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Comportamento

Furar orelha de bebê é cultural, mas debate esquenta com força feminista

Para quem prefere manter a tradição, até serviços em domicílio mantêm o conforto no puerpério

Danielle Valentim | 28/09/2019 09:05
Valentina furou a orelha nesta quita-feira. (Foto: Furo de Orelha)
Valentina furou a orelha nesta quita-feira. (Foto: Furo de Orelha)

Todo mundo dá pitaco em vida de mãe e, dentre tantas intromissões, um dos detalhes é sobre furar ou não as orelhas de recém-nascidas, o que é algo cultural no Brasil. Mas a “tradição” ganha novos debates, entre eles o desrespeito ao livre arbítrio, a violência contra o bebê e tem até abordagem feminista.

Para as mães que não abrem mão do costume e preferem colocar a joia logo no primeiro mês, serviços a domicílio mantêm o conforto no puerpério.

No caso da acadêmica de Pedagogia Renata Rossi Matricardi, de 26 anos, o serviço em casa “caiu como uma luva”, já que ela acaba de passar por uma cesariana. Valentina está com 20 dias e acaba de furar as orelhas. A irmã mais velha, Maria Flor, também passou pelo procedimento com o mesmo tempo de vida.

Maria Flor, irmã mais velha da Valentina, teve a orelha furada no mesmo período.
Maria Flor, irmã mais velha da Valentina, teve a orelha furada no mesmo período.

“Eu acho que não tem nada a ver e também nunca pensei sobre o fato de deixar ela escolher. Acredito que por ser menina a gente queira enfeitá-la. Eu já furo no primeiro mês, porque a cartilagem ainda é molinha e eu não vejo como violência. Sobre o fato dela escolher, eu acho que criança maior terá muito mais medo em furar e a dor será maior. E se fura bebê, depois ela tira e não usa mais, se preferir”, conta.

Entre três vertentes, a professora e doula Laís Camargo, de 28 anos, sempre procura o meio termo. Para ela, colocar brinco em um bebê é um rito de passagem.

“A minha opinião é que existem três vertentes sobre furar ou não a orelha: O pessoal que não fura pela questão da invadir o corpo da criança; a galera que acha que tem de furar porque é menina, pronto e acabou e a terceira que eu chamo de ritual. Eu sou uma pessoa que tem muitas tatuagens e eu acredito nesse rito de passagem e furar a orelha representa isso, a transição de um bebê, para um bebê com alguma identidade. Tatuar meu corpo representa identidade, pertencimento, então nesse sentido que acredito que furar a orelha também seja um ritual”, conta.

Maria Eduarda segue plena sem brinquinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Maria Eduarda segue plena sem brinquinho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para a bacharel em Direito Camila de Almeida Rezende, 30 anos, o primeiro entrave foi o religioso, mas hoje decidiu respeitar o livre arbítrio da filha.

“Tenho 2 filhos, Arthur com 3 anos e Maria Eduarda com 1 ano e 1 mês. Sou de família evangélica, não tive a minha orelha furada nos primeiros dias de nascida. Eu, por exemplo, só furei a orelha aos 21 anos e quando minha caçulinha nasceu optei por não furar, se ela quiser furar quando for mais velha e tiver consciência plena com certeza eu levarei ela pra furar”, garantiu.

Na onda do árbitrio e dor, muitas mães tomam a decisão com os bebês ainda na barriga.

A enfermeira Rosemeire Cardoso Pinto, de 38 anos, é uma das várias profissionais que levam a facilidade até a residência. A prestação de serviço é conforto garantido para mães no puerpério. “No aconchego do lar, ainda mais depois de um parto e até com suporte que às vezes a mãe está com o pai presente ela se sente mais segura”, frisa.

Enfermeira Rose com uma das babys. (Foto: Furto de Orelha)
Enfermeira Rose com uma das babys. (Foto: Furto de Orelha)

Ela explica que, de acordo com as Portarias da Anvisa, o procedimento deve ser feito com a pistola pela questão de esterilização, porém quando é feito com brinco estéreo também não oferece risco para criança já que é feita a limpeza do local que vai ser perfurado.

“Todo o material que utilizo fica na casa da cliente, é descartável. É dada toda a orientação para a mãe cuidar depois do furo. A mãe não tem nenhuma preocupação a não ser seguir as orientações e cuidados depois do furo”, afirma.

Há um local específico nos lóbulos da orelha e a enfermeira garante que às vezes é chamada para consertar alguns furos que fazem por aí.

“Tem o lugar certo por causa dos meridianos, casa contrário há risco de lesionar. É medicina tradicional chinesa: Auriculoterapia. Inclusive, tem que ser respeitado a anatomia. De vez em sempre eu vou " consertar" uns furos, mas respeito todos os pontos de vista, afinal o corpo não é da mãe. Mas existem muitas mães também que acham bonito para criança de brinco e querem furar é para isso que o meu serviço existe. Cada mãe sabe o que é melhor para o seu filho”, finaliza.

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