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Comportamento

Festa de 15 anos acaba em porre duplo, mas a ressaca é dos pais

Quando adolescentes começam a testar os limites, no caso com o álcool, como lidar?

Bárbara Cavalcanti | 29/10/2021 06:25
Adolescente bebe vodka direto da garrafa ao jogar video game. (Foto: Reprodução)
Adolescente bebe vodka direto da garrafa ao jogar video game. (Foto: Reprodução)

A reunião parecia inofensiva. Uma festa de 15 anos com a família em peso na comemoração glamourosa, quando começaram as flexibilizações diante da covid em Campo Grande. Mas a meninada quando quer, sempre arruma um jeito de aprontar. Resultado: o primeiro porre para 2 amigas de 14 anos.

Aí a história começa a se dividir. Em um dos casos, a menina passou mal, vomitou o que tinha no estômago, mas quando voltou para casa, acordou a mãe e contou o resultado da bebedeira. O susto foi ao descobrir que a filha não estava em “segurança”.

“A gente pensa que em festa assim, de família, essa garotada vai se comportar. Mas se esconderam e foram tomando vodka com energético”, conta a mãe, que terá o nome preservado para não identificar a filha.

Mesmo abrindo o jogo por “dor na consciência”, não teve jeito. “Entrou de castigo na hora, sem celular e sem festinhas até o fim do ano letivo”, afirma.

No segundo caso, a garota dormiu na casa de uma amiga, voltou como se nada tivesse acontecido e só foi descoberta depois de ser “delatada” no grupo de WhatsApp da escola pela mãe da companheira de porre.

Nesse caso, o que pegou foi a mentira. “Se ela tivesse me contado, eu até ia entender, porque tomei meu primeiro porre aos 15. Mas mentir quebra toda a confiança. Também já faltou a duas festas de 15 anos”, diz a outra mãe.

A mãe que colocou a boca no trombone, não se arrepende. “Pensei muito em um caso que aconteceu na minha adolescência. Um dia, meu melhor amigo bebeu, foi dormir lá em casa e os pais dele nunca ficaram sabendo. Semanas depois, ele tomou outro porre, pegou o carro e quase morreu em um acidente. Minha mãe sempre se culpou”, lembra.

De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE, Mato Grosso do Sul é o estado do Centro-Oeste brasileiro com maior percentual de estudantes que já experimentaram bebidas alcoólicas.

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Não precisa desesperar

Mas de acordo com a psicóloga Veronica Rozisca, de 42 anos, com 18 de experiência na Psicologia, tomar um porre ao menos uma vez durante a adolescência, em termos gerais, é um comportamento “compatível com a fase”.

“Adolescentes testam limites. É claro que não é recomendado, pois o adolescente não está biologicamente preparado para ingerir bebida alcoólica. Mas experimentar bebida e, em alguns casos, tomar um porre, é um comportamento que é compatível com essa fase de aprendizado, de testar limites”, explica.

Ensinar a um adolescente que ele não precisa testar literalmente todos os limites é justamente a função do adulto responsável, também enfatiza Verônica. “A criança ou adolescente não tem autocontrole, nem autoconhecimento. É por isso que ele precisa de quem o controle, um adulto que o ensine. Assim, aos poucos e com o tempo, vem a maturidade”, detalha.

Psicóloga Verônica Raziska. (Foto: Reprodução)
Psicóloga Verônica Raziska. (Foto: Reprodução)

No caso do porre, se chegar a esse ponto, o ideal é esperar o adolescente estar bem e sóbrio, antes de partir para a bronca. “Primeiro, é necessário cuidar da saúde e da segurança. Até porque, ninguém vai prestar atenção em uma bronca enquanto está vomitando. Depois, quando ele já estiver em condições de entender e raciocinar, então, essa é a hora da disciplina”, ensina.

A profissional também reforça que a reação de cada mãe ou pai e, consequentemente, a aplicação dessa disciplina, varia conforme os princípios éticos e culturais, além das práticas educativas daquela família.

“Em uma situação ideal, todo mundo resolve na conversa, mas é normal que o pai ou mãe grite ou fique com raiva. E podem expressar como estão se sentindo, se estão decepcionados ou preocupados. Mas o castigo ou a consequência, isso vai variar muito entre as famílias, justamente conforme os princípios”, comenta.

A palavra da vez é acolhimento, principalmente, em casos em que o próprio adolescente “confessa o pecado”. “Se o próprio adolescente chega e conta esse tipo de coisa, é porque ele sente uma confiança, uma cumplicidade com o pai ou a mãe. É importante, ainda mais nesses momentos, acolher a verdade”, acrescenta.

Você também já tomou um porre na adolescência? Ou enfrentou isso com o seu filho? Conte no mapa como foi e qual a lição disso. Não precisa informar o nome completo, nem dar o endereço com exatidão, para não identificar o adolescente. Basta digitar o bairro onde mora ou o lugar do porre. 

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