ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, TERÇA  20    CAMPO GRANDE 29º

Comportamento

Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica

Apaixonada pelo animal, ela escreveu um livro que fez gente procurar o bichinho nos galhos da árvore

Por Natália Olliver | 20/05/2025 07:55
Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
Vera Tylde criou lenda há 14 anos que faz pessoas questionarem se coruja existe ou não (Foto: Osmar Veiga)

A dúvida que paira há anos sobre a mangueira de uma casa histórica da Capital atrai pessoas interessadas em descobrir ou avistar a coruja famosa que caiu no gosto das crianças e adultos em um livro de fábulas infantis. Com olhar de quem carrega muita história, Vera Tylde de Castro Pinto, de 85 anos, senta para contar um segredo. Afinal, a coruja existiu de fato entre as folhas da árvore?

Desde que foi publicado, em 2011, não faltaram visitas ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, que fica ali na Avenida Calógeras. Conhecida apenas como Vera Tylde, a advogada de formação que depois se fez escritora guarda uma paixão pelas corujas que carrega desde sempre.

O gosto pelo animal é tão forte que ela nunca perdeu uma de vista. Isso rendeu uma das fábulas mais conhecidas narradas por ela: A Coruja Internauta. No conto, ela retrata a história de uma coruja que sai de Bela Vista rumo à Capital. Ela viaja no bagageiro de um ônibus até chegar à Esplanada Ferroviária e encontrar na mangueira, plantada na parte da frente do prédio, e fazer dela o novo lar.

Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
Mangueira está na casa histórica há anos e funcionários falam que a coruja ficava nos galhos (Foto: Osmar Veiga)

Já escrevi mais de 10 livros. Depois de impresso e distribuído, ele tem vida própria, não sabemos onde vão parar. De 2011 para cá, quanto tempo tem, quantas escolas já fui? São  anos e o livro sempre ganha novos olhares”, comenta.

Aos leitores que pretendem ler a fábula, fiquem cientes que a partir daqui o texto contém spoiler! A coruja que ela tanto descreve e que virou personagem não existiu no Instituto. Apesar de ser ficcional, Vera ri com o alcance que a escrita tomou ao longo dos anos. A dúvida sobre a existência dela era tanta que os próprios funcionários do Instituto se asseguravam de que ela ficava na mangueira.

“Todo mundo achou o máximo falar dela. No final do livro, eu convido as pessoas que não perderam a alma de infância a procurar, e quem sabe avistar, a coruja que mora aqui. Eu via as pessoas entrando e procurando a casa da coruja. Ela ficou famosa”, acrescenta, brincando.

Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
Uma das corujas retratadas na fábula sul-mato-grossense de Vera Tylde (Foto: Osmar Veiga)

Vera conta que nunca teve a pretensão de ser escritora, mas que a coisa foi acontecendo e ela aceitou bem.

“Minha entrada na literatura não foi planejada. As fábulas eu fiz pensando mais nos adolescentes, mas quem gostou mesmo foram os adultos. Tenho os originais e estou descartando, porque, quando eu morrer, vai tudo para o lixo. Acho que os livros cumpriram a missão. Para alguns, a coruja é símbolo da inteligência, para outros, mau agouro. Para mim, elas são sorte.”

As corujas sempre estiveram ao alcance dos olhos da escritora, no sítio da família em Bela Vista e nas ruas. O estopim para o livro chamado Fábulas sul-mato-grossenses nasceu com a história de uma rã e essa sim existiu.

Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
'Fábulas sul-mato-grossenses' contém história de coruja internauta que manda e-mails (Foto: Osmar Veiga)

“Tudo começou com uma história para contar para minha sobrinha. Ela vinha do Rio de Janeiro passar as férias aqui com os avós e foi no banheiro de noite, viu uma rã no ladrilho. Naquele tempo, não tinha televisão e eu e minha irmã começamos a inventar uma história para ela ficar calma. Aí surgiu a Maria Rosa. O lagarto também existiu, porque passeava no quintal. O vaga-lume é ficcional também.”

O conjunto de fábulas é composto pelas histórias dos quatro personagens. Vera explica que, no caso da coruja, chamada Mayza, da espécie das buraqueiras, o bicho aprendeu a digitar e o livro são os e-mails que ela mandava para Vera.

“Ela tem um projeto na área agropastoril de substituir os agrotóxicos pelo trabalho das caburé, as corujas que podem fazer o trabalho sem custo. Ela me escreve, começa a se inteirar das pessoas que vivem aqui no Instituto e usa o computador. Ela quer a minha ajuda para publicar o projeto. No último e-mail, ela se despede de mim, encontra um fazendeiro que aceita a proposta.”

Vera se inspirou, inconscientemente, no avô que era poeta e na saudade de casa para criar anos depois. Na infância, os pais mandavam ela para o Rio de Janeiro, onde se saía bem nas aulas de redação. O gosto pela leitura logo ficou mais forte e o vocabulário foi se ampliando. Vera conta que ali, sem saber, foi o começo de tudo.

Há 14 anos, Vera conta lenda da coruja em árvore de casa histórica
Vera Tylde já lançou 10 livros entre fábulas, contos e homenagens encomendadas (Foto: Osmar Veiga)

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias