitérios. (Foto: Marcos Ermínio)

Cirurgiã dentista, Adnair Dias da Silva tem 56 anos e desde que se conhece por gente tem na memória as idas ao cemitério. "Os homens são mais desgarrados, preferem fazer uma oração em casa mesmo. Para as mulheres é um pouco da cultura e uma lembrança, desse ente querido", explica. Como forma de matar saudades, hoje do pai que ela estava ali. "Mulheres somos mais apegadas mesmo".

As quatro gerações da família Araújo estavam a arrumar flores e porta-retratos no jazigo da família. Era da bisavó à bisneta, da casa dos 10 até 80 anos. "As mulheres são mais em número, só que os homens também se fazem presentes", constatava Nathália de Araújo Guimarães, de 32 anos.

Saudade e cultura é o que leva elas até os jazgiso das famílias. (Foto: Marcos Ermínio)
Saudade e cultura é o que leva elas até os jazgiso das famílias. (Foto: Marcos Ermínio)
Dona Nadir carrega saudade no peito em forma de pingente. (Foto: Marcos Ermínio)
Dona Nadir carrega saudade no peito em forma de pingente. (Foto: Marcos Ermínio)

A manhã das quatro já havia sido dividida entre dois cemitérios, no Santo Amaro está o lado materno e no Santo Antônio, o paterno. "Aqui estão meus avós e meu pai. Vemos como uma forma de reverência a Deus", explica. O que virou tradição na família é uma cultura passada de mãe para filha.

"As mulheres cultuam mais e também temos mais atitude. Meu marido morreu há 22 anos. Foi um acidente, ele ia vender uma fazenda e um caminhão de asfalto entrou na frente dele, na estrada, o carro capotou e... O que eu sinto é saudade, dói demais e já se foram 22 anos", narra Elisabete Bertolucci de Araújo Guimarães, de 56 anos.

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